Mourinho: «Às vezes para se ganhar o campeonato, tem de se jogar para o ponto»

Mourinho orienta jogo com Dedic em campo no Estádio do Dragão
• Foto: Tony Dias / Movephoto

As declarações de José Mourinho após o no Estádio do Dragão.

Como se construiu este resultado?

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"Construiu-se com muito respeito de parte a parte, uma equipa que chega num momento a ganhar tudo e a jogar bem, com grande empatia com os seus e sem nenhum tipo de pressão relativamente à classificação porque sabia que sairia sempre daqui líder. Do outro lado, uma equipa que não vive o melhor momento, que tem acumulado e acumulado jogos de dificuldade elevada, ainda esta semana um jogo de Liga dos Campeões enquanto o Francesco teve a oportunidade para mudar a equipa toda e a pressão da diferença pontual. Era fundamental para nós tentar ganhar, mas era fundamental não perder este jogo. Respeitaram-nos e não arriscaram nada e nós a partir do momento em que sentimos que gente fresca estava a entrar, Mora, Rosario, William e Gul, gerimos o jogo para não o perder. O Benfica joga para ganhar, mas joga para ganhar o campeonato. Às vezes para se ganhar o campeonato, tem de se jogar para o ponto. Hoje era o dia em que se joga para ganhar, mas sabe-se que não se pode perder. Os jogadores tiveram um comportamento fantástico ao nível da organização, da concentração, ao nível do controlo emocional. Levámos um amarelo, não cometemos faltas, fomos rigorosos, fomos inteligentes. É um bom jogo de futebol sem o perfume do golo. Acho que ninguém é culpado disto, mas a responsabilidade é dos dois."

Sentiu a equipa a crescer

"A equipa cresce a diferentes níveis, em quatro dias jogar Chelsea e FC Porto fora. Um é o campeão do Mundo, outro é o líder incontestado do campeonato. Dois estádios difíceis, duas equipas com muito jogador com motor, tudo gente rápida, tudo gente intensa que dá ritmo elevado. Nós somos um perfil diferente. A mim deu-me prazer decifrar o FC Porto, analisar o FC Porto enquanto adversário. É uma boa equipa com um bom treinador, com boa organização, com boas dinâmicas. Uma equipa que deve ter utilizado todos os minutinhos da pré-época para trabalhar a todos os níveis. É uma boa equipa que está no topo do seu potencial. Nós temos muito a melhorar. Para nós, sair daqui hoje a 4 pontos do FC Porto e a 1 ponto do Sporting, tendo dois jogos com o Sporting para fazer, tendo o FC Porto na nossa casa e depois, nós e eles, tantos jogos difíceis pela frente, acho que nos pusemos numa boa situação. Era muito importante para nós, até do ponto de vista emocional, os jogadores mereciam qualquer coisa. Ninguém está a festejar no balneário, ninguém está extra feliz, estão mais contentes com o que fizeram do que propriamente com o resultado. Só se for um empate numa competição europeia que nos dê alguma passagem."

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Como foi o trabalho?

"Trabalhámos bem ontem, trabalhámos bem na sexta-feira e eu tinha a dúvida entre jogar com o Aursnes naquela posição, numa situação mais individual do que o Varela, mas conheço bem os dois centrais do FC Porto. Um jogou em Inglaterra quando estava em Itália, outro em Inglaterra. Achámos que era melhor zonalmente com dois matar três e ficámos com um jogador extra nesta linha de controlo posicional. Saiu bem. Fomos fortes no controlo da profundidade, o Rios e o Enzo fizeram um excelente jogo no controlo do Froholdt que hoje praticamente não se viu, por culpa nossa. É a mesma coisa com o Gabri Veiga, que não criava nunca situações de perigo junto da nossa área. Os jogadores tiveram mérito neste tipo de controlo."

"Acho que o Benfica tem as suas características, como dizia o FC Porto tem jogadores com motor de muitos cavalos, com grande capacidade de explosão, nós não temos esse tipo de jogador, esse tipo de capacidade. Tínhamos de controlar o jogo de outro modo e não deixar o jogo partir. Neste momento da equipa, em que ainda há gente que ainda sofre um bocadinho com pouca confiança e sem dizer nomes, vim encontrar três, quatro, cinco jogadores em crise de autoestima. Uma coisa é precisares de concentração para trabalho tático importante. Outra coisa é precisar de inspiração para qualquer coisa mais do que isso. Disse aos jogadores que eu próprio no banco senti o que sentiram em campo. Nós queremos ganhar, mas não podemos perder e quando se está num jogo com este tipo de pressão não é fácil. Não é fácil de gerir, de pensar, de tomar decisões. O FC Porto não tinha essa pressão e, mesmo não tendo, não correram risco. Só podiam ir de quatro para sete ou de quatro para um, nós podíamos ir para sete negativos. É um handicap do ponto de vista emocional. Eu, como treinador, cumpri hoje o meu jogo 1.200. Mesmo um treinador com 1200 jogos, estar a jogar e a analisar o jogo, mas aqui atrás está que se perdes vais a 7. Isto hoje para nós era uma limitação. Não é o resultado que queríamos, mas o facto de estarmos a quatro pontos do FC Porto e a um do Sporting é boa situação para nós. [Na Taça] Podia ter-nos tocado o Sintrense, o Águias da Musgueira e calhou-nos o Chaves, antes de irmos a Newcastle."

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"Era jogo para jogar zonalmente. Pode defender-se ao homem, zonal, ao homem corres mais riscos. Corres riscos de duelos, corres riscos de cartões. Zonalmente, conseguimos com dois matar três. O Trubin não tocou na bola."

Receção dos adeptos do FC Porto

"A história não muda, a minha gratidão ao FC Porto também não se altera. Não sei se a gratidão deles para comigo se altera ou não, mas a minha não se altera. Tive um jogo absolutamente tranquilo, focado no meu trabalho, focado em tentar ajudar a minha equipa. Já tinha jogado aqui com o Chelsea. Não posso dizer que durante o jogo tive algum sentimento especial. Aquilo que o presidente disse antes do jogo é normal e concordei imediatamente, que devia ser recebido como treinador do Benfica. Foi o que aconteceu. Depois do jogo, encontrei-o no corredor e, como amigos, um abraço e a vida continua."

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Quando se vai ao Marquês não se recorda nada, só o Marquês. O nosso objetivo é o Marquês. Não nego que em condições normais, em vez de estar a quatro pontos, de estar em igualdade ou ter um ponto a mais, não nego que teríamos uma abordagem diferente. Também falámos ao intervalo que podia ser que o FC Porto se quisesse desmontar, não se desmontaram nunca. O Francesco também foi pragmático. O Francesco também dirá que não puderam ir a sete. Eles também não desmontaram nada. Se analisarem a coisa na perspetiva de pragmatismo contra pragmatismo, organização contra organização, estou de acordo. Se forem para o outro lado e que uma equipa tentou ganhar, a outra não, já não estou de acordo"

Por Pedro Morais
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