Sobre as acusações de Vieira: «Por que razão me teve lá 13 anos? Ele que responda...»
Vieira disse que Rui Costa recebia mais de 200 mil euros por ano para não fazer nada...
"Era... Mas por que razão me teve lá 13 anos? Ele que responda. Só duas notas: já o disse anteriormente que não vou, de maneira nenhuma, entrar em duelos individuais. Sou presidente, não sou só candidato, e tenho essa responsabilidade. Não é isso que os benfiquistas querem. Venho aqui falar do futuro do Benfica, para justificar o que foi o passado, para falar do que serão os próximos quatro anos. E não para entrar em disputas individuais. Tenho alguma mágoa em ouvir algumas coisas. Podia responder de muita forma? Também, podia sim. Mas não vou entrar em disputas e duelos individuais".
Está magoado com Luís Filipe Vieira?
"Nem sequer vou por aí, por esse caminho. Tenho alguma mágoa nalgumas coisas que oiço, mas não fica bem a um presidente do Benfica entrar numa situação destas. Há que lembrar que sou presidente do Benfica. E por outro lado, não faz parte da minha personalidade estar a entrar em duelos individuais, em situações de lavar roupa suja. Não é isso que os benfiquistas querem ouvir neste momento".
Na forma como assuma a presidência quando Luís Filipe Vieira é suspenso...
"E o Benfica ficava sem presidente naquele dia? Só esclarecer o discurso daquele dia porque não quero entrar em disputas individuais. O discurso daquele dia, naquele momento, era para mostrar que o Benfica tinha um novo presidente dali para a frente, face a tudo o que se estava a passar. No dia em que me apresento enquanto presidente, ainda interino, o Benfica está a segundos ou minutos de falhar um empréstimo obrigacionista. A minutos de não se inscrever na UEFA por tudo o que se estava a passar. E aquele discurso implica um novo presidente para o Benfica. Não é uma falta de respeito para com Vieira, uma ingratidão, nem uma situação de não me lembrar que o anterior presidente se chamava Luís Filipe Vieira. Mas sim, dar a entender e a mostrar a todo o futebol português, aos benfiquistas sobretudo e às entidades que eram implicadas ali, que o Benfica estava com um presidente novo. Em nenhuma circunstância houve ingratidão. Aquele discurso não era para isso, era só para mostrar que o Benfica naquele momento estava com um novo presidente".
Nunca ficou claro que relação Luís Filipe Vieira e Rui Costa tinham. Era o braço-direito dele?
"Nunca foi essa a imagem passada, porque até ele disse quem eram os braços-direitos. A primeira função do Rui Costa era servir o Benfica, como sempre o fez. A segunda função era desempenhar as funções que lhe foram atribuídas. Se os dois primeiros anos fiz de diretor-desportivo e diretor da formação, e foi onde comecei a trabalhar com Bruno Lage, a partir desse ano passo a ter uma função de acompanhamento à equipa e aos treinadores no seu dia-a-dia e no terreno".
Mas a fazer o quê especificamente?
"Administrador para o futebol, estando perto dos jogadores, da equipa, dos diretores-gerais. Primeiro o Lourenço Coelho, depois o Tiago... Era a minha função acompanhar a equipa no dia-a-dia. Não vou estar a dizer o que transmitia sobre o treinador A, B, C ou D ou sobre o jogador A, B, C ou D, e qual era a minha opinião. Participava nas reuniões de construção de plantel, mas não era o decisor. Era administrador para o futebol. Nessas reuniões? Pode chamar-se de consultor, opinava sobre o que entendia que estava bem e mal e alertava para a situação para depois serem tomadas decisões. Outra coisa que fazia também, obviamente, era dar uma opinião sobre transferências dos jogadores, mas nunca fui um decisor nessa parte. A minha parte era muito desportiva, muito dentro do trabalho da equipa e até do aconselhamento de treinadores e jogadores. O não fazer nada é um bocadinho até ofensivo, mas vale o que vale. Cumpria as funções que me eram destinadas. Até lhe posso dizer que quando o Tiago [Pinto] sai para a Roma a meio da época e o Benfica não contrata um diretor-geral até final da temporada, sou eu que assumo esse papel até Vieira escolher um outro diretor-geral. Tudo aquilo que era funções que pudesse desempenhar e que me fossem atribuídas, elas foram cumpridas".
Ao longo desses 13 anos, as deciões políticas e estratégias não passaram por si?
"Não era o meu cargo".
E nunca soube de algo que lhe tivesse causado desconfiança? Já disse que, desde que é presidente, a credibilidade foi resolvida...
"E é um facto. Vamos lá ver uma coisa: não sou eu que digo isso. Isso é um facto. O Benfica estava mergulhado na lama. Tínhamos o Ministério Público e a Polícia Judiciária todos os dias dentro da casa. E nestes quatro anos não tivemos esse problema".