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20:30

25 outubro

Arouca

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Camacho: «Queremos contratar apenas mais um jogador»

A pouco menos de um mês do arranque da nova temporada o treinador espanhol assume a grande prioridade dos encarnados

Record - Estamos com pouco mais de uma semana de trabalho. Neste momento o que é que falta para ter o plantel e tudo o que pretende à sua disposição?

José Antonio Camacho - Não é tudo o que eu quero. É o plantel que há no Benfica e o que estamos a fazer é trabalhar para a equipa começar bem o campeonato e as restantes competições. Isso é a única coisa que queremos.

R - Mas ainda faltam alguns acertos no plantel, como a aquisição de um defesa-esquerdo e de um defesa- -central.

J.A.C. - O que temos são os que aqui estão. O resto não existe. O futebol mudou e só há algumas equipas que podem dizer que vão contratar este ou aquele. A minha mentalidade é que para contratar um jogador este tem que melhorar a equipa. Não vale a pena ter 28 jogadores para dar problemas. É melhor ter 23 e que não saia ninguém. O que eu quero são os onze melhores jogadores do mundo.

R - Já disse que o Benfica teve a possibilidade de contratar o Rui Costa mas essa situação nunca ficou muito bem explicada. Como é que tudo se passou?

J.A.C. - Disse e continuo a dizer que o Benfica tem possibilidades de contratar, pela sua grandeza e pela sua massa associativa, grandes jogadores que se pagam a si próprios. Mas se é sabido publicamente, não é a mesma coisa pagar uma verba ou pagar três vezes mais. Para os adeptos e para Portugal ter jogadores de relevância como Rui Costa seria importante. Essa é a minha ideia. Se o clube vender 20 mil lugares em média durante o ano com Rui Costa podia ir aos 50 mil. E existe ainda a questão da venda de camisolas que subiria em flecha.

R - Ainda há hipóteses de contratar um jogador desse calibre?

J.A.C. - Não, agora não há. Naquele momento havia possibilidades mas depois de ganhar a Liga dos Campeões e sair em todos os jornais já não existe. Com Ronaldinho Gaúcho foi a mesma coisa. Não podemos competir com o Manchester United ou o Barcelona, porque nós temos jogadores cedidos pelo Barcelona e não contratados a eles. Agora, podemos competir antes de sair publicamente nos jornais.

R - Fala-se muito da questão do defesa-esquerdo. O Gilberto é o jogador que pretende para este lugar?

J.A.C. - Não é o Gilberto, mas não vou dizer quem é o jogador que vem. Quando sai uma notícia sobre um jogador e é verdade perdemos o negócio ou sobem o preço e vem outra equipa que o contrata. Por isso não posso dizer quem é o jogador que quero. A prioridade é contratar mais um. Apenas mais um.

R - Mas esse jogador de que fala será um defesa-esquerdo?

J.A.C. - Não vou dizer quem é, pelas razões que referi atrás.

R - Considera que nesta fase ainda há jogadores acessíveis ao Benfica no mercado?

J.A.C. - Claro que há. Agora se podem vir é outra coisa. Mas ainda há jogadores interessantes por quem o Benfica pode lutar.

R - O guarda-redes deixou de ser uma prioridade?

J.A.C. - (interrompe) Veja uma coisa: Falou-se que havia sete jogadores do Benfica que tinham ofertas e até à data ainda não vi nenhuma. Eu quero um jogador e se não conseguir vou tentar outro. É esta a minha filosofia. Não nego que tentámos Rui Costa e o Ronaldinho Gaúcho, mas é passado.

R - Contratar Hierro é uma hipótese que está defintivamente colocada de parte?

J.A.C. - Sou amigo de Hierro e ligam isso a um eventual interesse do Benfica nele. O problema é se digo bem dele, dizem que o quero se digo que não quero estou a menosprezar Hierro. Por isso, o melhor é não dizer nada.

R - Mas faz falta mais um central, já que tem apenas três e quer quatro jogadores para essa posição.

J.A.C. - Vamos ver as opções que temos. O Cristiano pode fazer esse lugar, já que jogou sempre nessa posição que é o seu lugar de origem.

R - Estamos a um mês da pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Gostaria de ter esse jogador o mais breve possível?

J.A.C. - O que gostaria não sei. Como digo, tudo mudou no futebol. O Benfica está a pagar os erros de más gestões nos anos anteriores. Agora vamos tentar falar menos e cometer menos erros.

R - Como é que vê o facto de Júnior ter recusado a transferência para o Benfica por não querer negociar com um empresário?

