Iker Casillas disse na sua despedida do Real Madrid que deseja “conquistar muitos títulos” no FC Porto, o seu novo clube. Mesmo sendo uma afirmação que se compreende vinda de um jogador habituado a ganhar, o guarda-redes espanhol certamente não conhecerá bem o peso da tradição que o espera quando pisar o relvado do Estádio do Dragão.

É que ao longo da história do FC Porto apenas 15 guarda-redes conseguiram realizar pelo menos 50 jogos na equipa principal (considerando apenas as provas desde 1934/35, a época do nascimento do campeonato nacional) e de todos eles apenas um não conseguiu conquistar qualquer troféu. A exceção à regra foi de Barrigana, um dos maiores nomes da história do FC Porto (e terceiro guarda-redes em número de jogos disputados), mas que teve a infelicidade de cumprir 12 épocas no período de maior jejum.

Na história do FC Porto e especialmente quando se fala da baliza, há um nome incontornável – Vítor Baía. O antigo internacional português pode não ter ganho um Mundial e dois Europeus, como fez Casillas com a seleção de Espanha, mas terminou a carreira com uns impressionantes 27 troféus conquistados com a camisola do FC Porto (mais 5 ainda no Barcelona)! A nível de troféus continentais de clubes, Casillas somou cinco no Real Madrid contra quatro de Baía no FC Porto e mais um no Barcelona.

É evidente que a comparação entre Iker Casillas e os grandes guarda-redes que ajudaram a escrever a história do FC Porto não faz sentido, para já. Será preciso esperar pelo que o espanhol poderá fazer para ajudar o clube a “ganhar troféus” como ele próprio manifestou este domingo ainda em Madrid.

Ao longo dos anos, o FC Porto teve vários guarda-redes que marcaram a sua época, a começar por Soares do Reis, o homem que estava na baliza quando o clube conquistou o primeiro campeonato nacional, em 1934/35. Mas num tempo em que as provas não eram muitas e o próprio campeonato era curto, Soares do Reis fez apenas 75 jogos em oito temporadas como titular. Ainda assim, Soares dos Reis conquistou quatro troféus de azul-e-branco.

Depois de Vítor Baía, com os seus 27 troféus, Helton surge no segundo posto, quer em número de títulos (18) quer em número de jogos (322). O brasileiro chegou a partilhar a baliza com Baía e entra agora na 12.ª época como guarda-redes do FC Porto e será ele a enfrentar a concorrência de Iker Casillas.

Outro histórico foi Américo, o quarto guarda-redes em número de jogos (250), surgindo à frente de outro nome importante, mais recente, Zé Beto, desaparecido prematuramente, tendo disputado 179 jogos e conquistado 13 troféus.

Sendo verdade que não terá de provar nada no FC Porto, é esta história e o que estes nomes fizeram ao longo dos anos, que espera o espanhol quando chegar ao Estádio do Dragão.

Guarda-redes com mais de 50 jogos

Vítor Baía (566 jogos/27 troféus) - De 1987/88 a 1995/96 e de 1998/99 a 2006/07 (18 épocas)

Helton (322 jogos/18 troféus) - Desde 2005/06 (10 épocas)

Barrigana ( 296 jogos) - De 1943/44 a 1954/55 (12 épocas)

Américo  (296 jogos/2 troféus) - De 1958/59 a 1968/69 (11 épocas)

Zé Beto (179 jogos/13 troféus) - De 1982/83 a 1988/89 (7 épocas)

Rui Teixeira (168 jogos/2 troféus) -De 1961/62 a 1978/79 (18 épocas)

Tibi  (131 jogos/1 troféu) - De 1972/73 a 18976/77 e de 1979/80 a 1982/83

Acúrcio (108 jogos/4 troféus) - De 1955/56 a 1960/61 (6 épocas)«

Mlynarczyk (88 jogos/7 troféus) - De 1985/86 a 1988/89 (4 épocas)

Soares dos Reis (75 jogos/4 troféus) - De 1933/34 a 1943/44 (8 épocas)

Fabiano  (67 jogos/1 troféu) -  De 2012/13 a 2014/15 (3 épocas)

Ovchinnikov (66 jogos/2 troféus) -De 2000/01 a 2001/02 (2 épocas)

Nuno Espírito Santo (61 jogos/9 troféus) - De 2002/03 a 2004/05 e de 2007/08 a 2009/10

Hilário( 59 jogos/6 troféus) - De 1996/97 a 1977/98 e 1999/00 (3 épocas)

Rui Correia  (54 jogos/5 troféus) - De 1997/98 a 2000/01 (4 épocas)