JORGE Andrade é o primeiro reforço do FC Porto para a época 2000/2001, tendo assinado contrato por seis anos. O jovem (21 anos) defesa-central do Estrela da Amadora está "mortinho" por vestir a camisola azul-branca e, apesar da sua costela sportinguista, gostava de ajudar os dragões a vencerem o campeonato actual.
- Vai dar um grande salto na carreira. O que espera encontrar no FC Porto?
- Espero ter o apoio e a confiança de toda a gente para poder desenvolver normalmente o meu trabalho. Se estiver tranquilo e com calma penso ser uma boa ajuda para o FC Porto.
- Tem confiança nas suas capacidades...
- Muita. Se fosse por mim, já lá estava a ajudar.
- Na próxima época poderá reencontrar Fernando Santos...
- E outros ex-colegas. O Chainho, o Rodolfo, o Hilário... Poderão ser importantes na minha rápida integração. Mas ainda não falei com eles.
- Voltemos ao Fernando Santos. Que importância teve no início da sua carreira?
- O trabalho todo foi desenvolvido pelo Miguel Quaresma, que acreditou em mim e trouxe-me de volta ao Estrela, quando estava emprestado ao Massamá, nos juvenis. Apesar de ser pequeno de estatura, ele apostou em mim. Depois cresci fisicamente. As qualidades estavam lá, mas as pessoas duvidam dos pequenos, nas camadas jovens. Quaresma entregou-me aos seniores em plenas condições de lutar por um lugar na equipa. Só então apareceu o Fernando Santos, que, graças às boas referências, me integrou no plantel.
- Jogou pouco em 97/98, mas foi pela mão de Fernando Santos que se estreou na I Liga.
- Tive duas entorses que me dificultaram a vida, mas aprendi muito nesse ano, sobretudo na ambientação à I Divisão e no assumir de responsabilidades. E, nesse aspecto, Fernando Santos foi importante. Não é fácil colocar um jovem de 19 anos no onze, mas ele deu-me confiança, demonstrando muita paciência comigo.
- Considera que esse conhecimento prévio do técnico foi importante na transferência para o FC Porto?
- Acho que me deu vantagem quando olharam para os jovens a aparecer no campeonato. Ele conhece a minha maneira de trabalhar e o meu carácter.
- Considera-se um forte candidato a substituir Aloísio, que já afirmou pretender abandonar o futebol no final desta época?
- Gostava de jogar com ele para aprender, como fiz com o Rebelo, no Estrela da Amadora. Só ia ganhar com isso.
- À partida, será impossível. Mas poderá aprender com Jorge Costa...
- Sem dúvida. Todos os centrais do FC Porto são bons. Ricardo Silva, João Manuel Pinto, o Ricardo Carvalho que está emprestado... É o clube que sai a ganhar com a concorrência. Não é por aí que o FC Porto vai perder algum jogo.
- Essa concorrência não o preocupa?
- Não. Se me colocaram a jogar na I Divisão aos 19 anos... A concorrência é natural e boa para a evolução dos jogadores.
- Tem alguma referência entre defesas-centrais?
- O Aloísio, por exemplo. Faz muito o meu estilo, pela forma como actua. Também gostava de ver jogar o Samuel, que alinhou no Benfica. Tinha as características idênticas às minhas. Há bons defesas estrangeiros, mas não se enquadram tão bem nas minhas características.
- Como define essas características?
- Sou um jogador rectilíneo, que actua de cabeça levantada, tranquilo no campo, rápido, duro quando tem de ser, discreto, que tenta estar sempre bem posicionado. E não sou mau a jogar de cabeça.
- Nem sempre foi defesa-central...
- Tive vários períodos de adaptação ao meio-campo. Isso trouxe-me maior segurança na posse da bola, no posicionamento em campo e permite-me sair a jogar da defesa com convicção. Foi muito importante sobretudo no saber definir bem os passes.
- Como surgiu essa adaptação?
- Nas camadas jovens jogava várias vezes a médio. Mas tanto o Miguel Quaresma como o Fernando Santos e Jorge Jesus utilizaram-me nessa posição. Se me perguntar qual prefiro, digo-lhe que é a de defesa-central, pois as minhas características adaptam-se melhor, embora também possa alinhar a trinco. Quando o Fernando Santos me lançou na I Divisão, joguei a médio, pois o risco de colocar um jovem a central é maior. Se tivesse errado ali, a minha carreira ficaria queimada de início.
- Você joga com o número 10, algo pouco habitual para um defesa. Pretende manter o número no FC Porto?
- Foi o José Luís, o secretário técnico do Estrela, quem me atribuiu o número, pois ficou vago. Mas não é uma situação estranha. O Matthaeus jogava com o 10. Dá-me sorte. E quem sabe se não o terei à minha espera no FC Porto? Que eu saiba, está vago. Era do Ricardo Sousa...
