Um dia depois de se ter sagrado campeão nacional com o Benfica, o treinador Roger Schmidt fez este domingo o balanço da época numa "open talk" com os jornalistas: das celebrações no Marquês de Pombal à saída de Enzo, da situação de Otamendi a papel de Rui Costa, o técnico dos encarnados respondeu a tudo.
Reações à festa do Benfica. Reforçou que a equipa chegou ao título a jogar futebol de ataque, a apostar na juventude. Tem muito orgulho no que atingiram? "Claro, sou o treinador. Estou muito orgulhoso. No início da temporada falámos dos nossos objetivos e, sendo parte do Benfica, quero atingir títulos, é o que se espera. Depois de uma grande temporada, estamos muito orgulhosos e aliviados. Foi duro até ao último minuto. Estamos felizes, mas claro que reparámos que precisámos de colocar muito esforço, foi uma competição muito dura em que precisámos de vencer o último jogo. Foi exigente em termos físicos e mentais, tivemos de demonstrar muita força mental. A dinâmica mudou quando perdemos contra o FC Porto e contra o Chaves. Acabámos por demonstrar que conseguimos jogar sob pressão e acho que no final merecemos ser campeões".
Ontem conquistou o seu primeiro título enquanto treinador [do Benfica]. O que sente? Como se sente depois de viver a festa no Marquês? "Nunca tinha visto nada como aquilo que vi ontem. Foi único, um dos melhores festejos do futebol europeu. Já tinha visto imagens do Marquês de Pombal no nosso balneário, mas não é a mesma coisa ver uma fotografia ou viver o momento. O caminho até ao Marquês de Pombal foi fantástico, e lá estava um ambiente fantástico, com muita gente. Sempre ouvi falar nisso. Enquanto equipa, temos a obrigação de trazer alegrias a tanta gente. Tentamos sempre devolver aquilo que os adeptos nos dão. Para mim, ontem foi um dia extraordinário e sei que para os jogadores também. Sei o esforço que colocaram em tudo isto, e ver as famílias e amigos deles foi um prazer".
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Influência de Otamendi. Já sabe se fica na próxima temporada? "Penso que foi um grande capitão. Tem imensa experiência, a temporada dele foi extraordinária. Foi campeão do Mundo, campeão em Portugal... De forma geral não só o Nico, também o João Mário, Rafa, Grimaldo... Esses jogadores são líderes no balneário. Cada um diferente do outro, mas cada um teve bastante responsabilidade. O capitão está sempre em destaque, mas todos eles foram importantes. Temos um bom 'mix' de jogadores experientes e juventude, e tendo em conta os objetivos do Benfica... Jogar aqui não é fácil, os jogadores mais experientes dão muito apoio aos mais jovens. Espero que o Nico fique, antes do Natal começámos a falar com ele sobre um novo contrato. Ele quis sempre esperar até ao final da temporada e só aí tomar uma decisão. Agora a temporada chegou ao fim. Fizemos de tudo para o manter como capitão, mas já tem 34 ou 35 anos e o contrato dele acaba. Claro que se me perguntarem, espero que fique no Benfica".
Para si foi um 'veni, vidi, vici'. Como pode descrever o crescimento da equipa e do clube? "É difícil descrever, a temporada foi muito longa. Nos últimos anos aprendi a não olhar demasiado para a frente, estar no aqui e agora, sobretudo enquanto treinador. Quando começámos, no verão, não estava a pensar nas semanas e meses que aí vinham. A situação que tínhamos no Benfica era que o Benfica queria mudar alguma coisa. Precisava de um treinador, queria mudar o estilo de jogo e tínhamos um plantel enorme. Começámos com 39 jogadores, e havia alguns que sabiam que provavelmente não ficariam. Era preciso tempo para tomar decisões. Se olharmos demasiado para a frente, torna-se complicado. Todos os dias são dias difíceis e complicados. O que notei é que este clube e grupo de jogadores tem uma atitude muito boa, treina a sério e trabalha sempre no duro. Gostam de jogar futebol. Gostavam de estar todos os dias em campo e tentámos criar boa condição física e aproveitar todos os treinos para eles perceberem qual o nosso estilo. Fiquei admirado por termos conseguido jogar da forma que gosto tão rapidamente. Também estava disposto a mudar o estilo de jogo consoante os jogadores, e conseguimos encontrar um bom ponto. Já na pré-época começámos a defender bem, a atacar bem, a conseguir bom equilíbrio... Estávamos confiantes desde o início e, passo a passo e com as vitórias, conseguimos atingir o primeiro objetivo, o da Liga dos Campeões. Depois, até fechar a janela de transferências, fomos ajustando o plantel até encontrarmos uma boa forma de nos concentrarmos nos nossos objetivos. Para mim, esta temporada foi jogada dia a dia".
