O dossiê Cardozo tem de ser resolvido com urgência. Esta é a opinião da nação benfiquista sobre o tema que domina a agenda do clube da Luz e divide os adeptos, como se percebeu no encontro com o São Paulo, no último sábado. Para sair ou para ficar, José Augusto, Toni, Braz Frade e Gaspar Ramos colocam o carimbo prioritário neste processo.

Com o aproximar do início do campeonato, é opinião generalizada, também na SAD, que Luís Filipe Vieira seja sensibilizado para que este dossiê seja fechado. Esta corrente entende não haver condições para que o atacante paraguaio continue no Benfica. O presidente do clube da Luz não abre, contudo, mão dos 15 milhões de euros para transferir o melhor marcador estrangeiro do Benfica, por perceber que há mercado para Cardozo.

Bicampeão europeu e Record de Ouro, José Augusto não esquece que este tema tem sido fraturante. “Os adeptos estão divididos”, sublinha o antigo extremo das águias, numa alusão ao que se passou no Estádio da Luz, no último sábado, no desafio da Eusébio Cup – enquanto parte do público entoava o cântico dedicado ao ainda camisola 7, outra reprovava essas palavras.

Sublinhando que o impedimento de entrar no estádio decorre dos “regulamentos internos”, José Augusto advoga que “já devia ter existido uma conversa entre as partes”. “Se um clube não paga o que pedem por ele, as coisas têm de ser solucionadas de outra forma”, refere, defendendo, inclusive, a reintegração de um dos ativos mais valiosos da SAD. “Cardozo é um profissional e tem de aceitar. Por vezes, os treinadores têm de saber engolir sapos.”

Precedente

Treinador que conduziu o Benfica à vitória no campeonato, em 1993/94, Toni observa que a Liga está à porta (as águias estreiam-se dia 18, no reduto do Marítimo) e não vislumbra fumo branco. “Está a ser um processo demasiado moroso. A duas semanas do início do campeonato, esta situação devia estar resolvida para bem do clube”, sintetiza o treinador.

Sublinhando que “agora não se justificam mais adiamentos”, porque falhou a transferência, João Braz Frade, que integrou a direção liderada por Vieira entre 2006 e 2009, não tem dúvidas em afirmar que, por ele, “Cardozo ficava” no plantel, mas castigado pelo ato na final da Taça de Portugal, que testemunhou ao vivo. “Vieira fez bem em não vender ao desbarato”, acrescenta.

O antigo dirigente faz um paralelismo entre a atitude de Cardozo e a de Jesus, na pré-época de 2012, no desafio com a Juventus. “Ele deu o exemplo do que não se deve fazer quando, em público, correu a apontar o dedo a Ola John”, lembrou, frisando que a “estabilidade emocional dos jogadores é “responsabilidade” do treinador.

PONTO DA SITUAÇÃO

Oscar Cardozo esteve com um pé no Fenerbahçe – onde iria auferir 3 milhões de euros anuais – mas o emblema turco não apresentou as garantias bancárias exigidas. Por agora, as negociações encontram-se paradas

O clube de Istambul ofereceu 12 milhões de euros pelo internacional paraguaio, mais três milhões de euros em objetivos. No entanto, exigências de última hora dos responsáveis encarnados fizeram o negócio andar para trás

Enquanto espera que a situação se resolva, o internacional paraguaio tirou uns dias para se refugiar em Sesimbra. Praia e ginásio foram as distrações do jogador, que chegou a receber a visita do lateral-direito Maxi Pereira

Alguns adeptos não esquecem o ainda camisola 7, já que na partida frente ao São Paulo, na Luz, houve mesmo quem tenha gritado por Cardozo. Cânticos a favor do avançado guarani, que deixaram perceber que a nação benfiquista se encontra dividida

Mercado de verão encerra a dia 2 de setembro e, no caso de não sair, o Tacuara poderá ser reintegrado nos trabalhos do clube. Espera-se para breve a resolução do processo disciplinar