MELHOR CENTRAL PORTUGUÊS
- Jorge Jesus tem-no elogiado bastante. Chegou mesmo a afirmar que será o melhor defesa-central português daqui a um ano. Sente-se à altura da previsão?
- Ele tem trabalhado comigo há dois anos com o objectivo de me tornar num dos melhores centrais nacionais. E não o quero deixar mal. É uma meta importante, para a qual tenho de trabalhar e tentar evoluir todos os dias.
- Já percebi que está muito confiante e não considera que ele esteja a exagerar...
- Não posso pensar assim. Há que olhar sempre em frente e ter metas altas. E, como disse, não o quero deixar ficar mal.
- Com essa confiança, não lhe passa pela cabeça ser emprestado a outro clube ou jogar no FC Porto B...
- Fiz contrato para a equipa principal e espero que tudo corra bem. Não coloco de parte essas possibilidades, mas, em relação à minha evolução, será mais lógico eu ficar no plantel.
- Apesar da sua costela leonina, já é um adepto do FC Porto na luta pelo título?
- Todo o português que joga futebol e vê a forma como trabalha e é dirigido torna-se inconscientemente adepto daquele clube. Espero que ganhe o campeonato. Só me trará mais benefícios, pois gostaria de jogar na Liga dos Campeões.
- O FC Porto surgiu na sua vida depois de muita especulação à volta do Benfica. O que houve em concreto?
- O problema é que as direcções não chegaram a acordo e aí o papel do jogador é trabalhar para o clube que representa. O Benfica foi uma hipótese muito concreta, mas ainda bem que as coisas correram de outra forma, pois vou para um clube que está num nível superior em termos de estatuto. O FC Porto surgiu na recta final e foi mais rápido.
- Mas qualquer dos três grandes lhe servia?
- Não. Sempre tive a consciência que queria jogar numa equipa com grandes objectivos e o FC Porto, neste momento, é o clube que mais vezes luta por eles. Estou satisfeito por vir a ser um dos jogadores que tentará cumprir esses objectivos. Se tivesse de escolher entre os três clubes, escolheria o FC Porto, pois dá-me mais garantias.
"QUERO SER TITULAR NO EURO-2004"
- Nunca foi muito assíduo na selecção sub-21. Jogou uns particulares...
- Não me integrei nas camadas jovens da selecção e por isso fiquei de fora do percurso normal dos jogadores dessas selecções, que formam um grupo. As pessoas duvidavam um pouco do meu valor. Perdi uma grande oportunidade de ir aos Jogos Olímpicos e fiquei frustrado, assim como os meus colegas. Eles saíram do último jogo a chorar mas fiquei pior que eles, porque senti-me impotente ao não poder ajudar em campo. Se Portugal tivesse sido classificado acredito que eu iria a Sydney, pois tenho feito uma boa época, estou em forma e as pessoas já me olham com outra perspectiva. Foi uma etapa perdida para mim e, no fundo, para todos.
- Ter falhado a etapa dos sub-21 pode retardar o seu ingresso na selecção A?
- Ficou agora um vazio entre os sub-21 e a equipa A. Resta-me trabalhar ao nível do clube para demonstrar o meu valor. O grande objectivo é ser titular no Euro-2004.
QUEM É JORGE ANDRADE?
Jorge Manuel Almeida Gomes Andrade nasceu em Lisboa, na freguesia de Alvalade, a 9 de Abril de 1978. É filho de Manuel Andrade, empregado nos escritórios de uma empresa de construção civil e de Manuela Andrade, dona de casa. Tem dois irmãos mais velhos, o Carlos, de 24 anos, que joga futebol no Sporting de Pombal, após ter percorrido as camadas jovens do E. Amadora, e a Carla, 23 anos.
Sara, nascida um dia antes de Jorge, é a noiva, cujo casamento está marcado para Junho, o que, na perspectiva do noivo, até calha bem, pois assim não viajará sozinho para o Porto. Completou o 12º ano no Externato de Amadis e gosta de aplicar os tempos livres nas aventuras dos jogos de vídeo. Cinema, só com a namorada.
Chegou ao Estrela da Amadora aos 8 anos, a meio da época, pela mão de um colega, o Vladimir, e ficou sob as ordens de Calado e Nelo. Por altura da sua passagem pelos juvenis, foi emprestado ao Massamá, regressando a casa para evoluir nas mãos de Miguel Quaresma. Nos juniores, encontrou o irmão, mas como era mais novo, não jogaram na mesma equipa. Aquele acabou por subir aos seniores e ser emprestado ao Oriental, não mais regressando ao Estrela.
Tal como o pai, tem afinidade pelo Sporting, mas não se considera um grande adepto leonino. "Identifico-me mais com o Estrela da Amadora, pois sempre morei perto do estádio e vinha ver os jogos com o meu irmão." Não tem ídolos no futebol, preferindo aprender com todos: "As coisas más para não fazer, as coisas boas para repetir."
CÉSAR DE OLIVEIRA
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