Sérgio Conceição: «Acho que somos a melhor equipa e é frustrante perder»
Sérgio Conceição disse que achava que o FC Porto era a melhor equipa da Liga... "É a opinião dele. Eu não vi todos os jogos do FC Porto, mas vi os nossos. Acho que jogámos muito bem. Antes do jogo, disse que depois de 34 jornadas, a equipa que tem mais pontos - que também é a que marcou mais golos e sofreu menos - é a que merece ser campeã".
Sempre disse que só renovava quando vencesse títulos... Quando renovou, já se sentia campeão? "Não, agora sinto-me campeão. Quando me falaram em prolongar o contrato, a minha resposta foi que tinha de demonstrar que tinha qualidade para o Benfica. Há que esperar que o treinador assuma a responsabilidade de vencer títulos. A convicção do clube, da direção, de prolongar o meu contrato... Demonstraram essa confiança em mim, comecei a pensar nisso e, para mim, é uma grande honra fazer parte do Benfica. Renovar antes do final da temporada foi uma honra. Mas claro que esperava que podíamos ser campeões, caso contrário as coisas podiam ter sido um bocadinho diferentes".
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O seu filho disse que têm uma ligação especial ao Benfica: "Acho que tivemos uma boa ligação com todos os clubes que treinei, até quando era amador. Somos uma família do futebol. Primeiro fui jogador, depois passei para treinador. O futebol foi sempre parte da nossa vida. Claro que eles também gostam muito de futebol e estão entusiasmados, assim como aconteceu em todos os clubes onde estive. Mas claro que o Benfica é um clube especial. Basta ver as pessoas em Lisboa, nos estádios, no ambiente, no apoio... Isto é tudo muito especial, sentimo-nos muito bem-vindos aqui em Lisboa".
O que pode partilhar connosco da sua experiência em Portugal? O que gosta do país, da comida... Se ficar durante algum tempo, pode aprender português? "Gosto de quase tudo em Portugal. Gosto do tempo. Vivi a minha vida toda na Alemanha, Áustria, Holanda... Aqui é completamente diferente. É o primeiro ano em que estou num país assim. A comida, o tempo... Gosto muito de estar aqui e também gosto de estar junto à água, do rio. Portugal tem tantas coisas boas. Gosto muito de peixe, até mudei um pouco os meus hábitos alimentares. Português? Quando me perguntaram no início da temporada disse que ia tentar e espero ficar mais três anos. No verão talvez possa tentar de novo, seria bom aprender mas não sei se serei capaz de aprender o suficiente para falar convosco em português. Mas claro que tentarei aprender".
Em janeiro perdeu Enzo Fernández para o Chelsea. O que precisou de mudar na equipa? Enzo deixou-lhe alguma mensagem ontem? "Quando jogámos em Arouca, não sabia se no final do jogo ele ainda seria nosso jogador. Foi difícil para nós prepararmos esta situação e arranjar um substituto. Sabíamos uma ou duas semanas antes que essa questão voltaria a aparecer, mas tínhamos pouco tempo. Era um jogador muito importante, que assumia muita responsabilidade, sobretudo na construção de jogo. Não foi uma coincidência terem pagado tanto dinheiro por ele, irá demonstrar no futuro toda a sua qualidade. Precisámos de o substituir dentro do nosso plantel. O Chiquinho era uma opção, tínhamos o Aursnes e o Florentino, mas são jogadores diferentes. Fizemos muitos jogos com o Florentino e com o Chiquinho, e o Chiquinho conseguiu adequar o seu estilo de jogo e dar-nos a oportunidade de manter o nosso estilo de jogo. É importante que os centrais tenham o apoio do meio-campo, e o Chiquinho jogou muito bem nessa altura e aprendeu muito depressa a parte tática. Para nós isso foi essencial. Ele esteve bem na Liga Bwin e na Champions. Depois, com o João Neves. Ele já tinha treinado connosco e esteve bem desde o início do ano, demonstrava estar pronto sempre que tinha minutos. Demonstrou ter qualidade para ser titular e foi uma grande surpresa. Temos a sensação de que está a melhorar em todos os jogos. Para nós é muito importante substituir o Enzo com a 'prata da casa'. Troquei mensagens com o Enzo, sim. Deu os parabéns pelo campeonato e eu disse-lhe que este título também lhe pertencia".
