Pena nunca causou qualquer problema e a família não admite que coloquem em causa a sua pureza. Teve uma juventude sem fartura, mas só falhou nos estudos porque era um “malandreco
PENA tem, como é natural, o apoio incondicional da sua família. Na casa dos pais, em Vitória da Conquista, na Bahia, Record constatou que ninguém aceita que o avançado brasileiro possa ser visto como um jogador de “mau carácter” dentro do campo e pronto a responder a “provocações”.
O episódio de troca de acusações protagonizado com Jorge Costa não é o primeiro da sua carreira, nem será provavelmente o último, mas a irmã Renilda, fiel seguidora da sua carreira, advoga que são quezílias perfeitamente normais no mundo mediático que é o futebol.
“Percebo e aceito que na Europa esses casos possam causar alguma perplexidade, mas no Brasil – e não pretendo com isto dizer que sejam saudáveis e correctos – são normais e acontecem com relativa frequência”, comenta.
Renilda recorda por instantes, e de memória aparentemente fresca, a juventude do irmão, para sustentar a análise abonatória exposta ao nosso jornal: “Pena era um menino traquinas, irreverente, bondoso e nunca foi maldoso.”
Aliás, foi a própria Renilda quem trouxe à conversa a “briga” que o irmão teve com a “torcida” do Palmeiras: “Que doidos e malucos eles são. Puxa! Caramba! Então não é que queriam bater-lhe depois de o terem considerado um dos melhores jogadores de uma equipa em quem ninguém depositava nenhumas esperanças. O meu irmão e os colegas protagonizaram uma grande temporada e só por perderem um jogo alguns dos adeptos viraram-se contra os heróis. Isso não se faz e é incompreensível, daí a sua revolta pelo que aconteceu.”
A infância de Pena, acrescenta a irmã, foi igual à de muitos amigos do bairro onde viviam e às suas diabruras os pais fecharam muitas vezes os olhos.
“Ele era um chorão que estava sempre agarrado ao meu pai. Arranhava os joelhos na brincadeira e, segundo dizem os meus pais, o grande problema era mesmo a escola. Ele fugia das aulas para jogar futebol e quando trabalhava na fábrica de sabão faltava aos testes da noite. Aí sim, era um malandreco”, graceja Renilda.
”Poucos acreditavam nele”
Uma luta em várias frentes. É desta forma que também se pode descrever a ascensão do goleador. Pena travou um duelo contra muita gente, porque eram poucos aqueles que acreditavam nas suas capacidades, como Renilda salienta.
“É justo dizer que praticamente só a minha família o incentivou a desenvolver a sua carreira. Os amigos gostavam de o ver jogar, alguns até achavam que ele era o melhor da rua, e na verdade até era, mas argumentavam que seria praticamente impossível atingir um nível elevado em alta competição”, lembra Renilda com evidente orgulho por ser irmã do ”melhor goleador do Mundo”. “Felizmente que ele teve forças para ultrapassar todos os obstáculos que encontrou e hoje é um verdadeiro campeão”, elogia.
A irmã não esquece os primeiros tempos de Pena em Portugal e o que mais a afligia era a comparação, obviamente inevitável, que faziam do irmão com Jardel: “A pressão era enorme e acho que, de certa forma, faziam sentido as análises. O Jardel é um grande goleador e marcou muitos golos com a camisola do FC Porto. Mas o meu irmão tem um poder incrível e soube contornar essa pressão para sair a ganhar.”
Para o fim, ficou a revelação de um forte desejo de Pena. “Ele sonha um dia vestir a camisola de um grande e prestigiado clube da Europa e conseguir ser o melhor artilheiro.”
A família dos «Rês» só tem uma Liana
Na família de Pena há uma grande curiosidade. Ele é Pena só por alcunha, porque Renivaldo é o seu nome original. A verdade é que quase todos os seus irmãos também se viram baptizados com nomes começados pela iniciais ”Rê”, mas, como a regra só existe porque há a excepção, lá surgiu a Liana, a irmã mais nova de Pena.
