As declarações do treinador do Benfica depois da vitória sobre o Atlético, por 2-0
José Mourinho mostrou-se, esta sexta-feira, muito desiludido com a 1.ª parte do Benfica na vitória frente ao Atlético (0-2), e assumiu mesmo que, ao intervalo, a sua vontade era tirar nove jogadores ao invés dos quatro que tirou.
"Estava aqui escondido a ouvir a tua entrevista ao jogador do Atlético e acho que ele disse a verdade. Eles fizeram um trabalho extraordinário. Vi-os jogar ao vivo em Mafra, no jogo da liga deles, e percebi que havia organização, miúdos com qualidade e que teriam condições para nos criar algumas dificuldades. Mas a nossa primeira parte é pobre. E é pobre ao nível do que mais me dói, que é quando és pobre ao nível da atitude. Houve muito jogador que não foi sério, não encarou as coisas como devia. Ao intervalo faço quatro substituições mas gostava de ter feito nove. Ao intervalo, identifiquei no balneário os jogadores que manteria de bom agrado. Havia dois que queriam jogar. Os jogos são para levar a sério. Os outros nove não estavam. Na 2.ª parte, obviamente, melhorámos muito. O Atlético não conseguiu sair como saía, ter lançamentos de linha lateral, que aquele miúdo tem uma capacidade fantástica de meter a bola na área... Era uma questão de tempo para fazermos golo. Se tivéssemos conseguido mais cedo, o resultado seria certamente mais volumoso. Assim foi quanto baste, mas atitude na 2.ª parte melhorou, fomos completamente dominadores. Não gostei da 1.ª parte", começou por referir, à RTP.
Rodrigo Rêgo é para continuar? "É para continuar. Não posso dizer se é para continuar como titular, se na próxima terça-feira jogará ou não. Mas sigo com a máxima atenção, apesar de estar aqui há pouco tempo, os jogadores das camadas jovens. E sabia uma coisa relativamente ao Rêgo: não poderia antecipar se ele faria um grande jogo, se teria muita qualidade no seu jogo, mas sabia que não me iria trair. E não gosto de jogadores que me traem. O Rêgo faz um jogo muito positivo, equilibrado, era um dos dois que não tirava ao intervalo".
E o sistema? "Não tem nada a ver uma coisa com a outra. O que não resultou foram os jogadores que estiveram em campo. Não queria individualizar uma coisa que se deve fazer internamente, mas para tirar alguns dos jogadores que quis tirar, era obrigado a mudar de sistema. O problema não era o sistema, eram os jogadores. Houve jogadores que desde o primeiro minuto não estavam cá. Já disse que não me venham bater à porta porque não jogam".
Mensagem não está a passar? "A mensagem é uma mensagem geral, dos benfiquistas. No meu caso, sou o treinador do Benfica e a responsabilidade é minha, mas os jogadores também têm, fundamentalmente para com os benfiquistas. E ao nível da atitude, há coisas que não são negociáveis e que não posso aceitar. Estou seguro que o Benfica perdoa muita coisa de um modo geral, não perdoa falta de atitude".
O outro jogador era o Aursnes? "O Otamendi... Tiraste-me as respostas que não queria dar".
À Sport TV:
Houve um jogo neste estádio, em janeiro de 2003, que o marcou muito enquanto treinador. Aquilo que disse ao balneário hoje ao intervalo foi fundamental? "Achei que ia falar no jogo em que me enganei e marquei três golos aqui... Enganei-me nesse dia. 7 de novembro de 1982. Pensei que ia falar de uma memória boa. Estávamos a perder com o Belenenses e o Jorge [Costa] teve uma atitude à Jorge. E virámos o resultado. Hoje a situação não era tão dramática quanto isso, não estávamos a perder ao intervalo nem numa situação de perigo, mas era muito pouco para uma 1.ª parte do Benfica. Ainda que contra o vento típico, um estádio extremamente ventoso à noite. Mas a atitude foi pobre. Fui tranquilo ao intervalo, mas fui muito honesto. Disse que havia coisas que não aceitava. Não mudei cinco porque não podia jogar 45 minutos sem uma única substituição. Mas fiz quatro e penso que mudaram o jogo pela intensidade, seriedade".