Derrota com o FC Porto afetou a equipa? "Penso que essas semanas, FC Porto, depois Inter e Chaves, foram a pior fase da nossa temporada. Estivemos a um nível elevado até aí, e depois aí caímos um pouco. Também a nível individual, alguns jogadores tiveram alguns problemas físicos. Também podíamos ter vencido todos esses jogos, não foram catastróficos, mas não fomos dominantes, não controlámos como tínhamos feito antes. Os adversários foram muito eficientes. É algo que temos de aceitar. O que fizemos para mudar a partir daí foi muito importante para o resto da temporada".
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Em seis jogos contra os candidatos ao título, Benfica venceu dois. Isto pode ser um problema? "Faz parte, em 34 jogos precisamos de fazer o máximo de pontos. Vencer os duelos diretos é bom porque ganhamos pontos e as outras equipas não. Em Portugal, quem quer ser campeão não pode perder muitos pontos. Ganhar estes jogos é importante, mas também é importante vencer os outros. Empatámos duas vezes com o Sporting e vencemos uma vez o Sp. Braga. Isso demonstra que as outras equipas também são muito boas. O Sporting, o Sp. Braga e o FC Porto são equipas de topo, basta vê-los lá fora. Ninguém quer jogar contra eles nem contra nós. É difícil enfrentá-los, mas é claro que eles também podem vencer jogos contra nós".
Como treinador, o que precisa de melhorar para a próxima época? "Para ser sincero, nos próximos dias não vou pensar em futebol. Precisamos de preparar a próxima temporada, construir o plantel perfeito. Para já, quero descontrair porque foi uma época muito exigente para todos. Depois vamos analisar tudo de maneira muito detalhada. Quanto ao que aprendi... Consegui compreender a Liga, os adversários, percebi que é difícil vencer - sobretudo jogos fora. Há bons jogadores, as equipas jogam bem, os treinadores têm abordagens muito boas. É bom conhecer a Liga. Vamos tentar fazer as coisas um pouco melhor".
Este pode ser o início de um momento de hegemonia para o Benfica? Se Otamendi sair, Tomás Araújo é uma boa alternativa? "Acho que fomos campeões este ano, foi perfeito, mas não quer dizer que o façamos para o ano. No início da época vamos ter zero pontos. Estes 87 desaparecem. Vamos precisar de talvez 85 ou 90 para sermos campeões novamentes. Não é por termos vencido agora que de repente, e facilmente, venceremos títulos. É um grande desafio. Não recebemos bónus de pontos pelo título, começamos todos do zero. Sou muito humilde e sei o quão difícil será. Vamos ver que jogadores conseguimos trazer, o que conseguiremos fazer, e o que as outras equipas fazem. Tomás Araújo? Sim, esteve connosco na pré-temporada. Tomámos algumas decisões, e uma delas foi que o Tomás não iria conseguir tantos minutos. Foi emprestado. Acho que tanto ele como o Tiago Gouveia estiveram bem. Começaram connosco e agora vão ter oportunidade de mostrar o seu valor".
Aspetos negativos da temporada... Eliminação da Liga dos Campeões foi um grande revés? Se o Enzo tivesse ficado, a história na Champions podia ter sido diferente? "Não sei. Não conseguimos vencer o Inter, mas isso não é vergonha nenhuma. Jogámos 14 jogos na Champions e perdemos apenas um. A maior parte dos outros vencemos. Isto não é uma desilusão. Foi um grande feito dos jogadores. Jogámos com jogadores que estavam na primeira vez nesta situação e acho que estiveram fantásticos. A nível internacional, o que o Benfica fez esta temporada foi extraordinário. O Enzo é um grande jogador. Se venceríamos ou não o Inter com ele? Não sei. Nem eu nem ninguém. Perdemos um grande jogador e isso é claro. Conseguimos substituí-lo bem, mas perdemos um grande jogador no inverno".
Comentários do seu filho ontem... Quatro estrelas no símbolo, confirma isso? Pensa que até 2026 consegue mais dois campeonatos? Sente que houve pressão depois de ter renovado o contrato? "A pior parte da temporada foram 10 dias, três jogos. Não foram propriamente cinco meses. Faz parte do futebol. Nada teve a ver com a renovação. Comentários do meu filho? Não ouvi isso, mas acho que não estava a falar a sério. O meu filho... Olhar demasiado para a frente no futebol não faz bem, perdemos a concentração. Fomos campeões e na próxima temporada começamos do zero, vamos lutar pelo campeonato, Taça da Liga, Champions e Taça de Portugal. Não interessa olhar para a frente".
