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13 setembro

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Fernando Mendes: «Sinto-me como o Jardel, ganhei tudo o que havia»

Fernando Mendes: «Sinto-me como o Jardel, ganhei tudo o que havia»
Fernando Mendes: «Sinto-me como o Jardel, ganhei tudo o que havia»

O LATERAL-ESQUERDO Fernando Mendes terminou a sua ligação ao FC Porto, mas não está ainda preparado para "pendurar as chuteiras" e mantém a firme disposição de, aos 32 anos de idade, ainda jogar mais duas épocas e garante que convites não lhe faltam.

Na hora da despedida das Antas fala sem amargura do que considera ter sido "o melhor período" da sua carreira, e aceita a sua saída como um processo natural de evolução competitiva, ditada pelas "cruéis" leis por que se tem que reger o redimensionamento do clube às exigências do mercado numa (já) perspectiva europeia.

De lamento fica apenas a tardia ligação ao clube que considera "ser o melhor" por onde passou, e, além do apreço pela forma honesta e honrada como diz que foi tratado sempre, sublinha o orgulho e a gratidão por ter podido "estar ligado ao FC Porto num dos momento mais ricos da sua história. Numa conversa a bordo do Airbus/340 da TAP que transportou a comitiva portista de Luanda de regresso a Portugal, onde, em Lisboa, o tocar do solo simbolizava o momento da despedida aos dragões, Fernando Mendes fez o balanço, feliz por sinal, da sua passagem de três anos pelas Antas, sem conseguir, apesar do esforço, ser assaltado por uma precoce nostalgia, denunciada pelo marejar que oscilava nas pupilas.

-- O que sente neste momento em que vê terminada a sua ligação ao FC Porto após três épocas?

-- Lamento apenas só ter vindo para esta clube tão tarde. Já tinha ouvido falar do maravilhoso ambiente que se vive no FC Porto, mas só depois de cá chegar pude constatar, de facto, o tão especial que é. Trata-se do melhor clube que conheci e levo apenas grandes e boas recordações. Tenho a certeza que poderia ter tido uma carreira bem mais feliz e recheada de êxitos se a oportunidade de ingressar no FC Porto tivesse surgido mais cedo. Paciência.

-- Não deixa de causar alguma surpresa a conformação que revela em relação à sua saída...

-- Não me adiantaria de nada estar inconformado. O clube não me propôs a renovação e nada posso fazer para inverter a situação. Se me perguntar se gostava de continuar, digo-lhe, com toda a sinceridade que sim. Mas percebo esta decisão do clube o do treinador. A vida é feita de ciclos e o meu no FC Porto chegou ao fim como há-de, daqui a pouco tempo, terminar o da minha carreira. São estas leis naturais dos ciclos da vida que ditam a minha partida, e esse é um fenómeno que tem de se compreender e aceitar.

-- O seu discurso denuncia que já há algum tempo, em determinado momento começou, a preparar-se para esta despida...

-- Depois de tantos anos no futebol e tantas experiências vividas existem certas coisas de que nos apercebemos naturalmente. Falou-se insistentemente na Imprensa de um novo lateral-esquerdo para o FC Porto. Essas informações não surgem do nada. Depois, confirmou-se a contratação do Esquerdinha, que é, sem dúvida, um grande jogador. Consequentemente fui perdendo tempo de utilização e as coisas começaram a ficar bastante claras.

"COMO JARDEL"

-- A passagem pelo FC Porto, valeu a pena?

-- Não tenho a mínima dúvida disso. E quem quiser ser justo terá de reconhecer que fui um dos jogadores de "top" do futebol português. Muitos duvidaram do meu valor e acharam que nunca conseguira o que acabei por conseguir no FC Porto. Não foi só ter passado pelo Sporting e pelo Benfica, ou clubes de grande tradição em Portugal, como o Boavista ou o Belenenses, além de ter estado presente no período em que o Estrela da Amadora firmou o seu estatuto de I Divisão. Cheguei ao FC Porto num ano de extrema importância para o clube porque se procurava o histórico tri. Vencemos.

Depois, era importante o "tetra" para que fosse possível igualar o Sporting como o clube com mais títulos consecutivos conquistados, e, mais uma vez, tivemos êxito. Para cúmulo, o FC Porto acabou por conseguir vencer o penta e concretizar o maior feito de sempre de um clube na história do nosso futebol. Vivi tudo isto. Ou seja, estive no FC Porto num dos momentos mais ricos, senão o mais rico, da sua histórica. Que melhor carreira poderia um jogador desejar a nível interno.

