Já há datas para as alegações finais
Terminada a 18.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano. O dia ficou marcado pelo depoimento, que agora se encerra também, de Nuno Cerejeira Namora, que critiou a posição de Lourenço Pinto na AG do terror, deixando, por outro lado, bastantes elogios a Fernando Madureira. O julgamento prosseguirá, agora, na sexta-feira de manhã.
As críticas de Cerejeira Namora a Lourenço Pinto acabaram e seguiram-se fortes elogios a Fernando Madureira. “Fernando Saul conheço muito mal, tive poucos contactos profissionais com ele, só nos encontrávamos no futebol. Em relaçao a Sandra e Fernando Madureira. O Fernando que me desculpe, há 30 anos não achava piada ao Fernando Madureira, não gostava do comportamentro dele e da claque, mas com o tempo fui mudando de opinião. De há 10 anos a esta parte tive o prazer de ser advogado do Fernando em alguns processos judiciais. Tenho de dizer bem, não é santo nem é pecador. Também tenho os meus defeitos, ele terá os dele, tendo nascido onde nasceu, acho que as pessoas que nasceram onde ele nasceu morreram, estão presas ou vão estar. Mas ele estudou, casou, tem vários filhos, uma família impecável, soube dar aos filhos a educação que não recebeu, fez pela vida, é um rapaz esperto, empreendedor, criou o merchandising dos Super Dragões, é sócio de um restaurante, crente a Deus, tem um amor terrível pelo FC porto, deu vida muitas vezes ao FC Porto, é um líder extaodinário da claque. Há quem não goste de claques, mas eu gosto de estar na claque, cheira um bocado a droga, mas gosto de estar com eles. A senhora juíza não sabe a quantidade de problemas que há numa claque e a polícia não entra lá, é o Fernando que resolve. Tem o defeito de ser vaidoso e está aqui a ser castigado por isso. Tenho quatro filhos e tenho muito orgulho em ter o Fernando e a Sandra a jantar em minha casa com os meus amigos todos. Vivi muito mais com Jorge Nuno depois de perder as eleições do que antes, o tempo de vida que teve depois das eleições, houve quem dissesse que Pinto da Costa morreu por causa da doença, da derrota com 80 por cento ou da auditoria, mas posso dizer que Pinto da Costa morreu por Fernando estar preso, ele tomava as dores do Fernando. Pinto da Costa achou que o Fernando estava preso por causa dele.”
Ainda de dedo apontado a Lourenço Pinto, Cerejeira Namora prossegue sobre o momento em que o ex-presidente da MAG do FC Porto decidiu dar por concluída a reunião magna dos dragões de 13 de novembro de 2023, já depois das 23 horas. "Vou medir as palavras por respeito à idade de Lourenço Pinto. A dado passo, do nada, ele lembrou-se de colocar à votação uma deliberação. Ninguém consegue perceber. Colocou-se em pé e disse para votar os estatutos na generalidade e na especialidade, as pessoas começaram a levantar os braços. Foi uma vergonha. Foi o momento da AG que incendiou o pavilhão. Se Pinto da Costa foi insultado? Posso falar, o que aconteceu a seguir ao discurso de Brás da Cunha, posso falar… Eu e toda a mesa já tínhamos dado 500 conselhos a Lourenço Pinto sobre o que devia fazer. Só parou quando do nosso lado esquerdo surge o doutor Jorge Guimarães a dizer ‘acaba já com esta m…, José Lourenço! Suspende a Assembleia’. Foi assim que ele parou a AG. Em entrevista, o presidente Pinto da Costa disse que foi ele que disse ao presidente do Conselho Fiscal para ir dizer para acabar a Lourenço Pinto”, afirmou o ex-vice da MAG portista, continuando ao ataque, agora em direção aos apoiantes de Villas-Boas: "Miguel Brás da Cunha, que até levou a esposa, foi apelidado de traidor, vendido, foi várias interrompido. A ala de Villas-Boas entendeu que ele passou de opositor de Pinto da Costa para apoiante de Pinto da Costa. O Miguel tentou falar, mas não conseguiu.” Seguiu-se o episódio relacionado com Henrique Ramos, também ele relatado por Cerejeira Namora: "Depois, Tagarela virou-se para António Sá e perguntou ‘tomaste as gotas, tomaste os comprimidos?’ e um segurança interveio e não se passou nada. Como ele, Tagarela, estava a atacar as Casas do FC Porto, gostaram do discurso de Henrique Ramos. Quando ele ia para a bancada, há a situação entre ele e António Sá, não vi o que se passou entre eles, só tomei conhecimento depois na comunicação social, mas o que vi foi Fernando Madureira a tentar acalmar os ânimos.”
