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17 outubro

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Liverpool mais feliz na noite do dilúvio

EM MARÇO de 1978 o Benfica festejava os 75 anos de vida e preparava-se para fazer a festa na recepção ao Liverpool, então campeão europeu. No entanto, um factor exterior ao futebol estragou a festa. Uma chuvada ininterrupta abateu-se sobre a Luz e os ingleses venceram por 2-1.

Na véspera do encontro o optimismo reinava na Luz apesar da notícia das ausências forçadas, por lesão, de Chalana e Vítor Baptista. Nos ingleses, o grande ausente era um dos seus melhores jogadores, o escocês Graeme Souness. O Benfica foi para estágio e, em declarações a Record, o técnico Mortimore considerou o Liverpool menos forte do que na época anterior, enquanto o capitão Toni apelava aos sócios para reacenderem "o antigo inferno da Luz".

Os adeptos encarnados responderam ao apelo e, apesar do dilúvio, encheram a "catedral", mas acabaram por ver pouco futebol por dois motivos: primeiro, o relvado estava impraticável e a bola quase não rolava; segundo, porque a quantidade de guarda-chuvas era tal que a maioria dos espectadores quase não via o terreno de jogo.

O Benfica marcou primeiro, aos 15 minutos, por Nené, após uma abertura de Shéu. Depois, o estado do terreno piorava a cada jogada e tornava-se favorável aos ingleses, mais habituados aos relvados empapados. Case empatou ainda na primeira parte (37) e Hugues marcou a reviravolta com um espectacular remate em arco, aos 71 minutos. Terminou assim a aventura europeia nessa época, pois, na segunda mão, os "reds" voltaram a vencer (4-1) e, dois meses depois, revalidaram o título europeu ao vencerem o Brugge, por 1-0.

O "Gentleman" Bob Paisley e as "umbrelas"

No final do encontro, Aeakes, director do Liverpool, lamentou-se ao repórter de Record pelo facto de não ter visto nada por causa das "umbrelas" (guarda-chuvas): "Só de vez em quando consegui ver um bocado da relva e só soube quem marcou os golos no fim do jogo."

Bob Paisley, o mítico treinador do Liverpool, revelou-se um "gentleman" na altura de comentar a partida: "Este resultado foi uma lotaria, como sucede com terrenos assim." Mesmo assim, o técnico acabou por confessar sentir-se satisfeito com o resultado pois até o empate lhe agradaria.

Entre os benfiquistas lamentava-se um possível “penalty” não assinalado sobre Pietra. Alhinho, nessa época a jogar na Bélgica, desculpou a derrota do Benfica com a chuva e a lama: "Não há nada a fazer, os ingleses jogam dez meses nisto!"

Os únicos despreocupados com as condições climatéricas sentidas na Luz foram os adeptos ingleses, bem identificados por terem dispensado os guarda-chuvas, formando assim a única mancha colorida nas bancadas. Foram a prova do slogan do clube: "Nunca caminharás sozinho."

Bento treinou em baliza mais alta

O estilo de jogo dos britânicos foi sempre diferente do utilizado pelos europeus do continente. Sabendo da preferência dos ilhéus pelo futebol aéreo, o guarda-redes Bento treinou-se numa baliza especial - bem mais alta do que as normais - nas vésperas da recepção ao Liverpool. Apesar da derrota, os golos não foram marcados com a cabeça.

Cem contos de prémio e mais algum por fora

Caso o Benfica eliminasse o Liverpool, cada jogador dos encarnados receberia um prémio especial de 100 contos, além da quantia oficial de 60 mil escudos, o habitual para cada vitória. Contudo, e sendo o adversário o campeão europeu em título, era natural que surgissem "mais uns dinheiros por fora", como Record anunciou.

Benfica sofreu os primeiros golos

O Benfica sofreu no encontro frente ao Liverpool, dos quartos-de-final, os primeiros golos na Taça dos Campeões 77/78. Na primeira eliminatória os encarnados empataram a zero os dois jogos com o Torpedo de Moscovo (apuraram-se nos “penalties”); na segunda, venceram o 1903 Copenhaga por 1-0, em casa, e igual resultado na Dinamarca.

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