O SPORTING tem mais hipóteses de vencer o jogo de sábado em Alvalade com o Benfica, segundo o psicólogo Pedro Santos: porque pode visualizar o objectivo palpável de ser campeão. Contudo, o Benfica também reserva alguma hipótese de vencer, ou empatar esta partida, segundo o seu colega de profissão Pedro Almeida: porque é um jogo de tripla também em termos psicológicos.
Quando às 20.00 horas de sábado os jogadores subirem ao relvado de Alvalade para jogar a partida que pode decidir o título de campeão, muitas tensões e pulsões terão percorrido a sua mente. De um lado, a vantagem leonina de jogar em casa, com a bancada cheia e uma dinâmica de vitória que rolou toda a semana em bola de neve. Do outro, o crédito benfiquista de jogar com menos pressão e poder surpreender pela escassez de ansiedade.
Estas ideias resumem a apreciação dos dois psicólogos quinta-feira presentes no “I Encontro Luso-Espanhol de Psicologia Aplicada ao Futebol” organizado pelo ISPA (Instituto Superior de Psicologia Aplicada).
Pedro Santos, presente no colóquio a título de curiosidade, defendeu que a "diferença na 'performance' desportiva das equipas assenta sexta-feira no treino mental. Não é por acaso que os jogadores se motivam mais nos jogos ditos grandes". Este professor de psicologia do desporto no Instituto Politécnico de Tomar é mestre pelo ISPA e prepara uma tese de doutoramento que vai defender em Barcelona. É sportinguista, acompanhou o futebol juvenil do Sporting na época de 1995/96, de onde saiu no tempo de Octávio Machado. Foi treinador de andebol, e vice-presidente do Estrela da Amadora em 1990/91 quando Jaime Salvado era o presidente.
CONFLITOS DE ACOSTA
Considera que sábado o Sporting "tem mais hipóteses, porque tem a visualização do campeonato como factor estimulante". Santos recordou mesmo uma entrevista recente do central leonino André Cruz, ao "Expresso", em que o brasileiro afirmava ser capaz de visualizar o golo antes de bater os livres directos. "Isso treina-se nas vertentes técnica e psicológica", garantiu Pedro Santos, justificando que "se fizesse este treino de competência, podia melhorar a produção nos jogos ao nível do que faz nos treinos, com sete golos em cada dez livres marcados".
"A psicologia aplicada ao desporto visa melhorar a comunicação e as competências. Mas uma coisa fundamental é saber quem são os clientes do psicólogo: eu considero que é o treinador e mais ninguém, porque é a ele que têm." Sendo assim, impunha-se saber o que devem Augusto Inácio e Jupp Heynckes dizer aos seus jogadores nos minutos que vão anteceder o encontro de sábado. "Inácio e Heynckes devem clarificar os objectivos da equipa, que neste momento são bem diferentes nos dois casos." O conflito protagonizado por Acosta com Afonso Martins e Rui Jorge, no treino de quarta-feira, "é um momento propício para clarificar atribuições, e para o treinador fazer perceber a cada um dos jogadores que são importantes, mas existe algo mais importante que é o objectivo comum".
Quanto ao modo como Beto ou João Vieira Pinto vão viver as últimas horas antes do encontro de sábado, Pedro Santos argumenta: "Vão fazer o seu aquecimento físico e psicológico como noutro jogo qualquer, como o 'chuveirinho' que consiste em limpar a cabeça no teatro. O importante para atletas deste nível, são as denominadas 'pistas relevantes' que representam as tarefas de preparação e do próprio jogo, independentes do ambiente e da chamada pressão que se possa exercer sobre eles. O Sporting só pode jogar para ganhar, e aquilo que toda a gente pensa que é a pressão do momento, apenas serve como estímulo e motivação para os jogadores."
INÁCIO "DE PRONTO-A-VESTIR"
As tensões, e pulsões, comuns nos desafios de futebol que geram maior expectativa quanto ao resultado podem ver aumentados os "factores positivos do jogo". Não podem simplesmente, como a experiência determina, degenerar em violência dentro ou fora do campo? "Os factores positivos deste jogo é que podem ser aumentados. Vi aquelas pessoas com uma alegria impressionante no jogo dos 7-1. E julgo que aqui também se trata de uma expectativa de festa e celebração."
Pedro Santos abordou num derradeiro passo, as qualidades de Augusto Inácio e Jupp Heynckes como psicólogos. "Inácio é um psicólogo do pronto-a-vestir, porque é um generalista da psicologia. Há factores afiliativos na sociedade que se traduzem em relações de comunicação e liderança. O Augusto Inácio fez convergir todos esses factores e está em estado de graça." "Difícil vai ser o segundo ano de treino, mas como é habitual no futebol só se lembram dos psicólogos quando há trovoada."
