A iniciar a sexta temporada no comando técnico do Benfica, Jorge Jesus é confrontado anualmente sobre a sua (pouca) aposta nos jogadores oriundos da formação encarnada. Com um longo historial de valorização de ativos, que tem levado as águias às vendas mais lucrativas da história do clube ao longo das últimas épocas, o treinador amadorense não tem conseguido fazer o mesmo com os jovens valores da cantera encarnada, que poucas oportunidades têm merecido e, por consequência, muitas dificuldades para conseguir vingar.

Confirmados os empréstimos de Ivan Cavaleiro, ao Deportivo, João Cancelo, ao Valencia, e Bernardo Silva, ao Monaco, unanimemente considerados três dos maiores valores formados ao longo dos últimos anos, com um percurso sólido nas equipas de formação e no Benfica B, mantém-se a tendência de os encarnados não conseguirem fazer render na sua principal equipa os jogadores cujo potencial é reconhecido.

Em pouco mais de cinco anos à frente do Benfica, Jorge Jesus tem lançado pontualmente jogadores da cantera do Seixal, mas a grande maioria deles não só não conseguiu agarrar um lugar, como já abandonou o clube. Roderick Miranda, David Simão, Miguel Vítor, Miguel Rosa, Luís Martins e Romeu Ribeiro estrearam-se todos pelas mãos de Jesus e acabaram todos por sair do clube pouco tempo depois e... a custo zero.

A única exceção é mesmo André Gomes. O jovem médio natural de Gaia até só mereceu maior aposta de Jesus na reta final de 2013/2014, mas o pouco que mostrou foi suficiente para convencer o milionário Peter Lim a pagar 15 milhões de euros pela totalidade dos seus direitos desportivos.

Nélson Oliveira é outro caso a resolver. Emprestado há duas épocas depois de uma temporada 2011/2012 em que foi aposta, o ponta-de-lança está de regresso à Luz mas parece não entrar nas contas de Jorge Jesus, que raramente o tem utilizado durante os encontros de pré-época.

Jogadores que sairam após serem aposta

TOTAL: 15 MILHÕES DE EUROS

Jogadores emprestados que estão de regresso

Sporting lucra... o triplo

O pouco retorno financeiro (e desportivo) da formação do Benfica na Era-Jesus é ainda mais claro quando comparado com o rival da 2.ª Circular. Nas cinco épocas de Jorge Jesus ao leme da águia, o Sporting ficou sempre atrás do Benfica na classificação do campeonato, mas continuou a ganhar no que toca à formação.

João Moutinho, Miguel Veloso, Daniel Carriço, Tiago Ilori, Bruma e o mais recente Eric Dier foram todos vendidos com um retorno financeiro interessante, a totalizar 45 milhões. Exatamente o triplo do que o Benfica conseguiu encaixar com os valores da sua cantera em cinco anos de Jesus na Luz.

No entanto, nem tudo correu bem. Carlos Saleiro, Yannick Djaló, Pedro Mendes, André Santos e Pereirinha são exemplos de jogadores que depois de terem tido muitas oportunidades (e até algum sucesso, mais uns do que outros) em Alvalade, acabaram por sair pela porta pequena, embora alguns deles para clubes de renome.

Também ao contrário do que acontece no Benfica, o Sporting tem atualmente no plantel principal cinco jogadores da formação que foram emprestados para mais tarde regressarem com sucesso: Cédric, William Carvalho, André Martins e Adrien são todos habituais titulares, ao passo que João Mário espreita uma oportunidade.

Jogadores que sairam após serem aposta

TOTAL: 45 MILHÕES DE EUROS

Jogadores emprestados que estão de regresso