“Duas garfadas” de peixe cozido indicavam que a situação não era boa...
As dores já eram muitas nos últimos tempos, mas Eusébio procurava não mostrar sinais de angústia. Tentava até levar a vida com alguma normalidade. Sábado almoçou no lugar do costume, o restaurante Adega da Tia Matilde, situado em Lisboa. Comeu pouco. Apenas "duas garfadas" de peixe cozido. Depois foi para casa, onde viu o Benfica-Gil Vicente, dos oitavos-de-final da Taça de Portugal, assistindo à maior goleada dos encarnados nesta temporada (5-0).
Nos últimos dois anos foram muitos os "dias complicados" e não eram só as pernas e o joelho esquerdo – "numa desgraça" – a dar sinais de fraqueza. "Eusébio procurou sempre esconder as angústias, as raivas. Quem o acompanhava percebia a sua fragilidade – tinha até dificuldades ao dar autógrafos –, mas foi sempre um lutador, um campeão com apego à vida", afirma João Malheiro, amigo e biógrafo oficial do Pantera Negra.
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Inesperado
O encontro com amigos era habitual. Assim foi a 21 de dezembro. "Estive com ele 15 horas. Almoçámos, jantámos e ceámos juntos. Percebi que ele já não era o mesmo. Eusébio também já sentiria isso, mas nada indicava que seria para já. E ainda há três dias me telefonou para marcar um almoço com o Artur Jorge", acrescentou.
Por já se sentir "muito frágil", Eusébio não compareceu no funeral da filha de Artur Jorge, que morreu devido a um tumor cerebral no dia de Natal, mas queria dar um abraço ao ex-selecionador nacional, o que já não aconteceu.
Na quadra natalícia, Eusébio não se esqueceu dos amigos, como Toni. "Todos os anos lhe ligava na véspera de Natal, mas este ano não consegui e ele telefonou-me no dia 25. Quando me telefonaram às 6 da manhã foi uma surpresa. Embora soubesse da debilidade da sua saúde, nunca pensei que o seu fim estivesse próximo", refere Toni.
Sofrimento
O Pantera Negra pagou as faturas do futebol e "viveu nos limites". Os últimos seis anos da vida de Eusébio foram mesmo muito difíceis, apesar da sua enorme capacidade de luta.
Os problemas de saúde relacionados com o sistema circulatório existiam, mas o primeiro verdadeiro sinal de alarme surgiu no final de abril de 2007, quando teve de ser internado no Hospital da Luz.
O cirurgião Germano do Carmo explicou que Eusébio sofria de problemas de irrigação do cérebro, devido à obstrução das artérias carótidas internas, o que forçou uma intervenção cirúrgica preventiva, face ao risco elevado de ocorrência de um AVC (acidente vascular cerebral).
Novo registo hospitalar teve lugar no final de 2011, a 19 de dezembro, com uma pneumonia bilateral que o forçou a um internamento inicial de 13 dias. Todavia, dias depois voltou ao Hospital da Luz, a 4 de janeiro, de novo devido a problemas respiratórios, mas também motivado por fortes dores no pescoço (cervicalgia aguda). Recebeu alta seis dias depois, na sequência do enorme susto que admitiu ter sofrido.
A 20 de fevereiro voltou ao Hospital da Luz por causa de problemas vasculares, "na sequência de uma crise hipertensiva". Foi o terceiro internamento em dois meses, mas o mais curto, pois saiu passados dois dias. Contudo, o pior ainda estava para vir...
AVC
A situação que acabou por ser a mais mediática, até por via do seu impacto internacional, ocorreu a 23 de junho de 2012, quando, no desempenho das funções de embaixador da Seleção Nacional em pleno Euro’2012, se sentiu indisposto no hotel em Opalenica (Polónia).
Transportado de urgência para o Hospital de Poznan, onde passou a noite, acabaria por regressar a Lisboa quatro dias depois, num avião especial, seguindo de imediato para o Hospital da Luz. Mais tarde, ficar-se-ia a saber que a indisposição sofrida na Polónia se deveu a um AVC. Deixou o hospital passados 14 dias, mas os abalos à sua saúde já tinham deixado mossa.
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