Sobre Heynckes, afirmou que na chegada a Portugal a maior parte das pessoas considerava que o treinador do Benfica era "mole", que "não conseguira gerir o balneário do Real Madrid". "O que me parece é que Heynckes ignorou a importância dos jornalistas e dos jogadores, como se provou ao afirmar que não há vacas sagradas. Isto deve-se à sua cultura germânica, e à falta de uma cultura organizacional em Portugal." Pedro Santos concluiu esta ideia das instituições desportivas portuguesas, com um exemplo: "Estou contra o luto que foi decretado pelo Sporting, porque simplesmente desresponsabiliza os jogadores. E eles pensam e dizem que mesmo que queiram vencer haverá sempre alguém que os vai impedir." Uma sensação ilusória de impotência, resume.
PEDRO ALMEIDA: "UNS PREFEREM ISOLAR-SE OUTROS O 'HEAVY-METAL'"
O Psicólogo e benfiquista, Pedro Almeida, é mais comedido quando chega a hora de um prognóstico sobre o grau de capacidade do Sporting e do Benfica para vencer a partida decisiva de sábado. "Mesmo em termos psicológicos temos uma tripla", afirmou. Este responsável pelo departamento de psicologia aplicada ao desporto do ISPA (Instituto Superior de Psicologia Aplicada) defendeu que nos momentos que vão anteceder o encontro não deve ser transmitida informação complementar ao treinador, nem aos jogadores.
Pedro Almeida argumenta que a ansiedade vai aumentar com a aproximação da hora do jogo. E que as reacções dos jogadores são "as mais diversas que se possa imaginar". "Uns preferem isolar-se, outros falar, outros ainda ouvir música clássica ou 'heavy-metal'." No que respeita à gestação de um eventual clima de violência foi mais cuidadoso na análise. "São situações potencialmente complicadas do ponto de vista social, porque há muitos grupos diferentes ali metidos, mas julgo que os jogadores podem ajudar neste ponto específico, para que o público não seja arrastado para situações violentas."
SOBRE O JOGO
"Ganhará a equipa que tiver feito uma melhor antecipação de todas as situações surpreendentes como uma lesão, ou a perda de um jogador influente. Aquela que tiver preparado melhor uma alternativa para passar de um plano A para um plano B." Esta é a convicção de Pedro Almeida, que considera que Sporting e Benfica "estão ambos motivados, o que resulta num empate". "Em termos de confiança ganha o Sporting. E em graus de ansiedade vence o Benfica que penso terá menos para este jogo." "Por isso, mesmo em termos psicológicos temos uma tripla."
Nos momentos que antecedem o "derby" de sábado, o psicólogo Pedro Almeida defende que "não transmitiria mais informação do que a planeada durante a semana, mas pedia para se divertirem como fizeram quando começaram a jogar futebol. É um apelo à fluidez em termos técnicos e mentais". Este professor de psicologia do desporto defende igualmente que os atletas "não deverão alterar as suas rotinas" nas horas anteriores ao jogo. "Como se sentem, do ponto de vista psicológico? Há para todos os gostos."
Por último, Pedro Almeida prefere chamar "bons condutores de homens" aos treinadores Augusto Inácio e Jupp Heynckes. "Bons psicólogos não são, porque simplesmente não são psicólogos. Há bons indícios que Inácio será um bom condutor de homens, pelo menos desde que ficou resolvido aquele episódio com o Quim Berto [em que o treinador terá apertado o pescoço do jogador, na sequência da não convocação para um jogo]." "No caso de Heynckes essa perspectiva não é tão visível, talvez por uma questão de personalidade e cultura", concluiu.
MIGUEL COSTA NUNES
Médio de 19 anos somou os primeiros minutos pela equipa principal frente ao Nápoles, na Champions
Jovem defesa, que se estreou pela equipa principal na Champions, concedeu uma entrevista aos canais oficiais do clube
Clube argentino pretende comprar metade do passe
Alemão liderava a prospeção dos suíços quando Renato Veiga foi contratado e em que foi feita uma aposta na robustez física
Jovem defesa do Boca Juniors fez confissão aos jornalistas
Avançado uruguaio de 38 anos deve rumar ao Nacional de Montevideo
Estudo mostra que os jogadores têm mais dificuldades em se impor ao saírem muito jovens dos seus países
Belgas e holandeses também perderam