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23 setembro

Rio Ave

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A teoria do desempate

Pela quarta vez na história, FC Porto e Benfica encontram-se à frente do campeonato e em igualdade pontual. O regulamento da Liga prevê um desempate “sui generis” se comparado com o do resto da Europa e do Mundo

Alta competitividade. Nunca uma expressão desceu tão baixo! A nossa liga não é de primeira e muito menos Super, um pomposo prefixo que chegou ao nosso país em 2003. Vale o nosso sistema de desempate para dar mais luta...

Há verdades indesmentíveis e esta é uma delas: este campeonato está nivelado, sim, mas por baixo. Todos os intervenientes do (salvo seja) espectáculo negam mas quem está de fora nota de imediato. Senão veja-se, o “grande” perdeu uma força incrível (saíram o engenhoso Mourinho, o vaivém Paulo Ferreira, o esfíngico Ricardo Carvalho e o mágico Deco) e quem fica a ganhar são as restantes 17 equipas. Mesmo estas têm uma capacidade incrível para se autodestruir. Que o digam Benfica e Sporting, que raramente ganham dois jogos seguidos. Três então nem se fala (mas escreve-se). E quatro... só o FC Porto, em Outubro. Bons tempos, dirão os dragões mais saudosistas, que, entretanto, já se sagraram campeões do Mundo. De Portugal, é que está mais difícil que nos dois anos anteriores. É a tal alta competitividade...

Que tem os seus trunfos. Como era possível imaginar que um FC Porto-Benfica da segunda volta decidisse o primeiro lugar das citadas equipas? Há muito que isso não acontecia (1991-92, o tal do César Brito). E vá lá saber-se o que se passará num Sporting-FC Porto (20 de Março) ou num Benfica-Sporting (penúltima jornada). A emoção está presente e o Dragão vai assistir apenas ao primeiro capítulo e espera-se uma arbitragem limpa, um vencedor justo, “fair play”... Oops!Recuemos: a emoção está presente e o Dragão vai assistir apenas ao primeiro capítulo.

OS SETE DESEMPATES NA LIGA

1937-38. Benfica e FC Porto acabam o campeonato com 23 pontos, mas os encarnados fazem valer a sua vantagem no confronto directo (3-1 nas Amoreiras e 2-2 no Lima num jogo com 20 mil pessoas e que motivou um protesto inexplicável dos dragões contra essa regra) para somar mais um título.

1947-48. Sporting e Benfica discutem o título até ao fim e quem resolve é... Peyroteo. O avançado leonino marca quatro golos (4-1) no Campo Grande, “casa” dos encarnados, no jogo da segunda volta, que faz esquecer a derrota dos leões na ida (1-3). A vantagem nos golos do confronto directo (5-4) dá o campeonato nacional ao Sporting.

1954-55. Possibilidade do segundo título nacional para o Belenenses, mas há um leão (João Martins) que o impede, com um golo a quatro minutos do fim nas Salésias na 26.ª e última jornada. Os azuis só empatam 2-2 e o Benfica é quem garante o primeiro lugar, mercê da vantagem no confronto directo (2-1 nas Salésias e 0-0 na Luz).

1955-56. Com a igualdade pontual entre FC Porto e Benfica, a forma de desempate foi o confronto directo e, nesse aspecto, os dragões levaram a melhor (3-0 nas Antas e 1-1 na Luz).

1957-58. Com a questão do título decidida entre Sporting e FC Porto, ganham os leões no confronto directo: 3-0 em Alvalade e 1-2 nas Antas.

1958-59. O Benfica apanha o FC Porto no topo mas isso não chega para o título. Embora haja empate no confronto directo (0-0 nas Antas e 1-1 na Luz), a diferença de golos é a segunda regra do desempate. O FC Porto vence por um golo. É o campeonato do pirolito.

1977-78. Novamente, FC Porto e Benfica na liça. Quando a liga acaba, há empate no confronto directo (0-0 na Luz e 1-1 nas Antas). Os azuis recebem as faixas com 15 golos de avanço.

Cantos decidem a Taça de Honra

A imaginação faz parte do futebol. Dentro do campo e fora dele também. Foi o que aconteceu na Taça de Honra, troféu português conceituado, habitualmente disputado no final da época – embora os últimos registos da referida prova provem o contrário, que servisse de arranque para a temporada desportiva.

Nesses tempos idos (anos 50 e 60), a Taça de Honra tinha um curioso sistema de desempate: cantos. Quem tivesse mais cantos, prova irrefutável de domínio durante os 90 minutos, passava.

Como o leitor pode depreender, esse sistema sobreviveu pouquíssimos anos. Mas, em boa verdade, os “penalties” também não são a solução mais aprazível. Após 120 minutos de jogo, poucos são os jogadores que têm discernimento para enfrentar um duro teste psicológico de enfrentar um guarda-redes a saltar em cima da linha de golo e um público ruidoso ou calado (salvo Stallone na Fuga para a Vitória, claro está!). Melhor mesmo só o exemplo italiano e argentino: finalíssima.

Holanda-Irlanda no sorteio do Mundial’90

Itália, 1990. Mais uma edição do Campeonato do Mundo, com um desempate original para definir o segundo e o terceiro lugares do Grupo F entre Holanda e Irlanda, visto que a Inglaterra segurou o primeiro e o Egipto do saudoso “aveirense” Abdel-Ghany terminara em quarto e último.

Empatados em golos (2-2) e confronto directo (3 pontos, devido a três empates), holandeses e irlandeses não sabiam quem iam defrontar nos oitavos de final. Posto isto, a FIFA não teve outra alternativa senão abrir a sala do sorteio para colocar a bola azul e vermelha. O brinde foi para os irlandeses, que ficaram em segundo e jogaram com a pouca credenciada Roménia – e ganharam nos “penalties”.

A fava calhou à Holanda, que teve de medir forças com a poderosa RFA. Com isto, perdeu-se uma amizade, pois Rudi Völler chamou de preto nojento a Rijkaard e este respondeu com uma valente cuspidela.

Moeda ao ar golos fora e “penalties”

A UEFA já avançou bastante desde o início das competições europeias, em 1955. Na época 1967-68, por exemplo, a regra dos golos fora foi posta em prática e o Benfica foi o primeiro beneficiado, frente ao Glentoran, na primeira ronda daquela prova que só reunia os campeões de todos os países e que, por isso mesmo, chamava-se Taça dos Clubes Campeões Europeus.

Em Belfast, o Benfica empatou 1-1, com golo de Eusébio, enquanto na Luz registou-se um nulo. Mas os encarnados também têm más recordações de certos desempates, como os da moeda ao ar em Novembro de 1970. O Celtic saiu airoso dessa engenhosa competição! E em pleno Estádio da Luz.

Talvez por isso, em 70-71 (sete meses volvidos, portanto), o Everton fosse o primeiro clube a tirar partido do desempate nas grandes penalidades, frente ao Borussia M’Gladbach.

A inovação dos cartões

Em 2002, os “cartolas” do Brasil tiveram uma decisão “genial”: no Torneio Rio-São Paulo, os cartões amarelos/vermelhos serviam de desempate nas meias-finais e finais. O pior é que os clubes concordaram! Nas “meias”, um caso irrepetível, com empate entre São Paulo e Palmeiras (1-1 e 2-2).

Qual golos fora ou “penalties”, o tricolor qualificou-se para a final porque viu, nos dois encontros, menos amarelos que o rival. O resultado era um espectáculo nas bancadas, pois cada adepto comemorava um cartão como de um golo se tratasse, mas não diminuiu o ímpeto dos jogadores dentro de campo. Na final, sete cartões.

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