Técnico diz que não é fácil voltar a ganhar três títulos numa época...
22H54 - Fim da entrevista
Nível atual: "Tenho muito para conquistar enquanto treinador. Poderia ter chegado mais cedo a este nível porque tinha o cabelo grande, tinha a pastilha na boca, entre outras coisas. Têm é de me julgar como treinador. Não sou Eça de Queirós. Tenho muitos troféus para conquistar no Benfica. Nunca fui a um Campeonato do Mundo ou da Europa e ainda sonho com isso tudo."
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Histórias: "Cheguei ao Benfica no ponto certo, desde uma pistola apontada à cabeça, como um jogo em Guimarães em que nós perdemos com o Gil Vicente em casa. Os adeptos do Guimarães têm muita paixão pelo clube e como estava a contar, quando nós perdemos e íamos para sair do balneário, o comandante da polícia disse que não garantia a segurança da saída. Colocou a questão ao presidente e jogadores que só saindo em carrinhas da polícia é que garantia a segurança. Eu disse que não o fazia porque não matei ninguém e vou sair pela mesma porta de onde entrei. Levámos umas pedradas mas saímos."
Mundial: "Portugal tem uma excelente equipa para pensar que tem possibilidades. Brasil é um dos favoritos assim como a Argentina.
Melhor treinador da atualidade: "Este ano foi dividido. Não vi uma equipa que preencheu os registos para que possa dizer quem foi o melhor. Simeone e Conte foram os que quase lá chegaram".
Melhor jogador do Mundo: Ronaldo
Melhor jogador deste campeonato: Enzo e Gaitán
Liga Europa: "Fizemos nove jogos e não perdemos um. Fomos a única equipa que não perdeu e não foi campeã. Não o foi pelos penáltis e por um árbitro que nos complicou a tarefa do jogo. A primeira jogada, com o Gaitán, tinha de ser penálti e expulsão. Além disso, não tínhamos três jogadores."
Pior jogo esta época: no Parque dos Príncipes, com o PSG.
Adversário mais difícil esta temporada: "Foi a Juventus, a quilómetros das outras equipas. A Juve tem um sistema de jogo dos melhores para se jogar em eliminatória e nós eliminámo-los. Eles são um dos melhores do Mundo".
Jogador(es) que mais valorizou: O David Luiz, o Coentrão e agora o Enzo.
Jogador que "não teve sorte": Alan Kardec.
Melhor jogador que treinou:Pablo Aimar
Nota artística: Quando há jogadores com criatividade, a nota artística aparece sempre. O jogador tem de ser desenvolvido em todas as componentes mas a artística todos têm de ter.
Melhor jogo: os dois com Juventus.
Título mais importante: o primeiro campeonato.
Prestígio: "É muito mais importante, pela projeção conferida, ir a uma final da Liga Europa do que ir a uns "oitavos" da Champions. É mais fácil ter êxito na Liga Europa. As melhores equipas da Europa são as melhores do Mundo."
Atitudes menos boas: "Tentamos melhorar sempre que fazemos algo incorreto. Em relação ao adepto, sei que não posso retirar autoridade à polícia. Aquilo que eu vi foi um ser humano, um adepto que me pediu socorro. Vou tentar socorrer sempre o ser humano porque não há nada mais importante. Se algum dia acontecer o mesmo [que em Guimarães], vou atuar da mesma forma. Quanto a Sherwood, ele falou-me com arrogância. Ele olhou-se de cima para baixo, com grande autoridade. Quando tive a possibilidade de lhe dizer que aqui está um treinador melhor que tu. Eu fiquei a apreciar Sherwood pela resposta que me deu ao ouvido em inglês".
Relação com Cardozo: "Essa final de 2012/13 tinha dois casos. A minha subida à tribuna e o que aconteceu à tribuna. Estes dois momentos tiveram sempre na minha cabeça. Não se pode fazer nada e temos de ouvir o que os adeptos quiseram chamar-me. Cardozo percebeu sempre que era jogador e eu continuava a ser o treinador dele. Não era por aquele episódio que alguma vez o ia prejudicar. A prioridade é sempre a equipa e foi isso que fizemos durante o ano, como pessoas educadas e civilizadas".