Nuno Cerejeira Namora também falou de Lourenço Pinto, ex-presidente da MAG do FC Porto, no seu depoimento. "Ele tem 88 anos e um problema de surdez. Não ouviu metade do que aconteceu na AG e não ouviu nada do que a Mesa da AG lhe disse”, garantiu o advogado. E acrescentou: “A decisão de convocar a reunião do CS para deliberar sobre os estatutos foi um erro. A teimosia de levar ao Conselho Superior e à Assembleia Geral foi do doutor Lourenço Pinto.”
Sobre a organização da AG de 13 de novembro de 2023, Nuno Cerejeira Namora ainda fez outras revelações ao coletivo de juízes, sempre de dedo apontado a Lourenço Pinto: “Desde a tomada de posse até às vésperas da fatídica AG, a mesa da AG nunca foi convocada pelo doutor Lourenço Pinto para reuniões, por exemplo para justificar ausências de conselheiros em determinadas reuniões. Percebeu-se que havia tendências, as redes sociais estavam a arder, havia uma devassa na família portista. Ainda não estava marcada a AG e já recebíamos emails de páginas ligadas a André Villas-Boas a fazer da votação dos estatutos na AG umas primárias. Falei com Lourenço Pinto quatro dias antes para reunirmos para evitar uma tragédia, escolher o local da AG, convocar a segurança, ter mesas para receber os sócios e temos de ter escrutinadores. A resposta de Lourenço Pinto foi.. desconsiderou ‘ai do primeiro que levantar um dedo na Assembleia Geral’. Ele ignorou as diligências, sei que essas preocupações chegaram à direção e ao conselho fiscal, solicitaram a Lourenço Pinto que era necessário tomar medidas para reforçar a segurança. Lourenço Pinto ignorou-me competamente, teve o mesmo comportamento autista junto da direção. Nós, AG, fomos para a sala habitual e logo se percebeu que não havia condições para prosseguir ali."
E rematou: “Lourenço Pinto decidiu alterar o local, mas se tivéssemos sido consultados não iríamos autorizar a mudança. Não haveria AG. Na AG seguinte não houve problemas, porque fui eu que organizei. O senhor presidente Pinto da Costa recebeu toda a mesa da AG, sem Lourenço Pinto, e reunimo-nos com toda a gente, segurança, etc, já vi casamentos menos bem organizados, até música de fundo tinha. Tem de haver escrutinadores, mas isso dá trabalho.”
“O artigo 84, número 2, tinha tudo o que dizia respeito ao número de anos para ser eleito, para ser candidato, para ser vice-presidente e não entrava logo em vigor. Relativamente ao mês ideal para haver eleições? Como estávamos a legislar para eleições futuras, entendíamos que não deviam de ser em março ou abril e serem em junho", explicou Nuno Cerejeira Namora. E prosseguiu: "O Conselho Superior é uma câmara alta, consultiva, vários conselheiros deram opiniões diversas. Fernando Cerqueira, Hugo Santos e outros conselheiro disseram que iriam propor alterações. 'Abstenho-me de votar esses estatutos. Confio na comissão, confio no Conselho Superior e no que os sócios discutirem em AG, mas eu devo abster-me e vou confessar uma coisa, eu nem sequer li a proposta, porque sou o presidente e entendo que não devo intervir no destino que os sócios querem para o clube', quem o disse foi o senhor Jorge Nuno Pinto da Costa”. E o advogado continuou a relatar: “Falei com o presidente duas vezes sobre os estatutos. Estava o presidente e Vítor Baía. Abordámos a não renovação dos mandatos. 'O que acha?', perguntei-lhe. Ele deu uma gargalhada, disse um palavrão e disse ‘ó doutor faça o que quiser, quero lá saber dos estatutos, mas acho que devia colar uma cláusula a dizer que ninguém devia ficar mais de 42 anos…'”
“Depois de elaborado o documento, a comissão de revisão dos estatutos reuniu pela primeira vez. Houve um único membro da direção que esteve nessa reunião, foi o doutor Adelino Caldeira, só que houve uma incompatibilidade entre ele e Lourenço Pinto e não foi mais. Depois, Adelino Caldeira foi subsituído por Hugo Nunes. Das reuniões saiu um documento de proposta para revisão dos estatutos e que foi apresentado ao Conselho Superior, mas não foi o que foi apresentado aos sócios. Tivemos muito orgulho em fazer parte desta comissão, que trabalhou de forma civilizada, superior e fizemos um acordo para que não fosse aprovado nenhum artigo sem ser por unanimidade. A proposta que apresentámos ao Conselho Superior foi toda aprovada por unanimidade”, prossegue Nuno Cerejeira Namora, vincando depois: "Não foi o documento apresentado aos sócios, porque o Conselho Superior não concordou e alterou.” E prosseguiu com a sua versão dos factos: "Por unanimidade ficou logo decidido que todas as normas que tivessem implicações eleitorais não seriam aplicadas no ato eleitoral subsequente, fosse a capacidade eleitoral, idade, elegibilidade. Não queríamos interferir naquelas eleições."