Momento chave da temporada? "Não tivemos tantas oscilações. Mantivemos um nível alto durante muito tempo, e isso só foi possível porque estivemos concentrados em cada jogo. Depois de termos perdido alguns pontos, de termos perdido uma vantagem de 10 pontos - que passou para quatro -, precisámos de nos concentrar e mostrar que aguentávamos a pressão. Depois vencemos quatro ou cinco jogos consecutivos. Foi muito importante. Os jogos contra o Sp. Braga e contra o Sporting foram muito importantes. Sabíamos que tínhamos uma reta final de temporada difícil, e foi muito importante nessa altura vencer e convencer".
Adeptos dizem que a Liga Bwin não prepara as equipas para o nível da Liga dos Campeões. Concorda? O que precisa de mudar? "Tenho uma opinião diferente. Já tive a oportunidade de dizer isso várias vezes. As equipas portuguesas, jogando lá fora, têm bons resultados. O Sporting bateu o Arsenal, o Arsenal estava na melhor fase da temporada. Nós estivemos bem, o FC Porto esteve bem... Também chegaram à fase a eliminar da Champions. Quando se está numa Liga, por vezes pensa-se que a qualidade não é a maior, mas se tiver a mesma discussão na Holanda ou na Alemanha, dizem o mesmo. A qualidade do futebol da Liga portuguesa é muito boa, sobretudo tendo em conta o facto de existirem quatro equipas que têm orçamentos mais elevados. É especial haver tantas equipas no mesmo patamar".
Reforços, onze mais utilizado e frases fortes de Schmidt: o título do Benfica em cerca de um minuto
Disse que não gosta de olhar para o futuro, mas certamente olha para o passado. Chegou a ter 10 pontos de vantagem para o FC Porto... O que podia ter mudado na equipa para decidir o título antes da última jornada? "Não mudava nada. Fiz o melhor que consegui. Não se trata de encontrar uma nova abordagem. O que é preciso fazer é tomar decisões, preparar jogadores. Precisamos de uma abordagem tática e depois é jogar, dar tudo para vencer o jogo, e depois do jogo acabar, acabou. Não dá para repetir. Não podemos recomeçar um jogo. Não penso nisso. Quando perdemos um jogo, fica para trás e concentramo-nos no próximo. Mas claro que tivemos 10 pontos de vantagem e acabámos com dois. Está tudo bem. Não precisamos de ser campeões por 20 pontos de vantagem, queremos ser campeões. Podíamos ter vencido antes mas não foi possível. Temos de aceitar a qualidade das outras equipas. Vencemos com 87 pontos. Estivemos quase ao nível da melhor temporada de sempre do Benfica".
Que posições quer ver reforçadas na próxima época? "Falamos do plantel a temporada inteira, falamos de melhorias. Quando o mercado fechar, em agosto, começamos a pensar no de janeiro. Faz parte do nosso trabalho. É um tema muito importante, o equilíbrio do plantel. Temos de tentar melhorar o nosso onze titular, queremos encontrar um equilíbrio no plantel. Vamos voltar a jogar de três em três dias no início da temporada e temos de estar preparados para isso. Neste momento sentimo-nos bem, temos muitos jogadores que mostraram qualidade, que conseguem jogar a este nível. Temos de substituir o Grimaldo, é um jogador-chave. E mesmo o Enzo...".
«Estou muito orgulhosa do meu marido»: mulher de Roger Schmidt reage à conquista do título
A sua mulher está muito orgulhosa... O que significa a família para si? De que música gosta? "Sou o mesmo, tanto enquanto treinador como enquanto pessoa. O treinador tem de tomar muitas decisões, mas como ser humano sou igual. A minha personalidade é a mesma. Sou muito honesto enquanto treinador e essa é a minha abordagem. Gosto de apreciar a vida e de viver num bom ambiente. Gosto de chegar a uma equipa, de ver pessoas felizes, com uma boa 'vibe'. Só temos uma vida. O que quero para a minha privada é isso também. A família é a coisa mais importante, não só para mim mas para vocês também".
Grimaldo marcou de penálti e beijou o símbolo do Benfica na celebração
Jogou com o mesmo onze praticamente toda a temporada... Adeptos do Benfica perdoaram Grimaldo? "Acho que sim. É preciso ver o que o jogador fez pelo clube. Esteve cá sete anos e meio, foi campeão quatro vezes. Deu tudo pelo clube. Esteve sempre no máximo, a semana passada contra o Sporting, mesmo ontem... Tem todo o meu respeito, mas penso que também tem todo o respeito dos benfiquistas. Os adeptos apoiaram-no até ao último segundo. Mesmo onze toda a temporada? Não é fácil. Não é possível usar todos os jogadores. Há jogadores que não tiveram minutos suficientes e isso não me deixa feliz, mas tenho uma responsabilidade, que é ter êxito. Essa é a parte mais importante. Gerir isso... A única coisa que posso fazer é dar oportunidade a todos. Se alguns estão a jogar bem, outros têm de esperar ou treinar para tirarem a vaga de outros. A mim não me interessa quem joga. Tento sempre utilizar o melhor onze, mas depois depende dos jogadores. Somos uma equipa de futebol profissional, não é fácil vir para um clube como o Benfica".
