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23 outubro

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Centralização de direitos, novo formato para a 1.ª Liga e mais jogos entre grandes: a visão de Villas-Boas

Presidente do FC Porto marcou presença no Portugal Football Summit esta sexta-feira

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Villas-Boas: «Al Ittihad habituou-se a tentar brincar com o FC Porto»

Questionado esta sexta-feira no Portugal Football Summit sobre a competitividade da Liga e a importância da centralização dos direitos, André Villas-Boas não se coibiu de fazer uma longa dissertação sobre o tema.

"Um caminho que temos que trilhar em conjunto. Passa por partir pedra novamente, dos três grandes com os outros clubes. A demografia desportiva portuguesa não tem paralelo com nenhum outro país. Entendo a visão dos outros clubes relativamente ao seu posicionamento da centralização. Eu, no FC Porto, na nossa ótica, e tanto quanto vi das declarações do presidente do Sporting, Frederico Varandas, somos apoiantes da centralização. O Benfica é o único que está num limbo, segundo as palavras do seu presidente. Temos a opinião de que provavelmente dominamos 80% da demografia desportiva portuguesa. E os nossos casos não são comparados nem ao espanhol, nem ao francês, nem ao alemão, nem ao italiano, porque lá existe forte identificação regional, o que não se passa em Portugal. Uma pessoa de Trás-os-Mundos pode ser do FC Porto, do Sporting ou do Benfica, uma pessoa do Algarve pode ser do Sporting, do Benfica, do FC Porto. Dominamos a demografia desportiva portuguesa de uma forma muito clara e vincada e isso é facilmente retratável pelo número mínimo de espectadores em determinados estádios, de assistência a determinados clubes. Isto é importante ter em consideração. O caminho para a centralização é o utilizar precisamente da repetição dos jogos entre os grandes. São os mesmos que trazem mais valor à competição. Nessa chave de repartição podem estar várias propostas e pode nem querer dizer reduzir o número de clubes da 1.ª Liga, pode até querer dizer aumentá-los para 20 e ter um formato tipo Liga dos Campeões onde só jogamos uma volta até dezembro e depois há duas subdivisões, os primeiros 10 jogam uma competição e os outros 10 outra, provavelmente com um slot europeu mas com uma coisa radicalmente diferente e rapidamente um FC porto-Sporting e um FC Porto-Benfica é jogado em vez de duas vezes, desde logo, três vezes.

Ter câmaras instaladas em holofotes de estádio é uma das maiores vergonhas podemos enfrentar
André Villas-Boas

Presidente do FC Porto

Estes são os tipos de desafios que era importante que os clubes se sentassem. Os três presidentes não se podem ver uns aos outros, mas temos um caminho obrigatório a percorrer no sentido de encontrar soluções para o futebol português. Agora, os outros clubes da Liga também têm que se posicionar relativamente à especificidade do que é o futebol português, perceber o seu enquadramento e lanço aqui uma questão. Nos últimos 10 anos, 50% das sociedades desportivas portuguesas sofreram injeção de capital estrangeiro. E dando aqui um exemplo, 30% do V. Guimarães foi comprado por 5,5 milhões de euros. Se pensarmos numa centralização onde vai haver, esperemos nós, uma injeção de capital, se uma entidade antecipa esse capital de direitos televisivos para determinado investidor, quem é que nos diz que esses investidores não recolhem o seu investimento e desaparecem? Podemos estar sujeitos a um pressuposto ‘el dorado’ para determinados investidores que estão atualmente nas outras sociedades desportivas, que encaixam financeiramente a partir do seu investimento e desaparecem do futebol português, deixando os seus clubes na miséria. Há vários desafios ao futebol português, outros que estão intimamente relacionados com a tecnologia, com a funcionalidade do VAR. Volto a repetir e tocar nesta tecla: o VAR não estar 100% operacional na 1ª e na 2ª Liga é uma das maiores vergonhas nacionais que podemos enfrentar. Ter câmaras instaladas em holofotes de estádio é uma das maiores vergonhas podemos enfrentar; e ter, por exemplo, presidentes de clubes que se recusam a investir na tecnologia de VAR e estão à espera que a Federação pague essas tecnologias, também devia ser uma coisa que os envergonha.

A realidade é que temos clubes que assumem este tipo de posicionamento. Precisamos de muita ajuda da Federação, da Liga, precisamos de presidentes fortes, com carisma, com liderança, que debatem estes temas e que não andemos em cimeiras de presidentes onde nada se discute e de onde nada sai. E o que de lá sai é inócuo e vazio para a evolução do futebol português.

Há determinados clubes que estão a pôr travão ao crescimento da marca do futebol português e é isso que eu não posso permitir
André Villas-Boas

Presidente do FC Porto

Tenho feito aqui o meu caminho de alerta. Eu sou presidente do FC Porto Porto, tenho que defender os interesses do FC Porto, evidentemente. Mas, para defender os interesses do FC Porto, tenho que ver a marca do futebol português a crescer. E há determinados clubes que estão a pôr travão ao crescimento da marca do futebol português e é isso que eu não posso permitir. Vou alertando para estes diferentes temas onde podemos ser muito mais criteriosos e relembrar também, por exemplo, os clubes pequenos que tanto alegam na centralização que as apostas desportivas estão, por exemplo, centralizadas. E não é seguramente das pessoas apostarem no Moreirense-Casa Pia, provavelmente é das pessoas apostarem nos jogos em casa do FC Porto, Sporting e Benfica. Acresce também os jogos europeus do FC Porto, Sporting e Benfica, que também entram como fundos da Liga e estão lá centralizados. Portanto, desse lado já não houve queixas. O Pedro Proença conseguiu um grande milagre de votar para que isto, o dinheiro das apostas desportivas, fosse centralizado, mas é para termos consciência que os grandes clubes já ajudam muito os outros clubes. E nós temos este ano, relativamente ao mecanismo de solidariedade da UEFA, um valor recorde de distribuição para clubes de primeira e segunda liga. Portugal é o único país que distribui para clubes de primeira e segunda liga. Todos os outros distribuem apenas para clubes de primeira liga. Foi outra das decisões que foi tomada em sede da Assembleia Geral. Um bocadinho mais de consciência do que é a representação dos grandes nesta demografia desportiva e saber que os grandes também não querem ficar a perder, porque a grande mais-valia do futebol português está precisamente neste patamar.

Se formos criativos com os quadros competitivos, poderemos encontrar facilmente soluções onde os grandes se encontram mais vezes, onde há mais espetáculo, mais retorno e na mesma entradas para as competições europeias. Mas para isso, e tocando noutro tema, precisamos reter o nosso lugar no ranking, atacar o sexto lugar o mais rápido possível. E para isso precisamos da ajuda da Federação e da Liga em diferentes cenários para ajudar os clubes portugueses. A Federação, por exemplo, com uma entrada tardia na 4ª eliminatória da taça. A Liga não fazerem o que fizeram relativamente ao jogo do Arouca... Está. Acho que debitei tudo o que queria (risos)."

Por André Antunes Pereira
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