Nos restantes irmãos de Renivaldo Pereira de Jesus, não há dúvidas: Reinaldo (este está a viver com Pena em Portugal), Renilton, Renildo, Renilda.
Renilda contou-nos ainda um outro pormenor. É que Pena está constantemente a incentivá-la a estudar, talvez por estar arrependido de ele próprio não ter dado importância aos estudos.
O sonho de Renilda é ser advogada – quem sabe ainda a tempo para redigir alguns contratos do jogador – e não tem faltado apoio: “Ele quer que eu acabe os estudos, até porque na Europa adquiriu uma visão completamente diferente do futuro que as pessoas podem seguir quando terminaram a sua carreira.”
Líder do Rio Branco fez-lhe a vida negra
Oo primeiros meses após a saída do Estado da Bahia, de onde é natural, foram terríveis para Pena.
O jogador viajou para S. Paulo para reforçar o Rio Branco e foi confrontado com vários problemas. Aliás, não é por acaso que o avançado do FC Porto não gosta de recordar a relação com o então presidente do clube, acusado de exigir sempre mais dinheiro quando um clube oferecia determinada verba para a compra do seu passe.
Entre Julho de 1998 e Janeiro de 1999, o jogador não competiu oficialmente devido à teimosia do líder do Rio Branco, que depois de Pena já ter resolvido a sua vida com a transferência para o Palmeiras, acabaria por morrer num acidente de viação.
Ainda em S. Paulo, Pena sentiu muito a falta da mãe, que faleceu algum tempo depois de ele ir para o Rio Branco.
A família procurou confortá-lo e durante algum tempo juntou-se a ele na grande cidade para o ajudar a ultrapassar um período difícil. Ainda foi à Suíça para um teste no Grasshoppers, mas não quis ficar.
Corte radical do cabelo para evitar comparações
Pena será único? Talvez, quem sabe. À sua medida e estilo. Seja como for, há pormenores que o podem distinguir dos demais.
Certo dia, irritado com os torcedores do Palmeiras que estavam a gritar pelo nome de Asprilla quando era ele quem tinha a bola, rapou completamente o cabelo e depois deixou crescer uma coroa.
Assim, radical e repentino, evitou as falsas comparações e os enganos. Mas Pena só quer ser Pena. Aliás, não consegue esconder um ar tímido sempre que é abordado por alguém. Sorri, mas não muito. Cumpre o seu dever profissional e diz tudo cara a cara. Custe o que custar a alguém, como provou no caso que protagonizou com Jorge Costa.
Pena assegura que é um “guerreiro” na defesa de interesses supremos. No Brasil habituou-se a lutar pela vida e diariamente faz-se acompanhar por esta imagem de pessoa crente em Deus. Aliás, sempre que marca um golo, o avançado ergue os braços para o céu em forma de agradecimento pela ajuda divina.
Casa nova na cidade para acolher toda a gente
Pena já tratou de mandar construir uma casa em Vitória da Conquista para poder acolher toda a sua família. A habitação fica situada na mesma zona da dos pais e está numa fase terminal. Nas próximas férias, o jogador do FC Porto já poderá cozinhar um grande churrasco na sua própria casa.
Fez-se à vida cedo e trabalhou no sabão
Nem todos os jogadores sabem o que é trabalhar numa outra actividade. Mas Pena sabe quanto é dura a vida de levantar cedo, cumprir horários e ouvir raspanetes dos chefes. Ainda jovem trabalhou numa fábrica de sabão porque o pai, António Damião Jesus, era pintor e sozinho não podia arcar com a responsabilidade financeira da casa.
Sustento da família para que nada falte
“É um bom homem”, garante a irmã Renilda. Pena fala diariamente com a família e a irmã confessa que por vezes envia algumas coisas para ajudar ao sustento da casa. “Ele gosta muito de nós e não permite que a família passe qualquer tipo de problema. Todos os dias recebemos o seu apoio.”
ANTÓNIO MENDES, MARCO AURÉLIO e RUI SOUSA
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