Final da Taça em Portugal em 2012/13: "Este ano quando ganhámos a prova, houve ali um pormenor importante. O Luisão foi primeiro a subir as escadas em 2012/2013 e agora foi o último, juntamente comigo. Foi um sentimento muito forte dos adeptos do Benfica que não deu para perceber. Os adeptos não esperavam perder aquela Taça. Foi injusto, face ao que foi feita a época passada, relativamente ao que eu ouvi. O futebol é paixão e sentimento e eu entendo. Nós trilhámos o mesmo caminho. O Benfica, em 2012/13, fez 77 pontos, perdemos um jogo e não fomos campeões. Esta época, fizemos 74, perdemos dois, e fomos campeões."
Taça de Portugal: "Teve um sentimento especial. Esta taça mexe um pouco comigo, com a minha adolescência e carreira de treinador. Fui habituado em miúdo, talvez em 1966 ou 1967, lembro-me de ver o jogo no Jamor e o meu avô ali ficou. Todos os anos a partir desse dia, eu e os meus amigos íamos ver as finais ao Jamor. A competição mais bonita em Portugal é a Taça de Portugal. A minha geração sabe o que é partilhar e dar aos outros. Os meus filhos têm uma educação muito mais académica."
Relação com jogadores: "São cinco anos. Para os jogadores do Benfica, eu preciso de ser exigente mas exigente todos são. O que é que isto quer dizer? Todos o são. Os jogadores conhecem-me muito bem e eu também os conheço. Há uma união de ideias. A minha exigência é a mesma e a forma de me dirigir a eles é a mesma. Eu, do banco, antevejo as coisas que vão acontecer."
Conquista do 33.º campeonato: "O troféu não foi especial. Termos perdido a 10 segundos do fim em 2012/13 poderia ter alguma influência emocionalmente, nas minhas comemorações. O primeiro ano de campeão foi muito mais importante porque chegava com algumas dúvidas. Só o presidente achava que tinha capacidade. Tinha de vencer e convencer como pessoa e treinador. Tinha a responsabilidade de fazer o Benfica campeão e cumprir relativamente ao que disse".
Pós-Matic: "O que digo é genuíno em relação ao 'Manel'. Aquela posição requer um trabalho da minha ideia de jogo e do jogador. O jogador tem de ter qualidades técnicas para desenvolver-se defensivamente. A diferença é se o jogador tem mais capacidade ou não. Não foi pelo facto do Matic sair que mudámos a ideia de jogo. A partir da 10.ª assimilámos o que eram os nossos processos defensivos."
Melhor futebol:"A melhor equipa foi do primeiro ano. Essa foi a equipa mais forte dos cinco anos. Apanhei o Aimar e Saviola numa fase muito boa. Ramires e Di María estavam muito bem, eram especiais. Hoje, as caraterísticas dos jogadores são outras. Temos uma ideia de jogo diferente principalmente quando não tem bola. Quando tem bola é semelhante mas há uma diferença. Nós no primeiro ano, nós éramos muito fortes em ataque continuado. A dificuldade no futebol é saber defender com poucos. Defender com muitos... é para totós. O saber defender tem mais do treinador e o saber atacar tem mais do treinador."
Modelo de jogo: "O meu ideal é aquilo que temos vindo a desenvolver. É conhecer a responsabilidade e o clube onde se está. Há que perceber que ganhar só não chega. O Benfica foi habituado a ganhar, a jogar bem e por vezes até a esmagar os adversários. O treinador tem de ser um criador tal como o pintor. As pinceladas na tela não sou que as dou."
Encontro com Paula Rego: "Nunca tinha falado com a senhora. Cada vez fiquei com mais certezas da minha ideia: o futebol é arte. O jogador é o artista e o treino tem muito de criatividade. Para se trabalhar uma ideia de jogo, é preciso ser criativo. O futebol não são números".