Nuno Cerejeira Namora dá a sua versão dos factos relativo às incidências da Assembleia Geral de 13 de novembro de 2023. O advogado é testemunha arrolada por Fernando Madureira, em jeito de substituição de Pinto da Costa que, entretanto, faleceu. Começando por afirmar que conhece mal Fernando Saul, mas que conhece bem Fernando e Sandra Madureira, Cerejeira Namora afirmou: "Fui eleito pelos sócios do FC Porto para vice-presidente da AG e por inerência vice-presidente do Conselho Superior do FC Porto. Atualmente sou membro do Conselho Superior por inerência. A direção do FC Porto teve influência 0x0 na elaboração dos estatutos do FC Porto. Não falei e não recebi instruções de nenhum elemento da direção, nem da administração do FC Porto. Tive duas conversas com Pinto da Costa sobre este assunto", começou por afirmar o vice-presidente da mesa da Assembleia Geral do FC Porto pela altura dos incidentes. "A ideia de reforrmular os estatutos do FC Porto nasceu no dia das eleições (2020) em que fui eleito, porventura pela voz de Matos Fernandes. Nesse ato eleitoral, ele comunicou que tinha dificuldades em governar as AG com aqueles estatutos. Lançou o repto e nas eleições anteriores, o senhor Pinto da Costa teve concorrência da Lista D, que tinha como bandeira alterar os estatutos do FC Porto. Foi na sequência da eleição de Miguel Brás da Cunha e do alerta de Matos Fernandes, na primeira reunião do Conselho Superior no pós-COVID, que o doutor Lourenço Pinto apresentou a proposta de constituição da equipa de alteração dos estatutos. Foi uma equipa heterogénea, estavam representadas todas as sensibilidades do clube e os três órgãos sociais, com Lourenço Pinto como presidente da comissão. Eu não fazia parte da comissão. Volvidos seis meses, a comissão não tinha feito nada, nem sequer se tinha reunido. Num determinado jogo, o senhor Fernando Cerqueira abeirou-se de mim e de Lourenço Pinto e questionou-nos por não termos feito nada. Então, Lourenço Pinto pediu-me e tornei-me pai da revisão dos estatutos. Não falei com absolutamente niguém do FC Porto ou outro clube para o elaborar, uma vez que não posso ajudar a jogar a bola, aqui posso ajudar a dar uns pontapés. Li os estatutos do FC Porto, Sporting, Benfica, Barcelona e Real Madrid, depois fiz propostas."
Após a hora de almoço, os presentes no Tribunal de São João Novo, no Porto, já foram informados que Vítor Baía e Miguel Brás da Cunha serão ouvidos na sexta-feira e que Adelino Caldeira irá depor na segunda-feira. Nuno Cerejeira Namora, o antigo vice-presidente da MAG do FC Porto, será a primeira testemunha a ser ouvida esta tarde.
A 18.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano foi interrompida para almoço e retoma às 14 horas com Cerejeira Namora.
Arguida no âmbito da Operação Pretoriano, Sandra Madureira pediu dispensa da parte da tarde da sessão desta quarta-feira, por forma a acompanhar um familiar a uma cirurgia.
“Ouvia pessoas a falar, mas as palavras não sou capaz de dizer”, afirmou Luís Gonçalves ao coletivo de juízes, questionado depois se se recordava de ter visto confrontos físicos no pavilhão do FC Porto. “Houve três confusões. A primeira é do lado esquerdo com uma senhora loura, houve um desaguisado, não sei as razões. Depois acho que chegaram a vias de facto. Quando estava a sair, a senhora passou por nós e foi desagradável, chamou-nos ‘mamões, filhos da p…, andam aqui a roubar’. Estavam diretores e outros funciuonários do clube comigo”, prosseguiu o antigo administrador da SAD do FC Porto. Questionado sobre se estava ao corrente da revisão dos estatutos, Luís Gonçalves disse que estava na área do futebol e que não estava ligado a essa vertente, acabando por ser dispensado.
