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Shéu Han: O novo interino do Benfica

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Shéu Han: O novo interino do Benfica

A INFÂNCIA em Moçambique deixou por certo algumas marcas na personalidade de Shéu Han, o filho africano de um casal de origem chinesa, que lhe justifica as feições e explica a serenidade. No domingo, foi confrontado com o desespero de Vale e Azevedo para encontrar treinador até ao regresso do alemão Jupp Heinckes a Lisboa. E aceitou trocar, por momentos, o lugar de secretário técnico pelo de treinador que nunca ocupara antes no seu clube de sempre.

Com a desgraça de Souness, o Benfica encontrou mais um treinador interino. Daqueles preparados para servir o clube como quem serve a pátria, ou a família. E daqueles que reservam na formação com os melhores técnicos a sua experiência. A geração de treinadores interinos mudou com esta operação de salvamento insuflada por um presidente que suspendeu e foi insultado pelo homem forte do último ano e meio de futebol na Luz. Mário Wilson, tantas vezes utilizado nestas circunstâncias, foi desta vez preterido.

DEPOIS DE WILSON

A sua imagem de Wilson, demasiado conotada com o ex-presidente Manuel Damásio, terá pesado na decisão de promover outra personagem para este papel. E romper com os benfiquistas mediáticos do passado recente. Mas agora, só mesmo Shéu pode acreditar que o seu percurso no Benfica permanecerá o mesmo. A carreira como secretário técnico nunca mais será a mesma, porque a geração mudou, e agora os interinos e adjuntos da Luz pertencem ao Benfica dos anos 70, e ao legado dos últimos treinadores campeões no clube.

No primeiro dia em novas funções, Shéu abriu o treino aos sócios e adeptos. Contudo, as primeiras palavras proferidas logo no domingo após o empate (1-1) frente ao Campomaiorense, na Luz, o novo treinador interino do Benfica foi mais comedido. "É claro que não esperava. Este não é um momento para se falar muito, mas gostaria de deixar uma palavra de apreço a Souness. Trabalhei com ele durante 18 meses e sei o que é normal acontecer a todos os responsáveis. Não haverá qualquer competição da minha parte." "Encaro esta nova tarefa com espírito de missão. Não pretendo concorrer a qualquer lugar de treinador. O clube está com uma dificuldade e tentarei ajudá-lo." "Posso dar a minha experiência de alguns anos. Há a necessidade de dar a volta às questões. Quem ajudou o Benfica tem de enfrentar as dificuldades. Se não for assim, não vale a pena", afirmou.

O novo interino do Benfica tem uma linguagem diferente do seu antecessor, apesar de na troca de galhardetes que assumiu na hora de tomar o comando da equipa. Agora, depende de si próprio e de um lote de jogadores considerados de classe inferior pelo ex-treinador de Benfica.

UM PERFIL DE CAMPEÃO EM TRÊS DÉCADAS

A leitura mesmo superficial de livros, revistas e jornais que dedicaram linhas a Shéu Han quase nos leva a cair na tentação de pensar que o ex-jogador do Benfica é um exemplo profissional e humano. Estranha-se a falta de crítica, e quando se fala com o próprio percebem-se um pouco as razões de tanta bonomia nos termos.

Ninguém tem nada a apontar ao homem que Vale e Azevedo escolheu para colmatar o lugar deixado vago por Souness, perguntará o leitor. A resposta é simples: o homem é ainda mais tímido e introvertido que o profissional, e Shéu nunca foi de muitas falas. Pessoa de arriscar pouco na opinião, geriu uma carreira de 19 anos como jogador (1970/89) sem pestanejar nos objectivos. E sem nunca perder de vista os limites da ambição.

Aos 45 anos, o moçambicano de origem chinesa e ex-secretário técnico, foi repescado para uma das funções mais aliciantes no futebol nacional. Ser treinador do Benfica, mesmo limitado aos quatro jogos que faltam disputar no campeonato, pode tornar-se uma relíquia para guardar na mais nobre das prateleiras desportivas. E currículo? O homem tem? Perguntámos, e resposta unânime foi positiva, com base num pressuposto: dez anos na Luz a trabalhar e privar com treinadores como Eriksson, Ivic, Toni, Artur Jorge, Mário Wilson, Paulo Autuori, Manuel José e Graeme Souness deram-lhe a informação complementar do curso de quarto grau que fez questão de tirar entretanto.

Nos 19 anos de carreira como jogador profissional (os dois primeiros ainda como júnior) venceu 11 campeonatos nacionais pelo clube de sempre, o Benfica. Seis Taças de Portugal, duas Supertaças, e a presença em 62 partidas das competições europeias completam um currículo cheio com 24 internacionalizações A. Contudo, neste percurso feito de histórias como a dos grandes ídolos da bola, permanecem o único golo marcado por uma equipa portuguesa na final da Taça UEFA, ao Anderlecht na época de 1982/83. Shéu envergou a braçadeira de capitão do Benfica. E participou na final da Taça dos Campeões, em 1987/88, em Estugarda, frente ao Milan. A nível internacional, o antigo médio ofensivo do Benfica integrou dez vezes a selecção de juniores, sete a de esperanças e 24 a principal categoria. Shéu Han tem um perfil campeão.

UMA CARREIRA COM 19 ANOS E 18 TÍTULOS

O tom concentrado é imagem de Shéu Han, a quem os companheiros e ex-treinadores chamaram leal, correcto, dedicado, franco e respeitador. Hoje diz que não quer rivalizar com ninguém pela posição de treinador interino que ocupa no Benfica. Mas na última temporada (1988/89) como jogador liderava o pelotão encarnado, com braçadeira de capitão na frente do goleador Rui Águas, e dos restantes companheiros que subiam do balneário da Luz ao relvado. Nessa época foi campeão nacional pela 11ª vez, sob a orientação técnica de Toni.

Quatro anos antes, em 1985, na inauguração da "Sport Shéu" de artigos desportivos, na companhia de Nené, de mestre Eusébio, Oliveira e Carlos Manuel. Num Benfica-V. Setúbal, em Março de 1977, festejou mais um golo com exuberância a contrastar com a pose natural que assumiu sempre dentro e fora dos relvados. Nesse tempo, o estilo inconfundível no olhar e no controlo da bola, que deixava os adversários em respeito. Outros tempos.

No fim da carreira, em Julho de 1989, despediu-se como um campeão autêntico. Com a braçadeira de capitão do Benfica no braço esquerdo, e a atenção no público que o aclamava das bancadas, Shéu Han manteve o olhar sereno e reconhecido por tantos anos de êxitos e alegrias. Da esquerda para a direita, Luís Tadeu, Marcel de Almeida, Nené, o então presidente João Santos, Adriano Afonso e Jorge de Brito também aplaudiram 19 anos de carreira de um grande jogador.

MIGUEL COSTA NUNES com FERNANDO DIAS

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