A autonomia de Julen Lopetegui para liderar processos de contratação continua intocável e voltou a revelar-se na forma como o FC Porto geriu o dossiê Iker Casillas. A imprensa espanhola tem elogiado o desembaraço do treinador, que pegou no telefone e fez valer a sua relação pessoal com o guarda-redes do Real Madrid. Um cenário que causa espanto do outro lado da fronteira, mas que já é sobejamente conhecido em Portugal.

A alcunha de "negociador" já lhe foi atribuída pela mesma imprensa do país vizinho que o colocou entre as opções ponderadas pelo Real Madrid para uma eventual rendição de Carlo Ancelotti, embora a opção final tenha recaído em Rafa Benítez, que possui maior estofo, fruto da sua carreira internacional. Quanto a Lopetegui, começou por telefonar a Casillas há precisamente uma semana para esclarecer informações que lhe tinham chegado de que haveria disponibilidade por parte do guarda-redes para representar o FC Porto. Tomadas as rédeas da situação, o técnico voltou a ligar ao internacional espanhol na passada sexta-feira, aí já claramente respaldado pelo clube no que toca à disponibilidade financeira, para dar conta de que havia intenção firme de concretizar a sua contratação, uma atitude que teve impacto junto do jogador. Através das suas fontes, a imprensa local não tem dúvidas em salientar que foi Julen Lopetegui quem convenceu Iker Casillas a fazer as malas rumo à Invicta.

Mesmo não tendo conseguido conquistar qualquer título para os dragões na sua temporada de estreia, Lopetegui continua com um crédito fortíssimo junto da SAD, que se deixa guiar pela visão estratégica do treinador.

Ao fim e ao cabo, com Casillas ocorreu mais uma manobra de sedução comparável à que convenceu Alberto Bueno, avançado em final de contrato e com muitos pretendentes, a aceitar o desafio de representar o FC Porto. Antes dele, não foi muito diferente o que sucedeu com Fernández, Marcano, José Ángel, Casemiro, Campaña, Torres, Tello ou López. Ou seja, Iker pode ser o 10.º fruto desta política.