O alerta vermelho colocado no distrito de Lisboa pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera não assustava Jorge Jesus e Leonardo Jardim na preparação para o dérbi. Os dois treinadores estavam preparadíssimos para ir a jogo e estruturaram as respetivas equipas em função das condições climatéricas.

Aliás, antes de conhecerem a real gravidade da situação vivida na Luz, os técnicos de Benfica e Sporting, respetivamente, estavam ansiosos para que Marco Ferreira apitasse para o início do encontro. No entanto, no segundo em que foram informados sobre os perigos que o vendaval poderia provocar (os quais se vieram a verificar), Jesus e Jardim foram taxativos: o dérbi fica para depois.

Bem ao seu estilo, o treinador encarnado foi bastante efusivo nos minutos que antecederam a decisão final, principalmente devido à indefinição de toda a situação: Jorge Jesus estava preocupado com o facto de os seus jogadores estarem há demasiado tempo parados pós-aquecimento e queria perceber, de uma vez por todas, se o dérbi iria realizar-se. Por seu lado, Leonardo Jardim (sempre mais recatado que o oponente de ontem) estava igualmente preocupado com o atraso, mas manteve-se calmo perante as notícias que davam conta do possível adiamento. Aliás, na altura de recolher ao autocarro para a viagem de regresso a Alcochete, a estrutura de futebol dos leões estava visivelmente tranquila com a decisão tomada por todas as partes envolvidas na decisão final.

Transversal

Apesar da vontade de todos os intervenientes em disputar ontem o dérbi eterno, a verdade é que, perante o contexto, a decisão acabou por ser transversal. A boa relação entre os clubes, acabou por facilitar o adiamento do dérbi e, posteriormente, a definição do dia para novo embate entre águias e leões e um acordo para outra data, caso amanhã ainda não haja condições para a realização da partida.

Num encontro onde a rivalidade é sempre levada a níveis bastante elevados, imperou o bom senso para se chegar a uma decisão rápida e, acima de tudo, a proteção da segurança de todas as pessoas presentes no Estádio da Luz, desde os jogadores aos cerca de 56 mil espectadores.

Jesus no túnel com presidentes

Nos minutos que antecederam a decisão que resultou no adiamento do dérbi para amanhã, o treinador do Benfica, Jorge Jesus, esteve ao lado dos presidentes Luís Filipe Vieira e Bruno de Carvalho no túnel de acesso ao relvado. Recorde-se que, após o dérbi da Taça de Portugal (vitória do Benfica por 4-3, após prolongamento) o líder leonino endereçou duras críticas a Jorge Jesus, sublinhando que “há treinadores que deviam preocupar-se mais em treinar as suas equipas e colocá-las a jogar futebol”.

Águias e leões regressam hoje aos treinos

Encerrado o “primeiro capítulo” do dérbi da Luz, Benfica e Sporting regressam hoje ao trabalho, no sentido de prepararem o “segundo capítulo” deste encontro. As águias treinam-se às 10 horas no Centro de Estágios do Seixal e, ao mesmo tempo, Leonardo Jardim orienta a sessão de trabalho leonina na Academia de Alcochete. Refira-se que, ao contrário do que é normal antes dos jogos da Liga, os dois treinadores não irão antever o encontro em conferência de imprensa, visto já o terem feito na sexta-feira. Em termos competitivos, poucas são as coisas que mudam para ambas as equipas. Jesus e Jardim ganham mais um dia para preparar um dos jogos mais importantes da temporada, mas não se anteveem alterações nas respetivas convocatórias ou até nos onze apresentados ontem. No entanto, o fator surpresa acaba por desaparecer, permitindo que os técnicos preparem com maior conhecimento de causa a estratégia para o dérbi de terça-feira.