J.A.C. - Isso de empresários é muito complicado. O que se passou foi que o Benfica não pôde pagar o contrato de Júnior. Não podemos. É simples.

R - FC Porto e Sporting estão a transferir alguns dos seus melhores jogadores enquanto o Benfica mantém a base do ano passado. Julga que é um trunfo importante?

J.A.C.- Era um objectivo ter uma base. O problema do Benfica tem sido também as constantes mudanças de jogadores em pouco tempo. Havendo muitas alterações é difícil criar uma identidade porque os adeptos têm umas exigências que os jogadores não conhecem porque estão há pouco tempo no clube. Agora mesmo há seis, sete jogadores que são internacionais e que vão ficar aqui na nova temporada.

R - Se tivesse perdido um desses jogadores não estaria no Benfica neste momento?

J.A.C. - Se tivesse perdido um desses jogadores teriam que vir três melhores. Não é problema perder um, se pagarem o que ele vale. Mas ninguém ofereceu nada. Por isso nem sequer equacionei perder um desses jogadores. Fala-se muito mas o futebol está numa crise financeira.

R - O seu processo de renovação arrastou-se durante muito tempo, tornando-se quase numa verdadeira “novela”. Foi assim tão difícil convencê-lo a ficar no Benfica?

J.A.C. - As pessoas estão equivocadas. Quando termina o meu contrato sou livre para escolher o meu futuro. Tenho a minha liberdade. Quando tenho contrato nunca digo que me vou embora, a menos que me despeçam.

R - Mas impôs certas condições para ficar.

J.A.C. - Esse é o problema. Diz-se que eu fiz exigências mas alguém vê as exigências na equipa? Não são exigências. É apenas saber o que as pessoas querem. Se o presidente disser que quer ser campeão do mundo então não vale a pena. Agora não é possível treinar em 18 campos diferentes. Se isto são exigências, então não sei.

R - Falava-se muito que um dia seria o substituto de Vicente del Bosque no Real Madrid. Sentiu que esteve perto de regressar ao seu clube do coração?

J.A.C. - O problema é que eu sou dono de mim. Não me interessa o que dizem. Quando gosto fico quando não gosto vou embora.

R -Mas reconhece que teve convites de outros clubes?

J.A.C. - Sim, tive. Na minha vida nunca houve problemas desses.

R - Os adeptos têm enorme expectativa em torno da sua pessoa. Vê-se como uma espécie de salvador da pátria?

J.A.C. - Eu não, de maneira nenhuma. Não venho para ser o salvador mas para ser o campeão do trabalho. Nos últimos anos o Benfica tem sido sempre candidato ao título, mas os outros é que têm aproveitado. Não podemos ser só candidatos, porque há outras equipas que também se reforçaram. Os adeptos têm que saber que depois destes anos o Benfica tem que baixar as expectativas, mas não em termos de trabalho. O Benfica tem que ser campeão, mas tem que lutar para isso. Ou pelo menos deixar uma linha de trabalho e isso não tem acontecido nos últimos anos. Quando cheguei aqui o jogador mais veterano tinha um ano e meio de clube. Estou a trabalhar para isso.

R - Essa linha de trabalho de que fala está criada esta época?

J.A.C. - Sem dúvida nenhuma. Esta época temos um rumo. A linha de trabalho está criada, mas se me derem três jogadores importantes digo já que vamos ser campeões. Mas isso não aconteceu

R - Este estágio de pré-temporada em Jerez de la Frontera fica inevitavelmente marcado pela polémica em volta da braçadeira de capitão. Está arrependido de ter acatado a decisão dos jogadores em mudar o sistema de nomeação para votação?

J.A.C. - Quando não há polémica qualquer coisa pequena toma outros contornos. Em todos os grupos há alguém que não se dá bem com outro. Isso não acontece aqui, onde temos um grupo maravilhoso. Todos querem ser capitães de equipa, nem sequer têm uma responsabilidade acrescidas. Apenas se usa uma braçadeira. Digo uma vez mais que aqui falta identidade e jogadores com cinco, seis anos de clube.

R - Se fosse você a nomear quem escolheria?

J.A.C. - Eu não escolho, quem escolhe são os jogadores.

R - O Simão deu-lhe mostras do desagrado pela situação, pedindo-lhe para sair?

J.A.C. - A mim não me disse nada. Está igual. Todos os problemas na vida fossem como este. (risos)

R - Mas ele não escondeu a tristeza provocada por toda esta situação. Chegou a temer que tudo isto desestabilizasse o grupo de trabalho no arranque da nova temporada?

