«O calendário do Benfica é um absurdo, é um calendário terrível»

O próximo jogo será em Turim com a Juventus, uma equipa que o mister conhece e com a qual lidou muitas vezes. Será bonito ir jogar em casa da Juventus?

"Eu acho que a Juventus já passou praticamente - disseram-me que ganhou e tem nove pontos. A sua situação é obviamente mais fácil do que a nossa. Nós precisamos, não sei, acho que três pontos não chegam, pelo menos quatro. A situação é difícil para nós. O calendário do Benfica é um absurdo, é um calendário terrível, mas estamos vivos. Vamos ver o que acontece. Mas em Turim será naturalmente muito difícil, porque é outra equipa muito dura."

Termina a conferência de imprensa

Mourinho e a conversa com McTominay: «Estava triste porque perdeu»

Uma curiosidade: se o Scott McTominay esta noite tivesse sido um jogador seu, considerando o afeto que sente por ele, o que é que lhe diria? O que é que lhe teria dito?

"Estava demasiado cansado física e mentalmente. Estava triste porque perdeu. É a natureza dos jogadores habituados a ganhar, vencedores. Foi feliz conversar comigo, sentiu-se feliz, mas estava triste por ter perdido. Eu e ele falamos muito frequentemente."

«Não é fácil ser jogador do Benfica, e ainda é menos fácil no momento atual em que é muito fácil bater no Benfica»

Continuando aqui no plano das individualidades, como é que se explica a evolução do Ríos e do Barreiro que hoje voltaram a aparecer em zonas de decisão num jogo grande?

"Eu acho que é a personalidade deles. Não é fácil ser jogador do Benfica, e ainda é menos fácil no momento atual em que é muito fácil bater no Benfica. Eles levaram muita paulada e demonstraram uma capacidade mental de lidar com muita crítica, com muito comentário ofensivo. Isto aqui é o ponto fulcral e é o mérito deles. Depois, é o conhecimento que nós cada vez mais temos uns dos outros. O Rios é um jogador que precisa de ter um raio de ação muito grande. Limitar o raio de ação ao Rios é retirar-lhe uma das suas forças. Aquilo que nós temos que dizer é: quando o Rios vai para aqui, alguém tem que fazer isto. Aquela conexão que nós temos neste momento entre Rios, Aursnes e Barreiro está-nos a dar esse equilíbrio e ao mesmo tempo permitindo ao Rios de ser um grande jogador, porque ele é um grande jogador."

«O posicionamento do Barrenechea criava-lhes um problema porque eles têm só dois médios»

Qual é que foi a importância individual e coletiva, por um lado, do Barrenechea lateralizar à esquerda e conseguir ver o jogo de frente sozinho, e depois num segundo momento, o Aursnes que conseguiu fazer movimentos a toda a largura?

"Tu percebes da coisa, parabéns. Aquele posicionamento do Barrenechea criava-lhes um problema porque eles têm só dois médios. Quando o Enzo abre naquela posição, ou não pressionam e ele recebe a bola sozinho e de frente, ou salta um médio e ainda abre mais espaços por dentro, ou tem que saltar um jogador tipo Neres, que não é um rapaz cujas qualidades mais fortes são a ocupação de espaços defensivos. Aquela movimentação do Enzo naquela posição é chave no nosso jogo com bola."

Mourinho e a prenda de McTominay: «Fui eu que deixei o Pogba em casa para metê-lo lá dentro. Era o mínimo»

Hoje teve duas escolhas diferentes no onze: Ivanovic e Tomás Araújo. Como é que avalia a prestação dos dois jogadores que acabou por surpreender os adeptos que esperavam António Silva e também Pavlidis? Já agora também reparei que entrou com um saco no interior da sala e era só para perceber se é uma prenda que tem para dar algum jornalista e também qual é a prenda que quer dar aos adeptos do Benfica nesta melhor fase...

"Este saco é meu. É a camisola do McTominay. Fui eu que a meti lá dentro. Fui eu que deixei o Pogba em casa para metê-lo lá dentro. O mínimo que podia fazer era dar-me a camisola. São escolhas que têm muito pensamento por trás, que têm muita análise. Pensamos que, contra um jogador que dá profundidade, que é rapidíssimo, que é potentíssimo, que devia estar em campo o nosso jogador mais rápido, que é o Tomás [Araújo]. E, por outro lado, contra uma equipa que quer defender ao homem e que quer apertar os jogadores do meio-campo, em vez de ter um jogador tão técnico como o Pavlidis, era melhor termos um jogador que procurasse a profundidade e que procurasse descompactar uma equipa que é muito compacta. Hoje, eles [os jogadores] foram os responsáveis por eu ter decidido bem, porque acho que são duas boas performances individuais que criaram uma diferenciação."

