Na entrevista à revista Dragões, Pinto da Costa admitiu que as saídas de Vítor Baía e de João Moutinho foram as que mais lhe custaram ao longo dos 40 anos na presidência do FC Porto.
"Vítor Baía estava no auge e eu tinha consciência de que ia acontecer o que aconteceu, que íamos passar duas épocas a experimentar guarda-redes por não haver guarda-redes daquela categoria livres para poderem vir para o FC Porto. Custou-me pela saída do jogador e pelas consequências", começou por dizer o presidente dos dragões.
"Mas houve outro que também tive muita pena de ver sair, que foi o João Moutinho. Na altura, o Jorge Mendes tinha negociado a saída dele para o Everton e eu achava que ele era um elemento muito importante – e veja que, passados tantos anos, ainda joga na Seleção Nacional – e um jogador influentíssimo de quem eu gostava muito. O João veio falar comigo e eu disse-lhe: ‘Olha, eu não quero que tu saias, compreendo que não temos possibilidades de acompanhar essa proposta e tu tens esse direito de sir, mas eu gostava que não saísses, porque amanhã vou ser operado ao coração.’ E fui, de facto. E havia pessoas que diziam que eu podia ir de vela, para os anjinhos. Por isso mesmo insisti: ‘Amanhã vou ser operado ao coração e gostava que tu estivesses cá quando eu acordar’. A questão ficou encerrada ali. ‘Presidente, acabou!’, respondeu-me ele. ‘Vá ser operado tranquilamente porque eu não saio por dinheiro nenhum.’ E ficou cá mais um ano, só no ano seguinte saiu para o Monaco, numa grande operação financeira. O comportamento dele marcou-me tanto que tive imensa pena quando o vi sair – e aí já era impossível mantê-lo cá", contou.
"O João Moutinho, para sorte dele, continua num nível desportivo que lhe permite ter um nível salarial que ainda hoje é incomportável para qualquer clube português", lembrou ainda Pinto da Costa quando questionado sobre se gostaria de voltar a ver Moutinho de azul e branco.