Apesar das grandes ausências, o treinador não fez tudo o que estava ao alcance para chegar ao golo e no desempate por penáltis os jogadores pareceram assustados com o cenário de uma baliza cheia pelos
A maldição das finais europeias voltou a atacar o Benfica ontem em Turim, juntando à longa lista de deceções a segunda perdida por grandes penalidades. Numa baliza que, à frente dos adeptos andaluzes, pareceu encolher aos olhos de Cardozo e Rodrigo, Beto defendeu os remates que deram ao Sevilha a segunda Liga Europa através deste tipo de desempate.
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A falta de capacidade de concretização, numa partida em que, tal como há um ano, mostrou superioridade tática e dispôs de mais e melhores ocasiões, é uma maldição bem mais concreta e associável a Jorge Jesus do que o folclore em torno de Bela Guttmann. O que lhe passou pela cabeça quando preferiu Maxi Pereira a Cavaleiro como extremo-direito e porque esperou até ao prolongamento para esgotar todos os trunfos ofensivos num jogo em que, muito cedo, ficou patente que a primeira equipa a marcar sairia vencedora?
Substituição
Os primeiros 25 minutos foram muito tensos, com imensas faltas, algumas no limite da dureza e que acabaram por ter um custo pesado, com a lesão de Sulejmani, que teve de sair e provocar uma mexida inimaginável no flanco direito. A partir dos 24 minutos, com o stock de extremos depauperado entre castigos e lesões, embora com Ivan Cavaleiro no banco, Jorge Jesus recorreu a Maxi Pereira para a posição, colocando André Almeida na lateral – o que se traduziu numa equipa do Benfica com três portugueses em campo, contra dois do Sevilha. Foi uma substituição marcante, que talvez se justifique pelo pletórico estado de forma em que se encontra o lateral uruguaio, mas incompreensível quando deixava sentado no banco um especialista na posição, que está entre os 30 escolhidos de Portugal para o próximo Mundial.
Voluntarioso e sempre entregue ao jogo, Maxi acabou por protagonizar a primeira grande oportunidade da partida, já muito perto do intervalo, ao surgir isolado perante Beto no centro da grande área, através de um passe esplêndido de Ruben Amorim na meia-esquerda. O guarda-redes negou-lhe o golo e também defendeu de seguida a recarga de Rodrigo. Estávamos nos 41 minutos, quando o Benfica surgia finalmente na partida, liberto da malha apertada montada por Unai Emery. O final da 1.ª parte era o início do grande desperdício ofensivo dos encarnados, com a equipa a libertar-se finalmente da enorme tensão que a impedia de ligar o futebol, tantos foram os erros técnicos, as bolas perdidas, os passes mal calculados, sobretudo na zona central do terreno, onde a indefinição de André Gomes era esmagada pelo brilhantismo de Rakitic.
As equipas encaixaram desde início num espaço reduzido, o que favoreceu os espanhóis e atrasou a tranquilidade que o Benfica necessitava para se capacitar de que mantinha toda a competitividade, não obstante as ausências forçadas – e que falta fez Enzo Pérez! Foram escassas as ocasiões e os momentos de jogo fluído, ressaltando a preciosidade que é o croata Rakitic, o único jogador em campo que no primeiro tempo parecia capaz de arredondar a bola, em contraste com as perdas constantes e as más opções de passe do meio-campo encarnado.
Desperdício
O intervalo fez bem ao Benfica, que entrou virado para a baliza “gorda”, à frente dos adeptos portugueses, e teve logo nos primeiros minutos uma tripla ocasião que era o prenúncio do prejuízo que aí vinha. Os avançados simplesmente não encontravam a direção da baliza, a bola batia sempre num corpo à frente de Beto, que se apresentou extremamente confiante e motivado.
O Sevilha ainda tentou contra-atacar no começo, mas também não tinha finalização, enquanto Oblak e Luisão continham possíveis danos nas bolas paradas. O ataque andaluz fechou o expediente aos 70 minutos, num remate de Fazio, na sequência de um livre, e até final só deu Benfica: 20 minutos no meio-campo contrário, mas apenas quatro finalizações e só uma enquadrada na baliza, negada a Lima por Beto, com alguma espetacularidade, embora sem perigo de maior.
Demora
Jorge Jesus demorou a mexer na equipa. Cardozo só entrou no prolongamento e porque Siqueira já não podia mais, quando já faltava lucidez e rigor na transição para o ataque: embora fisicamente em pior estado, o Sevilha controlou o espaço e o relógio e só permitiu dois remates precipitados, de muito longe, a André Gomes, em todo o prolongamento. Mas também esta substituição terá sido um momento menos lúcido de Jesus, mexendo em três posições de uma assentada, o que nos compêndios do futebol é conhecido como meio caminho para o fracasso: Maxi baixou de novo para lateral, Almeida mudou de flanco e Rodrigo saiu da zona central. Se lhe juntarmos o desaparecimento de Amorim e de Gaitán, a equipa ficou sem dínamo, sem liderança e sem ideias.
Foi um final penoso, com o Benfica a afundar-se psicologicamente e a deixar-se claramente derrotar pelo medo cénico da baliza de Beto, na decisão dos penáltis.
Árbitro: Felix Brych (nota 2)
Um penálti sobre Lima e outros erros menores
O Benfica reclamou muito do árbitro alemão que dirigiu o jogo com alguma indulgência para a agressividade dos jogadores espanhóis, se considerarmos a mesma punição para o golpe que deixou Sulejmani imprestável e um lance limpo de Siqueira, pouco depois. Mas o erro capital foi uma grande penalidade clara de Moreno sobre Lima, cinco metros à frente do árbitro de baliza. Nos outros lances de grande área, as eventuais infrações não foram tão evidentes.
Nota técnica
Unai Emery (3). Treinador virado para os resultados, bloqueou a ligação entre os médios-centro e os avançados do Benfica, sem receio de abusar da agressividade. As enormes limitações da equipa são disfarçadas por processos simples: recuperar a bola e endossá-la a Rakitic.
Jorge Jesus (2). Maxi Pereira não lhe tirou a razão, mas a tendência para trocar os papéis em jogos de importância capital acaba sempre mal. Arrisca o genial, mas sai quase sempre a perder. Não foi capaz de forçar o golpe de misericórdia quando o Sevilha parecia nas cordas.
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