«Acho que estamos a esconder muito bem as nossas limitações»

Já disse que está contente com o jogo de hoje e também com o último jogo frente ao Sporting. Mas pegando nas suas sensações de hoje, sai daqui do Estádio da Luz com a sensação de que a equipa já está no ponto que pretende ou ainda longe daquilo que ambiciona?

"Longe, longe. A equipa melhora pouco a pouco, esconde deficiências, esconde limitações, encontra novas soluções, começa a saber interpretar diferentes adversários. Hoje soube compactar, soube pressionar alto, soube baixar linhas, soube defender com uma linha de cinco nos últimos 10 minutos. A equipa começa a ter cultura tática e começa a ser equipa, mas obviamente que estamos longe daquilo que eu gostaria. Mas, quem nós somos neste momento, o grupo que somos, os jogadores que somos, acho que estamos a esconder muito bem as nossas limitações e a desenvolver muito bem as nossas qualidades."

«O segundo golo, se em vez de sermos nós tivesse sido uma equipa com uma camisola de cor diferente...»

Gostava de recordar uma expressão que o Mister Jorge Jesus utilizava muitas vezes, que era a "nota artística", para lhe perguntar se esta exibição do Benfica teve nota artística no seu entender, e se foi a melhor do Benfica desde que José Mourinho chegou...

"Eu não sou pessoa indicada para falar de notas artísticas e de grandes análises. Recordo-me de uma [crítica] que me mandaram que era qualquer coisa como "a construção do Benfica é bola na frente do Otamendi e mais não faz". Melhorámos qualquer coisinha, não? Já jogamos qualquer coisinha. O segundo golo, se em vez de sermos nós tivesse sido uma equipa com uma camisola de cor diferente, teria sido uma nota artística elevadíssima. Nota artística é para vocês, não é para mim. Eu estou contente com a vitória, com a performance individual, com a performance coletiva. O objetivo nesta parte final do ano a jogar na Champions era continuar vivo para os próximos dois jogos, e lá estaremos."

«Somos um perfil de equipa humilde que leva paulada de tudo quanto é lado»

Os mais novos que estiveram aqui a ver este jogo cresceram a ouvir os feitos de José Mourinho nas competições europeias, e sabe-se que o sonho dos benfiquistas é voltar a conseguir um título europeu. Há muita gente que diz que para conseguir isso só mesmo com José Mourinho. Isto não é uma pressão demasiada também para si?

"Não, porque é irrealista, é uma pressão irrealista. A ambição dos benfiquistas é a mesma ambição que eu tenho. Eu ponho sempre os desafios mais altos, mas num momento como este em que estamos fora (da Champions), você está a falar em ganhar a Champions... mas estamos fora. Imagina a coisa. Mas estou contente com o jogo. Estou contente com o jogo do Sporting, com a maneira como a equipa vai crescendo, como a equipa vai escondendo as suas limitações, porque as tem. Somos um perfil de equipa humilde que leva paulada de tudo quanto é lado, mas continua tranquilamente a sua caminhada. Há 15 dias estávamos mortos na Champions e agora estamos vivos, na luta pela sobrevivência. Agora, interrompemos, focamo-nos nas competições internas, e esqueçamos a Champions agora."

«O Benfica hoje foi efetivamente muito melhor»

Hoje, o Benfica entra bem nas duas partes e na primeira faz imediatamente golo. Foi um dos trabalhos que preparou ao longo da semana a forma como queria rapidamente anular a pressão do Nápoles?

"O trabalho foi muito igual àquilo que fizemos contra o Sporting em termos de preparação. Nós definimos princípios para diferentes momentos do jogo. Contra o Sporting, cometemos um erro inicial que nos custou o golo e isso trouxe um período de intranquilidade. Hoje, a coisa foi diferente. Acho que eles foram muito fortes do primeiro ao último minuto, contra uma equipa muito forte. Não são só campeões de Itália, são bicampeões nos últimos três anos. Só que o Benfica hoje foi efetivamente muito melhor."