José Mourinho não esteve na festa. Não fez falta, mas os adeptos registaram a sua ausência. Outros foliões de uma época memorável saudaram a multidão que os acompanhou toda a noite e princípio da manhã. Os heróis aterraram às 6.06 horas no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, mas o treinador rumou de imediato a Lisboa, aproveitando uma ligação aérea. Sem o "mister", o cortejo avançou numa atmosfera embriagante que entupiu acessos e saídas. Uma loucura, logo ao amanhecer que aliviou o "stress" das horas de ponta. Record cumpriu todo o trajecto lado a lado com os novos campeões europeus.
Costinha, à chegada às Antas, não resistiu ao descrever a recepção de "coisa linda", mas Carlos Alberto havia sido o primeiro a dar o mote para uma noite arrepiante quando deixou um agente da PSP eufórico ao oferecer-lhe um chapéu. O aeroporto estava em estado de sítio, mas Alenitchev, o primeiro jogador a sair, esquivou-se por outra porta rumo à Rússia. Os fãs nem o viram. Jorge Costa e Vítor Baía saíram juntos, sorrindo para o troféu. A maioria dos portistas enlouqueceu com o brilho, mas, realmente, nem todos. "Lembro-me da outra festa, mas parece que a outra [1987] taça não reluzia tanto como esta", detecta, em conversa com Record, alguém que dizia chamar-se António, perdido de bêbado, mas feliz pela nova conquista.
Todos a acordar
As sete horas da manhã já lá iam e os motores do trio eléctrico, imponente cavalo do asfalto que debita som de qualidade, prepara-se para arrancar rumo ao Estádio do Dragão depois de mais de seis horas de animação com a chancela da Áudio Veloso e da Companhia do Som. Ao longe, o IC 24 mostra-se engarrafado. Alguns passageiros, petrificados, olham ensonados para a alegria dos dragões. "Toca a acordar. Ninguém dorme", pede o galhofeiro Carlos Alberto. Os recentes arranjos do trajecto facilitaram o andamento, embora lento. Os "motards" pediam cerveja e os jogadores ofereciam. Deco fazia bem pior, mas sem maldade: despejava a lata no troféu e molhava os seguidores em festa.
O cortejo complicou-se ao largo de Matosinhos, nomeadamente no viaduto da denominada "rotunda dos produtos Estrelas", onde centenas de pessoas esperavam em delírio a comitiva. O trio eléctrico foi obrigado a parar para depois prosseguir a viagem. Ninguém se magoou, pois Carlos Alberto auxiliava os companheiros. "Cabeça!", gritava.
Costinha, o anti-lampião
Com as ruas engalanadas, Costinha assume-se um contestatário de que tudo aquilo que é vermelho. "Benfiquista, esta é nossa", gritou, pegando na medalha. "Trabalha mais, malandro. Isso é dor de coto", ironizou. Carlos Alberto dava "show" de animação e nas nuvens quando o "Dj" de serviço colocou a tocar a banda brasileira, Revelação. Foi um pandemónio e um quarteto de luxo (Carlos Alberto, McCarthy, Costinha e Deco) exibia dotes dançarinos dignos dos melhores palcos.
A comitiva saudou com respeito uma bandeira do Boavista no renovado Nó de Francos e entrou na VCI. UFF! Aí sim, foi o fim do Mundo. Quatro faixas de rodagem em acção e uma para assistir às celebrações. No sentido contrário, em direcção à Arrábida, o trânsito estava bloqueado. "Você é do Benfica? Não? Então abra o vidro! Não abre? Vi logo", disse Costinha. O executivo, sisudo, dirigia um Saab 9000 e nem abriu a boca. "É um dia terrível para os benfiquistas", insistiu o médio. Costinha estava em êxtase. "Esse vermelho é de lampião. É um azar do..."
Com as Antas mais perto, Jaunkauskas mostrou-se ao povo depois de uma soneca nos interiores. Por lá continuaram Vítor Baía e Jorge Costa. Serenos, entre dois dedos de conversa, depois de também eles terem "passado pelas brasas". Não assistiram, pois, a episódio curioso. O BMW que transportava a comitiva do empresário Jorge Mendes já tinha passado pelas Antas e regressava em sentido contrário ao dos campeões. O bólide estava bloqueado e alguns dos jogadores por si representados não hesitaram em arremessar lá do alto, em brincadeira, umas latas de cerveja. Uns metros à frente, Costinha pedia às alunas da Escola Preparatória de Paranhos para não faltarem às aulas e, mais à frente ainda, num jardim do Conde Ferreira, alguns dos internados batiam palmas. Deco não resiste e, depois de levar a mão ao peito, oferece a gravata a uma jovem com olhar cândido e cabelos ao vento.
Pornografia
Batiam as 8.30 horas e a intervenção da PSP desbloqueou a passagem de uma ambulância do INEM. O viaduto que se seguiu, perto do Nó das Antas, viu uma das placas de informação (Circunvalação/Areosa) sair danificada. A comitiva penetra na Avenida Fernão Magalhães e, pasme-se, eis que uma jovem, nua, saúda os campeões. Sim! Nua. Estava à janela e os campeões apreciam. "Ei lá", disse Costinha.
Já se avistava a Alameda e um mar de gente em transe, testemunhado por Pinto da Costa por volta das 7.30 horas. Ecoa a música "Filhos do Dragão". A comitiva arrepia-se, benze-se junto à Igreja das Antas e Costinha, quem mais poderia ser, deixou novo aviso. "Minhas senhoras, têm de dar as aulas de catequese. o pároco está a ver", brincou. Fitou a Alameda de alto a baixo e não resistiu a um desabafo: "Está provado que o país é azul e branco."
Olé Mourinho
E se é como Costinha sentencia, Mourinho tem uma quota-parte significativa. Não se juntou ao grupo, mas ninguém se esqueceu dele. "Olé Mourinho, olé", exclamou, chamando Baía para ver, numa varanda, um sósia de Scolari. O trio eléctrico encostou à "boxe" para as vénias. Estourou o fogo, mesmo de dia, e os jogadores recolheram ao Estádio do Dragão. Derlei, Costinha, McCarthy e Vítor Baía foram os últimos, escoltados pelo corpo de segurança privado do FC Porto. A comemoração estava a terminar e a última escolta protegeu a Taça da Liga dos Campeões. Eram 9.36 horas, quando ficou segura e a salvo de qualquer imprevisto.
Kristian Bereit anunciou nas redes sociais que irá representar o médio do FC Porto a partir de 2026
Em causa o incidente que feriu 17 adeptos do Sporting no clássico da 4.ª jornada. SAD do FC Porto vai recorrer
Lateral-esquerdo viaja para o Cairo no domingo
Avançado deverá optar por ser intervencionado na Holanda. Estrutura portista sente que merece a ampliação do vínculo por mais um ano
Jovem defesa do Boca Juniors fez confissão aos jornalistas
Avançado uruguaio de 38 anos deve rumar ao Nacional de Montevideo
Estudo mostra que os jogadores têm mais dificuldades em se impor ao saírem muito jovens dos seus países
Belgas e holandeses também perderam