A história do Benfica alberga muitos guarda-redes de grande valia que fizeram história a nível nacional e também internacional. Bastos foi o primeiro a ganhar um troféu continental pelos encarnados, ao arrebatar a Taça da Latina, antecessora da Taça dos Campeões Europeus (TCE), em 1949/50. Costa Pereira é o único guarda-redes português bicampeão europeu até hoje, tendo ajudado o clube a alcançar a glória na TCE em 1961 e 1962. Já Manuel Galrinho Bento, apesar do seu 1,73 metros, é uma lenda na Luz não só por ser o guardião com mais jogos com a camisola das águias - 465 - mas também pelas vezes e a forma como capitaneou a equipa. Em 1994, o Benfica apostou num experiente belga, de créditos firmados, que acabava de ser considerado o melhor guarda-redes do Mundial dos Estados Unidos: Michael "Saint" Preud'Homme. Todos são recordados pelos adeptos da águia mas nenhum deles conseguiu aquilo que o jovem Jan Oblak alcançou e em apenas uma época.
O esloveno vai deixar saudades na Luz... pelo menos a nível desportivo. Com apenas 20 anos, estreou-se na equipa principal beneficiando da lesão de Artur e desde então, não mais perdeu a confiança de Jorge Jesus até final da época, assumindo-se como titular. Ajudou o Benfica a vencer Taça da Liga, Taça de Portugal, campeonato e a chegar à final da Liga Europa, rendendo 16 milhões de euros aos cofres das águias. Mas mais que isso: Oblak é o guarda-redes com a média de golos sofridos por jogo mais baixa de sempre no Benfica, isto excluindo os defensores de redes com utilizações marginais como são os casos de Abrantes (2 jogos/0 golos sofridos), Porfírio (1/0), Dias Graça (1/0) e Yannick (1/0). O internacional esloveno, agora propriedade do Atlético Madrid, fez 26 encontros com a camisola principal das águias e consentiu seis golos, o que resulta numa espantosa média de 0,23 golos por jogo [ver tabela abaixo], a que se junta o facto relevante de Oblak ter dito adeus sem nunca ter perdido um jogo em campo pelo Benfica. Foi ainda o primeiro guarda-redes estrangeiro a ser campeão nacional pelo clube, a par de Artur, afirmando-se na baliza encarnada após quatro empréstimos consecutivos, a saber, Beira-Mar, Olhanense, União de Leiria e Rio Ave.
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Por comparação a outros, podemos perceber que, por exemplo, Bento tem 0,66 golos por jogo nas 20 temporadas que ocupou o balneário da Luz. José Henrique ou "Zé Gato", outro dos guarda-redes míticos do universo encarnado, acabou a carreira no Benfica com média de 0,72 golos consentidos por encontro nos 297 jogos realizados. Num tempo em que o futebol de ataque predominava, Costa Pereira findou o trajeto nas águias com 357 golos sofridos em 358 partidas, o que significa uma média de 0,997 golos por jogo. Todos eles apresentam números distantes do esloveno no que toca à proporção dos jogos disputados e a quantidade de vezes que a bola fez balançar a rede encarnada.
Mais que um golo
No defeso de 2010/11, o Benfica deixa sair o guarda-redes que havia sido o titular na conquista do campeonato da temporada transata. Quim acaba o contrato e ruma ao Sporting de Braga, emblema em que se havia formado e que havia representado por 11 épocas enquanto profissional. As águias viram-se para um "portero" espanhol e a escolha recai em Roberto, o mais caro guarda-redes da história do Benfica: 8,5 milhões de euros transacionados para os cofres do Atlético de Madrid. Contudo, a aposta monetária não correspondeu em campo e o espanhol haveria de sair pela porta pequena, sem brilhar dentro das quatro linhas. Roberto rubrica 41 encontros de águia ao peito nos quais sofreu 45 golos, o que dá uma média de 1,1 golos consentidos por partida, a mais alta desde que Carlos Bossio abandonou a Luz em 2004, com 1,22 golos sofridos de média.
Pouco antes, haveria sido o jovem Robert Enke a ultrapassar a barreira psicológica do golo sofrido por encontro, entre 1999 e 2002. O alemão deixou saudades no terceiro anel mas nem por isso deixará de ficar ligado a uma das fases mais negras da história do clube, como são os casos das temporadas 2000/01 e 2001/02, em que os encarnados ficaram no 4.º e 6.º lugar, respetivamente, falhando consequentemente as competições europeias da época seguinte, algo inédito na história do clube.
Orlando e Sebastião são os guardiões com pior média neste pecúlio, tendo por base as temporadas que decorreram desde o arranque do campeonato nacional de futebol, levando sempre em conta os jogos realizados em todas as competições. O primeiro mencionado, esteve ligado à goleada imposta pelo Estoril ao Benfica, por 6-3, à segunda jornada do campeonato nacional de 1946/47. Haveriam de ser os primeiros e únicos 90 minutos de Orlando pelos encarnados, numa temporada em que o conjunto que à época jogava no Campo Grande utilizou cinco guarda-redes diferentes: Manuel Joaquim, Rosa, Orlando, Martins e Pinto Machado.
Já Sebastião ainda alinhou por cinco vezes com a camisola das águias mas a sua utilização não ficou na memória dos benfiquistas. Em 1953/54, a dupla de treinadores que ocupou o banco do Benfica (José Valdivisieso e Ribeiro dos Reis) viu o guarda-redes português sofrer 15 golos, com uma média final de 3 encaixados por partida, um caso raro para um clube que sempre lutou pela conquista de troféus.
Tendência de campeão
O esloveno, formado no Olimpija Ljubljana, parece dar cara a uma tendência recente que se instalou na época seguinte a um campeonato conquistado pelo Benfica, a de que o guarda-redes mais utilizado deixa de ser opção principal. Em 1994/95, Neno vê-se relegado para o banco com a chegada de Preud'Homme, depois de ter sido titular quase absoluto no título de campeonato alcançado pelos homens de Toni meses antes. Em 2004/2005, Giovanni Trappatoni coloca um ponto final a jejum de 11 anos de campeonatos para o Benfica, acabando Quim a época a titular depois do arranque ter ficado a cargo de Moreira. O guardião formado no Sp. Braga foi campeão por duas vezes na Luz e sendo certo que após a primeira permaneceu como titular, ao cabo da segunda o caso não foi igual. Jesus preferiu não continuar com Quim e o guarda-redes deixou o clube a custo zero, como jogador livre.
Agora, a situação é diferente mas é já certo que o guarda-redes predominante do trajeto até ao título de campeão de 2013/14 não será o mesmo e Artur e Paulo Lopes perfilam-se para já como presumíveis sucessores à vaga deixada em aberto por Oblak, sabendo-se de antemão que os responsáveis encarnados estão no mercado à procura de um homem que dê confiança entre os postes.
Números
4 - O números de empréstimos que Oblak teve até se afirmar como guarda-redes principal da equipa encarnada.
1 - Nos 12 primeiros jogos, Oblak apenas sofreu um único golo. Aconteceu diante do Gil Vicente, a 1 de fevereiro, em partida a contar para a 17.ª jornada da Liga ZON Sagres que o Benfica haveria de empatar (1-1).
1981 - Os minutos jogados pelos esloveno com a camisola principal das águias.
Guarda-redes do Benfica desde a fundação do campeonato:
*) com contrato com o clube
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