Antes da paragem, falou em jogadores que ainda não sabiam o que era o Benfica. Hoje sai desagradado na mesma... "Há jogadores que às vezes saem do clube e não sabem. Pode ser que aconteça com alguns...".
O que não está a passar para os jogadores? "A responsabilidade é do chefe, é minha. Quando critico os jogadores, estou a criticar-me a mim por não conseguir tirar o melhor deles. Isso está implícito. Quando critico a equipa e os jogadores, estou a criticar-me a mim".
Então o problema não foi do sistema? "Não são três centrais, são três defesas. As equipas que jogam com três centrais jogam com cinco defesas. O Rêgo e o Dedic jogaram como alas altos. O problema não foi o sistema, foi a atitude. Mas obrigatoriamente, com as substituições, tinha de jogar a quatro [defesas]. Senti que o Paulinho estava a entrar em fadiga, pensei que dar amplitude e atacar com Schjelderup e Dahl poderia criar problemas. E acabámos por empurrar o Atlético para trás. Na 1.ª parte sonhou ser tomba[-gigantes], mas na 2.ª não tiveram a possibilidade de sonhar. Mas obviamente, estamos a falar de uma equipa de um escalão inferior, que jogou bem, competiu, tem bons jogadores, boa organização. Já tinha visto no campeonato ao vivo em Mafra e gostei, e hoje contra o Benfica uma atitude boa. Um estádio que não é o seu estádio, mas é um estádio também histórico. Uma noite bonita para eles e para nós, claro que ganhar a eliminatória é normal. Acho que acabámos por fazê-lo com tranquilidade e mérito".
Rodrigo Rêgo é para manter? Ganhou um lugar no plantel? "Não ganhou nada. Ganhou o direito de amanhã treinar connosco e muito provavelmente vai continuar connosco. Não me traiu, não traiu a minha confiança, não traiu os colegas, não traiu o Benfica. Sabia perfeitamente que a sua entrega, concentração e ilusão de jogar na primeira equipa do Benfica ia ser evidente. Se pudesse jogar na Youth League... Como não pode, vai estar convocado connosco e pode perfeitamente ser utilizado. E muito honestamente, neste momento confio mais nele do que em alguns".
A base poderá ser a da 2.ª parte? "Honestamente ainda não pensei, não gosto de pensar em dois jogos ao mesmo tempo. Hoje é noite de dormir pouco e mal e começar a pensar no Ajax. Mas até agora não me debrucei sobre isso. Sistemas não são problema. Jogar a três não é fácil, exige cultura tática. Trabalhámos só dois dias na globalidade dos jogadores. É um sistema adaptado aos poucos alas que temos, e uma das razões pelas quais o fiz foi na tentativa de dar ao Ivanovic um habitat mais parecido ao que tinha no St. Gilloise, onde jogava com um avançado mais fixo. O que me defraudou foi a atitude de alguns jogadores na 1.ª parte".
Relacionada
Nas imediações do Estádio da Luz
As declarações do treinador do Benfica depois da vitória sobre o Atlético, por 2-0
Jovem jogador foi titular frente ao Atlético
Especialista Record Marco Ferreira analisa a arbitragem de Fábio Veríssimo
Guarda-redes português, de 37 anos, está sem clube
Gestifute, a empresa do português, também venceu um galardão
Antigo defesa-central contou como foi a chegada ao Real Madrid, em 2011
Nikki Seey volta a 'atacar' o ex-namorado Moumi Ngamaleu, jogador do Dínamo Moscovo que foi apanhado a trair