Eusébio derrotou praticamente todos os adversários ao longo da sua carreira, passando quase sempre com distinção. Mas houve alguns que lhe deram água pela barba, nomeadamente as inúmeras lesões. O Pantera Negra foi operado sete vezes aos joelhos (seis ao esquerdo), num calvário que lhe trouxe muitas dificuldades, nomeadamente no final da sua carreira e também após pendurar as chuteiras.

Recuperações demasiado curtas – motivadas pela vontade de ajudar o Benfica em campo ou pela necessidade dos encarnados em contarem com a sua estrela, nomeadamente digressões de final de temporada, onde o cachet falava mais alto –, num tempo em que a Medicina Desportiva não dava respostas à altura, levaram à degradação física do Rei.

Precoce

A primeira operação teve lugar ainda antes de Eusébio completar 20 anos, em dezembro de 1961, apenas meio ano depois da sua chegada ao Benfica. Doze meses depois, nova cirurgia ao joelho esquerdo, tantas vezes massacrado por adversários e sujeito a várias infiltrações. O estado físico de Eusébio foi-se degradando, mas o assunto acabava por ser “abafado”, não só pelo martírio que o craque atravessava mas igualmente como forma de manter vivos os contratos para a realização dos tão lucrativos particulares.

O péssimo estado do joelho esquerdo de Eusébio foi testemunhado por muitos ex-colegas, que acompanharam de perto o sofrimento do Pantera Negra.

Médicos aconselharam mudança

A juntar às lesões que o debilitaram fisicamente,o estilo de vida de Eusébio acabou por levar a um desgaste rápido da sua saúde. O Pantera Negra vivia no risco e sofria bastante nos encontros que as equipas do seu coração disputavam: o Benfica e a Seleção Nacional. Motivos mais do que suficientes para que os médicos que acompanharam o Rei aconselhassem alterações drásticas ao estilo de vida, nomeadamente a proibição de assistir aos jogos dos encarnados e da equipa das quinas. Em 2007, o cirurgião Germano doCarmo sublinhou, após uma saída de Eusébio do hospital, a necessidade de alterar os seus hábitos, de forma a não agravar o risco de um AVC.

Eusébio, esse, prometeu que iria seguir os conselhos do médico, embora tenha deixado bem claro, na altura, que lhe iria custar muito, pois, afinal de contas, “quem é que não gosta de viver”. “Vou, com calma, ter de cumprir as recomendações dos médicos”, frisou.

Aparições

Nos últimos meses, as aparições públicas de Eusébio começaram a ser cada vez mais raras. O Pantera Negra ainda esteve na Eusébio Cup, em agosto, onde entregou o troféu aos vencedores do São Paulo. Contudo, desde então as suas presenças começaram a escassear. Em setembro ainda esteve no 103.º aniversário da AF Lisboa e numa festa que foi feita em sua homenagem na Luz.Em alguns eventos chegou mesmo a necessitar de uma cadeira de rodas para se deslocar, pois os problemas nos joelhos faziam-se sentir com mais frequência.