-- Sai, então, realizado?

-- Plenamente. E a partida custa-me menos exactamente por isso. Sinto-me como o Jardel. Ganhei tudo o que havia para ganhar e o ciclo terminou. Para ele, ainda jovem, existe a procura de maiores ambições. Para mim, com tantos jogos nas pernas, já não posso pensar dessa maneira. Mas é gratificante poder chegar a esta altura, olhar para trás e poder sentir-me orgulhoso pelo que fiz.

-- Acredita no hexa?

-- A forma de estar do FC Porto dá grandes garantias para que esse título seja possível. E, sinceramente, porque, para o ano, não devo estar num clube que lute pelos mesmo objectivos, desejo que o consiga, porque esta gente merece-o.

«FERNANDO SANTOS FOI DA MAIOR HONESTIDADES» Fernando Mendes não esconde que percebeu o momento em que se tinha iniciado o percurso final no FC Porto. Esta situação era susceptível de provocar alteração nas relações internas, sobretudo, com o treinador, o grande responsável, no fundo, pela decisão de não manter o jogador.

-- O treinador também o deixou perceber que o seu tempo no clube estava "contado"?

-- Que fique claro que tenho pelo Fernando Santos o maior respeito e admiração. Tratou-me sem diferenciação e sempre com a máxima honestidade. Conversou comigo sobre o que se passaria no final da época e expôs as suas razões. Percebo-as e não o recrimino, nem guardarei ressentimentos porque não seria justo. Como grande responsável pela produção da equipa, o treinador tem a obrigação de gerir os recursos humanos e fazê-lo a pensar no melhor em termos colectivos. O plantel é limitado e é necessário fazer escolhas. Há três anos, para eu entrar e jogar outros tiveram que sair. Agora, chegou a minha vez de dar a vaga.

-- O mesmo tipo de tratamento que o treinador lhe dedicou é aplicável ao clube?

-- Absolutamente. Fui muito bem tratado por toda a gente. Nunca me senti desdenhado ou posto à parte por ninguém, desde o roupeiro aos elementos da administração ou o próprio presidente. É como digo, nunca conheci clube tão espectacular como este. Adorei o tempo que cá estive.

«TENHO VÁRIOS CONVITES»

Um dado seguro para Fernando Mendes é que a carreira não terminará com a saída do FC Porto. O jogador afirma que ainda quer jogar mais dois anos antes de abandonar os relvados. Assim, a grande questão é: onde continua a carreira?

"Ainda não sei onde vou jogar na próxima época. Felizmente tenho muitos convites. Vários amigos já me telefonaram a dar conta do interesse de este ou daquele clube. Muitos deles, devo confessar, sensibilizaram-me. Uns atraem-me mais do que outros, mas ainda não decidi nada. Tenho de pensar bem no assunto, falar com a minha esposa e ver o que é melhor para todos.

Nesta decisão tenho de ponderar muito bem as vantagens e os prejuízos de cada possibilidade. Há propostas do estrangeiro e outras de cá e é difícil definir ideias. No imediato só penso nas férias. Preciso de descansar, dedicar-me ao lazer, aliviar a tensão e esquecer o futebol por uns dias. Há tempo para tudo. Depois decidirei", diz.

«NÃO ARRANJAM OUTRO COMO EU»

Os dois brasileiros Esquerdinha e Rubens Junior serão os sucessores de Fernando Mendes que, na hora de "dar a vaga", analisa os "reforços".

"O Esquerdinha os portugueses já conhecem. É dedicado e muito forte nas situações de "1x1". É uma boa contratação. O Rubens não conheço, por isso não sei o que vale. O que sei é que o FC Porto pode correr tudo, trazer os jogadores que quiser mas não arranjam outro como eu. Não quero com isto dizer que sou melhor do que os que vêem ou que possam vir em termos puramente técnicos. Mas não é só isso que conta. O meu tempo no FC Porto passou, acabou e por isso não estou a dizer que ainda tenho valor para "encostar" qualquer um. O que digo é que será difícil encontraram um lateral-esquerdo que dê tanto como eu dei no meu melhor. As pessoas conhecem-me e sabem que em campo deixava a pele. Fazia o que fosse preciso e nunca coloquei os meus interesses à frente dos da equipa. Tenho a certeza que serei recordado com carinho pelo que dei enquanto estive nas Antas", assegura Fernando Mendes.

AUGUSTO LEITE

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