"Ninguém sabe mais que eu sobre futebol": "Humildade em excesso é vaidade também. Não estamos habituados a que as pessoas sejam convictas. Eu tenho a certeza que sou um dos melhores treinadores do Mundo pelo trabalho, pela metodologia de treino que demorou muitos anos a ser executada por mim. O treino não é só ideia do treinador. Hoje há uma aliança entre a ciência e a prática."
Adversários: "As estruturas sabem que vão ter de ter uma equipa mais forte para fazer frente ao Benfica. O Benfica é favorito porque é sempre. As pessoas sabem que têm de ter uma grande equipa para competir connosco. Temos vindo a reduzir a vantagem para o FC Porto, face aos campeonatos que vinha conquistando. Em 5 anos, conquistámos dois campeonatos. Ninguém pensava que ia ficar cinco anos no Benfica. A um dirigente de um clube disse no meu primeiro ano que ia ganhar três campeonatos em cinco anos. Provei que estou satisfeito no Benfica por atos e não por conversa."
Títulos: "Acredito nas minhas capacidades. Sei que sou melhor treinador do que era como jogador. Para ser treinador, é preciso nascer para a profissão. Tenho muito ainda para ganhar no Benfica. A Supertaça é a única taça que não ganhei. O bicampeonato é objetivo. É difícil repetir 2013/14 e estivemos perto de vencer a Liga Europa. Tenho consciência que as exigências são maiores."
Potencializar: "Não se consegue fazer jogadores de um ano para o outro mas na equipa B conseguiu-se. André Almeida, André Gomes e o Ivan Cavaleiro já fizeram parte da equipa principal esta época. O André Gomes é um ativo já vendido, já compensou todo um trabalho feito com ele. Eu pergunto, nos três grandes, quem é que saiu da formação B e foi titular na equipa principal? Foi o Benfica."
Reforços garantidos:"O Benfica não pode, no seu futuro, pensar que o clube vai ter só jogadores formados no clube. A formação e prospeção estão ligadas. Os reforços já garantidos dentro dessa filosofia e podemos potencializá-los. O Candeias é um jogador que conhecemos, tem umas características próprias que se adaptam à ideia de jogo do Benfica"
Enzo: "Foi igual ao Matic. O Matic no Vitesse jogava com número 10. Só o conheci com a transferência do David Luiz. Disse que ia fazer dele um grande médio defensivo. O Enzo é um jogador que sempre jogou nos corredores mas com um estilo de jogo que o pautava os ritmos. Era um médio, um organizador e vi nele essas qualidades. Com aquilo que lhe iria ensinando, poderia sair dali um número 8 ou 10. Ele foi acreditando e hoje está convicto que a posição dele é aquela."
Reforços: "Os reforços nunca estão identificados. Por vezes temos a ideia de um jogador e não a conseguimos concretizar. Só partimos para uma ideia quando o presidente e o Rui Costa me dizem que sai um jogador e teremos de ir à procura de outro. Não tenho até agora a confirmação da saída de jogadores. Enzo se tiver de sair vai sair."
Saídas: "Há jogadores do treinador. Vou dar-lhe um exemplo: o Di María. Cheguei e pu-lo a jogar onde ele jogava, com algumas nuances. O Enzo é o jogador do treinador. Tal como o Matic, o Coentrão e o David Luiz. Fomos nós que mudámos o posicionamento e a ideia que os jogadores tinham. Isso dá-nos satisfação. Não consigo potencializar jogadores se eles não tiverem algum talento. Já sei que os melhores têm de ser vendidos para manter o equilíbrio financeiro. Não há outra forma de o fazer."
Transferências: "O que é difícil não é só perder os jogadores melhores. O difícil é manter a qualidade da equipa para as exigências que o Benfica tem: é sempre para ganhar. O ter de vender já é complicado mas mais complicado, é manter a qualidade da equipa. Até hoje não se tem notado. Isso é um trabalho que me dá um certo gozo porque tenho cada vez mais que arranjar soluções, para que quando os jogadores saem, tenham de entrar outros."