J.A.C. - Também fico sempre triste quando não ganho a lotaria. Compreendo que ele tenha ficado triste, mas a vida dele é jogar futebol e não ser capitão. Se existisse alguém que estivesse no Benfica há sete anos nem teria existido este problema. Não dei importância nenhuma a isto.

R - Considera que o Benfica ficou bem servido com o Hélder como capitão?

J.A.C - Isso nem sequer é importante. A única coisa que um capitão tem são problemas. Deve solucionar o que os outros querem.

R - O Benfica volta esta temporada à Liga dos Campeões...

J.A.C. - (interrompe) Isso é algo que já conseguimos. Tentámos estar com os grandes e já o alcançámos. Agora há muitas equipas que estão fora da Liga dos Campeões.

R - Se o clube não passar a pré-eliminatória da Liga dos Campeões será uma catástrofe?

J.A.C - Não pode ser uma catástrofe. Os adeptos não podem ter expectativas desse nível depois de dois anos fora das competições europeias. Os adeptos também sabem que somente um jogador do Real Madrid vale mais do que sete do Benfica.

R - Também já admitiu que não parte em pé de igualdade com equipas de certo gabarito.

J.A.C. - Vamos ver o que se passa. Se calhar um desses clubes vamos trabalhar. Não tenho qualquer preferência. O que o sorteio ditar é o que vamos tentar derrotar. Aquilo que posso dizer é que temos muito mais condições para passar que o Barcelona, Valência ou Liverpool porque eles não estão na Liga dos Campeões e nós estamos.

«Psicólogo é importante»

R - Vai contratar mais alguém para a equipa médica?

J.A.C. - Quando cheguei aqui fiquei sem médicos e sem fisioterapeutas. Então, tive que solucionar o problema.

R - Como é que vê os casos de Nuno Gomes e Mantorras que recuperam de lesões fora do Benfica?

J.A.C. - Têm liberdade para escolher o que for melhor para eles. Não tenho problemas com isso. Agora quando vierem vão trabalhar aqui.

R - Acha importante ter um psicólogo?

J.A.C. - Há muitos jovens que estão a começar há outros que mudam de cidade. Há vários problemas e assim temos uma pessoa que está sempre disponível para falar e ajudar o grupo

«Se for preciso Rocha será lateral»

R - Ricardo Rocha será definitivamente um defesa-central? Não voltará a jogar nas alas?

J.A.C - Depende. Se for preciso vai jogar como lateral. Depende.

R - Fernando Aguiar poderá actuar também como central?

J.A.C - Porque não? Mas não é suposto. Ele vai jogar à frente, mas se for preciso. Ele jogou muito em Leiria e mereceu voltar para o plantel.

R - O que lhe parece Tiago Gomes? Vai contar com ele?

J.A.C. - É muito difícil. Ele é muito jovem, tem apenas 16 anos, mas trabalhará connosco.

«Alex não é um reforço»

R - Alex foi o único reforço para esta época até à data. Foi você que o indicou?

J.A.C - Não contratámos Alex como reforço. Ele pode aumentar a sua capacidade no Benfica e pode ser um jogador de futuro, mas não está cá como reforço.

R - Simão e Geovanni parecem ser intocáveis nas alas...

J.A.C - Vamos ter várias competições e há muitos jogos e Alex tem possibilidades de jogar algumas vezes. Pode jogar como titular ou não mas é seguro que vai jogar.

«No autocarro tenho lugar fixo»

R - Tem alguma espécie de amuleto ou superstição?

J.A.C. - Nenhuma. Quando jogava saia sempre atrás do guarda-redes e depois passei a ser capitão e tinha que sair sempre em primeiro lugar. No autocarro sento-me sempre no mesmo sítio mas não é por amuleto. É porque aquele é o lugar que está mais próximo da saída de emergência. No campo não sorrio, mas fora dos relvados sou alegre e muito bem-disposto.

«Desejo sorte a Carlos Queiroz»

R - Como é que assistiu a estas convulsões no Real Madrid com as saídas dos seus amigos Vicente del Bosque e Hierro e a entrada de Carlos Queiroz?

J.A.C. - Como toda a gente, vi de uma forma estranha e surpreendente. Uma saída já poderia fazer 'mossa' mas duas podem ser muito importantes e repentinas. Veremos no futuro. Quanto a Queiroz, não o conheço mas desejo-lhe muito sorte em Madrid.

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