Depois do "tri", a fasquia está agora no "tetra" que as águias nunca conquistaram
"O Rui Vitória volta a casa." E voltou para ficar, pode escrever-se. O treinador que Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, contratou para dar expressão ao "novo paradigma", construído a partir do pólo da formação no Seixal, em 2015, renovou contrato até 2020. Mas por vontade do presidente continuará enquanto for capaz de responder aos desafios que lhe forem lançados. "Queremos o ‘tri’, queremos a tua ambição", disse Vieira a Vitória, na apresentação, há menos de dois anos. Conquistado o ‘tri’, que o Benfica não alcançava há 39 anos, o presidente quer o inédito ‘tetra’ e o timing para concretizar a renovação de contrato, quando faltam sete jornadas para acabar a Liga, é um voto de confiança inequívoco no "pés de chumbo", como era conhecido Rui Vitória quando jogava no Vilafranquense, por ter um remate muito forte.
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O atual treinador da águias nasceu em Alverca, a 16/4/1970 (46 anos). Como jogador passou por Fanhões, Vilafranquense – com o qual se sagrou campeão nacional da antiga 3ª Divisão, em 1997/98 - , Seixal, Casa Pia e Alcochetense, onde acabou a carreira aos 32 anos, para assumir o comando técnico do Vilafranquense, entre 2002 e 2004. Entretanto, licenciou-se em Educação Física e Desporto na Faculdade de Motricidade Humana. E entrou pela primeira vez no Benfica, para assumir a equipa de Sub-19, no período 2004-06. Discutiu o título nacional, mas acabou por perdê-lo para o Sporting, de Paulo Bento. Rumou então ao Fátima (2006-10) e foi campeão nacional da então 2ª Divisão B (2008/09). Chegou à Liga principal para dirigir o P. Ferreira (2010-12) e passou depois para V. Guimarães (2012-15), tendo ganho a Taça de Portugal 2012/13 ao Benfica.
Calmo e metódico
Rui Vitória é visto como calmo e metódico. Depois de um percurso escolar como "aluno médio-alto", segundo Joaquina Gouveia, sua antiga professora de História, foi cumprindo objetivos, tendo conciliado a carreira académica com a profissional - foi professor e treinador ao mesmo tempo. A transferência para o P. Ferreira, em 2010, obrigou-o a deixar a docência, mas sem se desligar do ensino, continuando vinculado ao Ministério da Educação, com a vaga de professor congelada.
A passagem por Paços de Ferreira deixou marca. Antigos jogadores recordam, emocionados, a forma como preparou a final da Taça da Liga, frente ao Benfica, de Jorge Jesus, em 2010/11. Para além de ter feito um vídeo motivacional, escreveu uma carta a cada elemento do plantel, segundo revelou Caetano. Perdeu, mas não deixaram de reconhecer-lhe valor. "Às vezes, a tranquilidade dele com tudo deixava-me furioso. Mas sempre acreditei na sua qualidade e que iria chegar a um grande", disse Carlos Barbosa, antigo presidente do P. Ferreira.
A intervenção de Rui Vitória atingiu uma audiência mais alargada quando publicou o livro "A arte da guerra para treinadores", no qual deu a conhecer alguns traços do seu ideário.
"O treinador deve ter a capacidade de perceber o clube que integra. A partir daí será fácil estar em sintonia com a direção" - e é cada vez mais óbvio que Vitória percebe o Benfica que Luís Filipe Vieira quer.
"Não quero jogadores mecânicos. Quero jogadores que tenham a capacidade de perceber que o jogo tem vida própria, que sejam capazes de se adaptar à dinâmica da partida" – neste conceito encaixa o médio Pizzi, que o treinador não dispensa, a não ser em circunstâncias muito particulares.
Na apresentação no Benfica, em 2015, onde chegou com o adjunto e amigo Arnaldo Teixeira, de quem era colega na escola, Rui Vitória fez declarações emotivas: "Darei a vida por este clube." Mas nenhuma teve tanto impacte quanto esta: "Não tenho nenhum medo do que foi feito, nem nenhum medo do que vem aí."
E o que veio a seguir começou por não ser bom. O Benfica perdeu a Supertaça para o Sporting, de Jorge Jesus; voltou a perder na Liga, em casa; e foi eliminado da Taça de Portugal em Alvalade. Sempre com Jorge Jesus no lugar de primeiro protagonista.
O Benfica chegou a estar a 7 pontos do Sporting. Mas foi dando a volta, com Rui Vitória a assumir em pleno a mudança de paradigma, que tem na formação a principal trave. A repescagem do jovem Renato Sanches ao Benfica B acabou por ser fundamental e deu razão ao que o treinador disse no início da época: "O cavalo passa à porta de toda a gente e quem souber montar pode tirar proveito disso". Sanches saiu a galope e só parou na final do Europeu, depois de já ter sido campeão nacional e de vencer a Taça da Liga.
A seguir a uma fase de grande dúvida sobre a capacidade de levar o Benfica à conquista de títulos, Rui Vitória não só ganhou como bateu recordes no clube: mais vitórias na Champions (5), mais golos marcados na Champions (15), e mais milhões encaixados na Champions (28,5). Para além do máximo de pontos na Liga (88).
A fasquia está agora no "tetra" que o Benfica nunca ganhou. Contrato novo já Rui Vitória tem, faltam-lhe sete vitórias para estar a salvo de surpresas.
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