O que nos pode dizer sobre Kerkez? "Não vou falar sobre jogadores que não são do Benfica. Claro que o conheço, conhecer o mercado é o nosso trabalho. Quando sai um jogador do onze titular, temos de conhecer todas as opções para o substituir. É uma opção, mas não posso comentar".
Quantas horas dormiu? Prefere cerveja alemã ou portuguesa? "Gosto muito da cerveja portuguesa, mas na verdade prefiro vinho... Não dormi muito, mas não faz mal".
Jogar com o mesmo onze... Tem a ver com a sua forma de gerir a equipa ou chegou a uma altura em que faltavam jogadores, que precisava de mais qualidade? "Cada jogo é importante. É preciso vencer quase tudo. Eu quero encontrar sempre o melhor onze para os jogos. Se os jogadores estão em boa forma, se estão a jogar bem, preparados fisicamente e são os melhores para jogar, jogam. Se estão cansados, é preciso pensar em substituir alguém. Com os jogos, a equipa vai-se desenvolvendo, criando rotinas. A equipa joga muito bem em conjunto. Por vezes é preciso fazer alterações, mas não é preciso mudar sempre. Gosto de ter jogadores que estão bem e quero que continuem a estar. Esta temporada não tivemos muitas lesões nem suspensões. O departamento médico fez um trabalho excelente, os jogadores estavam quase sempre aptos. Infelizmente no final da temporada o Gonçalo Guedes lesionou-se, mas fez parte da temporada. Conseguimos jogar com o mesmo onze várias vezes porque os jogadores estavam sempre disponíveis".
Fala-se demasiado da arbitragem em Portugal? "Quando estava na Holanda e na Alemanha era igual. Discute-se sempre os árbitros, faz parte do futebol. No passado era assim e no futuro vai continuar a ser. Talvez por causa do VAR haja mais um tópico. No início tínhamos um árbitro e mais dois assistentes, depois veio o quarto árbitro. Depois foi aumentando o número de pessoas e cada vez vai aumentando a discussão. Mas não é só em Portugal que se fala dos árbitros".
Primeiro treinador alemão a vencer a Liga portuguesa. Como se sente? Portugal devia estar mais aberto a técnicos estrangeiros? "É difícil dizer. Há treinadores portugueses à volta de todo o Mundo, quando estive na China havia vários. Poucos treinadores estrangeiros em Portugal? Não sei. Talvez pelo idioma... É bom ter ideias diferentes no futebol. Na Alemanha também se fala nisso. A Bundesliga é talvez um pouco mais recetiva a isso, mas a cultura portuguesa é assim".
Gonçalo Ramos fez o primeiro do Benfica e levou a Luz à loucura
Está preparado para perder Gonçalo Ramos? Como vai preparar a próxima temporada? Agora toda a gente o conhece... "Todas as equipas analisam os adversários e também nos analisaram durante esta temporada, tentando encontrar abordagens para nos defrontarem. Tal como nós fizemos. Gonçalo Ramos? Espero que fique. É jovem o suficiente para ficar mais um ano no Benfica, mas teve uma temporada excelente. É um ponta-de-lança muito talentoso e não há muitos assim no mercado. Veremos. Talvez seja possível mantê-lo, mas a decisão também é dele. Gostava que ficasse mais uma temporada".
O que espera para a próxima temporada? "Esta já foi dura que chegue. Cada jogo vai ser difícil, precisamos de muitos pontos. Precisámos de 87 para ser campeões, é preciso ganhar quase todos os jogos".
Benfica não vencia qualquer troféu há três anos. Sentiu que o clube tinha, de certa forma, perdido a sua identidade? "Não posso falar do passado. Não prestei tanta atenção ao Benfica nos últimos três ou quatro anos. O que vi foi um clube orgulhoso da sua identidade, filosofia, que gosta de jogar futebol de ataque, orgulhoso da sua formação. Desde o começo vi um clube de topo, com muita paixão e muito especial. No início desta temporada não vi sinais de um clube que não vencia títulos há três anos".