Luís Gonçalves, ex-administrador da SAD do FC Porto, está agora a ser ouvido pelo coletivo de juízes, no Tribunal de São João Novo, no Porto. “Estou reformado, fui administrador e antes disso diretor geral. Estive presente na Assembleia Geral, no auditório e no Dragão Arena”, começou por esclarecer o engenheiro.
Momento caricato no Tribunal de São João Novo, no Porto. Terminado o testemunho de Jorge Silva, foi chamado Jorge Coutinho para prestar declarações. Gerente de uma gráfica e amigo do arguido Hugo Loureiro há 15 anos, a testemunha por ele indicada era, à data da Assembleia Geral, o chefe dos Super Dragões da Maia, mas não esteve na AG do terror e, por esse motivo, foi dispensado pela juíza.
Jorge Silva prossegue o seu testemunho, falando agora de Henrique Ramos, conhecido adepto do FC Porto que foi agredido na AG. Para esta testemunha não há dúvidas de que a reunião magna se incendiou após o discurso daquele associado: "Acho que sim. Houve uma confusão. Depois disso ouvi insultos do género ‘mamões, andam aqui a mais’, houve pessoas que não gostaram de ouvir, havia pessoas a favor do senhor Luís André e outras de Pinto da Costa, vi algumas pessoas a segurar noutras. Vi António Sá acho que a tentar agredir Henrique Ramos. Estive perto de Henrique Ramos, mas depois ele foi levado para dentro do pavilhão.”
As alegações finais do julgamento da Operação Pretoriano foram agendadas para os dias 30 de junho e 1 de julho.
Jorge Silva, testemunha indicada por Hugo Loureiro e da família Aleixo, é o primeiro a depor esta quarta-feira. Esteve na AG do FC Porto de 13 de novembro de 2023 na qualidade de sócio do clube e responde, agora, às perguntas colocadas pelo advogado da família Aleixo, revelando os insultos que ouviu no decorrer da reunião magna, dirigidos a Pinto da Costa e após a intervenção, já no Dragão Arena, do antigo líder dos azuis e brancos. "Sim [houve reações negativas ao discurso de Pinto da Costa], não sei se posso dizer aqui, ‘mamão, vai embora, velho, filho da p…’”, contou o associado, que entrou na AG como mandam as regras. "Fui à Assembleia Geral e cheguei ao Estádio do Dragão 30 minutos antes de se abrir a porta do P1, demorei na fila cerca de 15 a 20 minutos. Mostrei cartão de cidadão e cartão de sócio do FC Porto e recebi uma pulseira e entrei para o auditório. Estava muita gente, fiquei sentado a meio do auditório, estava completamemte cheio. O que se falava é que não haveria condições, porque estava muita gente”, contou. E acrescentou: "Ouvi cânticos no auditório, eram aqueles que durante muitas vezes ouvi no estádio e no pavilhão, cânticos pelo FC Porto e, se calhar, pela pessoa que partiu do meio de nós, que era Pinto da Costa. Depois fomos para o Dragão Arena, porque o senhor Lourenço Pinto disse que não havia condições no auditório para se fazer lá a Assembleia Geral.”
A 18.ª sessão do julgamento referente à Operação Pretoriano arranca agora. Para esta quarta-feira estavam previstos os depoimentos de 17 testemunhas, mas como algumas eram comuns a outros arguidos e já foram ouvidas, ficaram apenas duas, ambas indicadas pela defesa de Hugo Loureiro. Nuno Cerejeira Namora, antigo vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral do FC Porto, viu a data da sua audição ser antecipada para hoje, às 14 horas, por forma a realizar uma intervenção cirúrgica.
Fernando Madureira acaba de entrar na sala de audiências do Tribunal.
Sérgio Conceição já não vai depor. Estava previsto ser ouvido na próxima segunda-feira, mas Fernando Madureira prescindiu da testemunha.
A 18.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano, que decorre no Tribunal de São João Novo, no Porto, arranca esta manhã. Hoje deverão ser ouvidas apenas duas testemunhas arroladas pela defesa de Hugo Loureiro
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