Resumo do dia
A 6ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano ficou marcada por depoimentos fortes contra os arguidos, nomeadamente Fernando Madureira, que foi acusado por duas testemunhas de "atitude intimidatória" e de ter roubado pulseiras. Mas, antes disso, a juíza viu-se obrigada a retirar os arguidos da sala de audiências porque as duas primeiras testemunhas alegaram "medo de represálias" se falassem na presença dos elementos que estão acusados neste processo.
Quanto aos depoimentos, os mais marcantes acabaram por ser os de duas hospedeiras que estiveram de serviço na noite da Assembleia Geral de 13 de novembro de 2023. "Foi um ambiente tóxico. Recordo-me das agressões, mas foi mais para o final da AG. Quem foi agredido? Não conheço as pessoas, recordo-me que vi um pontapé na cara a uma senhora que depois rolou pelas escadas", referiu a primeira hospedeira a falar, completando: "Ele dizia para baixarem os braços, para se calarem, senão fazia ameaças. Não me recordo das palavras exatas. (...) Era uma atitude intimidatória, mas não vi qualquer agressão."
A segunda hospedeira foi um pouco mais longe e acusou Fernando Madureira de ter participado no roubo das pulseiras. "Houve um homem que disse não ter pulseiras, foi buscar a caixa e disse 'olha aqui tantas pulseiras', passando depois a caixa a outro homem. Fui falar com um segurança e o Madureira foi buscar a caixa e pousou-a. Nesse momento roubaram-nos bastantes pulseiras. Nós reparamos que o Fernando Madureira e o outro homem ficaram com pulseiras, acho que meteram no bolso. Algumas pessoas depois entraram no pavilhão já com as pulseiras colocadas, até passavam e nos mostravam", recordou a testemunha, acrescentando: "As pessoas dirigiam-se ao Fernando Madureira e diziam 'as meninas não me deixam entrar'. E depois aconteceu a situação das pulseiras."
Durante a manhã, prestou ainda depoimento um associado do FC Porto que esteve na AG e que se sentiu intimidado. "O que se via nas bancadas era, sempre que alguém tirava o telemóvel, havia a movimentação física, dirigiam-se a essa zona e tentavam intimidar. Não sei se diziam algo, estava longe. Mas era intimidatória, isso não tenho dúvidas. Havia pessoas nas bancadas a controlar a movimentação", revelou, contando também um episódio em que se viu envolvido: "Existiam distúrbios na bancada norte, pessoas a saltar e a fugir. O meu amigo começou a filmar e uma rapariga tirou-lhe o telemóvel. Ainda temos esse vídeo. Fui eu que depois até recuperei o telemóvel. Estava com um senhor que lhe diz: 'Entre marido e mulher não se mete a colher, também filmas quando discutes com a tua mulher?'. Tirou-lhe o telemóvel durante 15 segundos. Sempre que alguém puxava de telemóvel, havia altercações."
A fechar o dia, a juíza referiu ter aceitado juntar ao processo o vídeo de Villas-Boas durante a campanha eleitoral, onde, no entender da defesa de Fernando Saul, o atual presidente do FC Porto terá incentivado sócios a trocarem de cartões para ir votar nas eleições de abril do ano passado. Os advogados do FC Porto, conforme Record já deu conta, deram aval à introdução do vídeo e entendem que isso vai ajudar a provar "argumentação falaciosa da defesa".