Férias: "Cada pessoa tem as férias à sua maneira. Eu, face ao facto de trabalhar, para mim 'férias' é ter a possibilidade de estar com os amigos e ir ao bairro onde nasci".
Entrevista de Vieira: "Na altura certa, iremos falar sobre isso. No ano passado não houve. Comigo será fácil o entendimento."
Relação com Vieira: "Para além de ser presidente, e face ao respeito que tenho de ter, há uma aproximação muito grande entre nós. Há uma confiança muito grande. Falamos a mesma linguagem. Se estou no Benfica, a ele o devo. Ele é o grande obreiro [de ficar no Benfica em 2013/14]. A educação que os meus pais me deram foi no sentido de saber ser grato. Eu não podia, com a oportunidade que me deram, virar a cara. Sabia que estávamos no caminho certo para ganhar títulos. O futebol é a 'mola real' dentro clube. Foi percetível para todos que o Benfica tinha de estar unido, nas vitórias e derrotas."
Sair de Portugal: "Não fui habituado a sair do país. Eu fui um emigrante dentro de Portugal. Corri o país inteiro, como jogador e treinador. Se tiver que o fazer como treinador, fá-lo-ei pela minha família. Tenho uma estabilidade em Portugal que me agrada."
Dimensão do clube: "O que pode distinguir o Benfica de outros cinco ou seis clubes na Europa é o poder económico. Essas equipas têm os melhores jogadores e os melhores treinadores e podem aspirar a uma Champions. Eu não estou satisfeito, quero mais para o Benfica. A conquista de uma Champions é um sonho. Nessas equipas é mais fácil chegar lá".
Cláusula de rescisão: "Havia clubes interessados [a pagar a cláusula]. Se fosse a questão financeira, se calhar não estávamos a ter esta conversa. Cada pessoa tem a sua forma de pensar e eu nunca fui habituado a grandes luxos. Sinto-me satisfeito com o que tenho. Se assim for, já agradeço a Deus."
Salário: "Não me incomoda falar disso. Acho que justifico aquilo que o Benfica paga e acho que o clube está contente. O trabalho justifica-o. Sou um cidadão como outro normal que passa os meus impostos. Dos meus impostos, pago 60% do total. Eu contribuo para o estado social. A mim não me perturba nada. Profissionalmente, o Benfica percebe isso."
Rejeição do Milan: "Sou um homem de palavra, de responsabilidade, de convicções. Portanto, o meu projeto no Benfica, face ao que a época passada aconteceu, nunca esteve em causa. Por ser o Milan, não me entusiasmou. Quando nada te entusiasma é porque há algo mais forte. A probabilidade obtenção de resultados desportivos no Benfica é maior. Eu fui habituado a nunca pautar a carreira de treinador pelo dinheiro. Escolhi sempre o clube pensando na carreira desportiva."
"Novela" continuidade: "Os homens do futebol falam uns com os outros. O facto de ter falado com outras pessoas não me desviou do meu caminho, e da paixão que tenho pelo Benfica. O treinador não vive do futuro, vive o presente. É assim que eu vivo a minha vida."
21H30 - Continuidade: "O motivo que me levou a continuar foi a minha convicção. A minha ideia, de um projeto de carreira, foi sempre continuar no Benfica. A decisão, contratualmente estava definida. É verdade que tive vários convites, inclusivamente do Milan, por ser treinador de um grande clube como o Benfica e face aos resultados que tive. Acho normal eu ter dialogado com as pessoas [de fora do Benfica] porque sou um do futebol. Nunca foi uma falta de respeito ao Benfica, apenas uma identificação com a minha profissão".
O técnico do Benfica, Jorge Jesus, dá esta noite, a partir das 21H30, uma grande entrevista à Benfica TV onde irá analisar aquilo que foi a época dos encarnados em 2013/14, entre outros temas.
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