Foi chegar, ver e vencer. Pena não se limitou a marcar golos e também demonstrou que não é de ficar calado. Assume a sua frontalidade como assumiu o conflito com Jorge Costa. Chegou ao FC Porto para fazer esquecer Jardel e está a sair-se bem. «Record» conta-lhe toda a vida de Renivaldo Pereira de Jesus, do “miúdo traquinas e irreverente, mas nunca maldoso” de que fala a irmã Renilda até ao homem que se tornou algo inesperadamente goleador nas Antas
QUANDO Pena foi contratado pelo FC Porto, muita gente se mostrou pessimista, principalmente aqueles que o conheciam no Brasil. "Ele não é como o Jardel e não vai marcar tantos golos", foi uma das frases que se ouviram. Em Portugal, também poucos acreditavam que fosse possível alguém poder fazer tanto, ou melhor, como o brasileiro fez ao serviço dos dragões. Mas Pena está a sair-se bem na complicada missão de, pelo menos, ser tão útil à equipa como foi Jardel. Em treze jogos na I Liga, já marcou 14 golos, os dois primeiros de rara beleza e, curiosamente, dos mais importantes, numa altura em que a equipa necessitava de vencer o Paços de Ferreira e acabar com o pessimismo que andava em seu redor depois da derrota em Belém na segunda jornada.
Na Taça UEFA, também começou por ser decisivo, virando a tendência da eliminatória frente ao Partizan com um golo em Belgrado que possibilitou um empate e aumentou consideravelmente as hipóteses do FC Porto seguir em frente na prova. Ou seja, nos dois primeiros jogos ao serviço dos dragões, Pena já tinha justificado a aposta na sua contratação feita com cuidados e requinte, bem à imagem do clube, para não se repetir o que tinha acontecido com Leandro.
Pena quis sair do Palmeiras e saiu. Disse que vinha para vencer na Europa e começou da melhor forma a cumprir o seu objectivo. Esteve até muito perto de superar o recorde de Jardel, mas só igualou a marca de nove jogos consecutivos sempre a marcar na I Liga, já que não facturou na Vila das Aves.
Nessa altura, começou a denotar sinais de alguma intranquilidade, confessando-se perseguido e chegou a considerar a hipótese de saída. Reconheceu, mesmo assim, o mérito dos defesas adversários, que o tinham mais em atenção e passou a dar exemplos da frontalidade que já trazia de fama do Brasil.
Após a derrota em Braga, foi o primeiro a assumir os erros do colectivo e viu nesse desaire uma lição: "Assim, podemos ter a consciência de que o FC Porto não é imbatível. Não foi a primeira nem a última derrota da história do clube."
Mas foi depois de Leiria que foi mais crítico. Assumiu a vergonha da derrota e, depois, não ficou calado quando teve de reconhecer o conflito com o capitão Jorge Costa. Regressou das férias de Natal e não retirou uma palavra ao seu discurso crítico, mas jogou em Felgueiras com a mesma vontade de sempre. Saiu lesionado. Foi aplaudido pelos adeptos e elogiado por Pinto da Costa, como é pelos guarda-redes da I Liga que o viram bisar e por Luís Felipe Scolari, o treinador que o lançou no Palmeiras e que ainda hoje o admira.
"Ajuda a equipa em todo o campo e esse é um mérito de que nem todos os avançados podem gabar-se", diz Scolari, enquanto Renilda, a irmã de Pena, recorda o passado e fala de um miúdo "traquinas e irreverente, mas que nunca foi maldoso".
Scolari: «Pena ajuda em todo o campo»
Actual treinador do Cruzeiro de Belo Horizonte, Luís Felipe Scolari foi quem lançou Pena no Palmeiras, apostando num jovem naquela altura ainda desconhecido, que tinha merecido a contratação depois de uma breve passagem e até polémica pelo Rio Branco.
Scolari não teve problemas em oferecer a titularidade a Pena, numa equipa em que pontificavam avançados de renome como Euller e Asprilla. E ainda hoje o treinador é um admirador confesso do futebol de Pena, a quem tece rasgados elogios.
Para Luís Felipe Scolari, há uma qualidade que o destaca de outros avançados, como por exemplo Jardel: "Ele é daquele tipo de avançados que não gosta de estar parado na frente à espera das bolas. Mexe-se muito e confunde os defesas com essa mobilidade e não deixa de vir atrás para ganhar a bola. Ajuda a equipa em todo o campo e esse é um mérito de que nem todos os avançados podem gabar-se."
Curiosamente, “Felipão” também apostou em Jardel no Grémio de Porto Alegre, vendo depois o sucesso do brasileiro no FC Porto. O treinador compara os dois e não nota grandes diferenças: "O Pena é um jogador de mais movimentação e também é um bom cabeceador, mas não tem nesse aspecto a qualidade do Jardel, que é muito mais forte no jogo aéreo. Só que o Jardel limita muito a sua acção ao interior da área, o que já não acontece com o Pena. Tanto ele como o Jardel têm dificuldades em trabalhar a bola dentro da área e por isso é que tentam fazer tudo de primeira. Os dois aprenderam a entrar rápido ao primeiro poste, antecipando-se aos defesas e, a fazer isso, ambos são letais."
Quem é quem
Nome: Renivaldo Pereira de Jesus (Pena)
Data de nascimento: 19/10/74
Altura: 1,78 metros
Peso: 76 kg
Nome dos pais: Anita Pereira Jesus e António Damião Jesus
Naturalidade: Vitória da Conquista - Estado de S. Salvador da Bahia
Estado civil: casado
Filhos: 2
Início da carreira: Selecção municipal da Liga Desportiva Barra da Choça
Primeiro clube: Conquista
Outros clubes: Serrano, Ceará, Paraguacuense, Rio Branco, Grasshoppers, Palmeiras e Rio Branco
Primeira inscrição na Federação Baiana de Futebol: 21/07/93
Primeiro contrato profissional: Serrano - 12/05/94 - Nº 166932
Contrato com o FC Porto: 2005
Empresários: Bernardo Silva e Júlio Pieroni
I Liga: 13 jogos/14 golos
Taça de Portugal: 1 jogo
Taça UEFA: 6 jogos/4 golos
Kristian Bereit anunciou nas redes sociais que irá representar o médio do FC Porto a partir de 2026
Em causa o incidente que feriu 17 adeptos do Sporting no clássico da 4.ª jornada. SAD do FC Porto vai recorrer
Lateral-esquerdo viaja para o Cairo no domingo
Avançado deverá optar por ser intervencionado na Holanda. Estrutura portista sente que merece a ampliação do vínculo por mais um ano
Jovem defesa do Boca Juniors fez confissão aos jornalistas
Avançado uruguaio de 38 anos deve rumar ao Nacional de Montevideo
Estudo mostra que os jogadores têm mais dificuldades em se impor ao saírem muito jovens dos seus países
Belgas e holandeses também perderam