'Vice' do Sp. Braga e a venda de Rodrigo Gomes: «Íamos em 172 milhões... é juntar agora mais uns 15»

• Foto: Ricardo Nascimento

Hugo Vieira, administrador executivo da SAD e vice-presidente do clube com a pasta da formação, marca presença no 'Future Stage', congresso organizado pelo Sp. Braga. E destacou o impacto do trabalho feito na Cidade Desportiva para a projeção do talento formado no clube, isto à boleia da venda de Rodrigo Gomes ao Wolverhampton, por 15 milhões de euros, que já foi confirmada esta manhã por António Salvador.

"É a primeira venda direta para a Premier League, é mais uma das vendas da formação. Começámos este projeto há nove anos, a Cidade Desportiva existe há sete e, se estivermos atentos às vendas oriundas da formação do Sp. Braga, estávamos há pouco tempo em 172 milhões de euros provenientes de transferências de jogadores da academia. É juntar mais uns 15 milhões com a venda do Rodrigo Gomes", atirou Hugo Vieira.

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Antes e depois

"Há um Sp. Braga diferente depois da Cidade Desportiva. Há aqui um incremento de tudo o que é positivo, porque era uma estrutura amadora, um grupo de pessoas que faziam o melhor, mas essencialmente um projeto amador. Agora, é uma estrutura profissional conhecida por todos, uma infraestrutura cabal, reconhecida internacionalmente. Claramente, com a construção da Cidade Desportiva viemos para outro patamar. Aquilo que foram as vendas oriundas dessa infraestrutura tem ajudado a fornecer investimento para recrutar jogadores de diferentes pontos do país. Os miúdos querem jogar no Sp. Braga", disse ainda Hugo Vieira.

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"Tivemos, desde a inauguração da Cidade Desportiva, 29 jogadores que já se estrearam na equipa principal, se não me falha a memória. Queremos que os jovens atletas cheguem à equipa principal e forneçam talento e qualidade ao plantel", concluiu.

Assédio prematuro

Hugo Vieira falou dos riscos também associados à pressão "cada vez maior" que chega em tenra idade. "Temos uma estrutura que abarca todas as vertentes. Não só a técnica, o futebol em si, mas também a psicologia e a nutrição, assim como a educação dos atletas. Aqui em Braga temos um protocolo com algumas escolas, como a Alberto Sampaio, com um projeto de alto rendimento que tem sido um sucesso. Queremos que os nossos futebolistas sejam cada vez mais competentes, mas eu chego a temer que, numa idade tão precoce, os jogadores cedam à pressão que cada vez é maior. Temo que os miúdos se cansem do futebol. O assédio é tão grande... não podemos ter miúdos  que venham em viagem a discutir o quanto irão ganhar de salário quando forem profissionais", disse.

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Casos cada vez mais recorrentes e que fez questão de reiterar, mais tarde, frisando que existem "ameaças" em torno da evolução dos jovens atletas. "Temos de estar atentos àquilo que se passa. As coisas têm corrido bem e os objetivos têm sido alcançados. Nesta casa queremos sempre mais. Mantendo o nível, sim, mas procurando sempre alcançar novos destinos. Ameaças? Temos de estar alerta, se calhar temos de voltar a falar no scouting e no recrutamento de jovens. As condições que temos são de excelência, do melhor que há e aí não há nenhum miúdo que nos queira deixar. Então, porque é que os miúdos vão embora? Por questões financeiras? Eu não acredito que, aos 12 anos, procurem outros projetos assim", questionou.

Infraestruturas

José Couceiro, diretor técnico nacional da FPF, falou daquele que considera ser "o maior problema de Portugal". "No geral, precisamos de melhorar as infraestruturas e não só no futebol masculino. Temos três clubes de grande dimensão que abrange muitos adeptos, ultrapassa 90 por cento, o que foca mais a vinda dos jogadores para esses clubes. Mas, no geral, felizmente há uma boa relação com as autarquias e e isso ajuda imenso. O Sp. Braga é um grande exemplo, mas eu direi que, em muitas coisas, o seu sucesso na formação infelizmente é uma exceção", apontou, olhando ao sucesso recente do Sp. Braga na formação.

"O Sp. Braga vence o campeonato nacional de sub-19 e a seguir faz uma Youth League sem derrotas. Isso era impensável há alguns anos atrás. De 2015 a 2024, pelo menos um escalão jovem da seleção portuguesa, com excepção de 2022, esteve numa final europeia. São estas experiências que temos de potenciar, porque a formação é decisiva para evoluir no panorama internacional", registou.

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Exemplos de excelência e talento internacional

Hugo Vieira lembrou que a aposta na juventude tem evoluído e, no paradigma atual, não passa apenas pelo talento português. "Em termos de qualidade é verdade que temos um maior número de jogadores capazes do que há oito anos atrás, mas estamos sempre atentos ao que podemos incrementar. A nossa grande aposta será no atleta nacional, mas conseguimos recrutar jovens de outros países que, antes da Cidade Desportiva, não era possível. Temos o Tai [Znuderi] que é sub-17 e joga regularmente nos sub-19. É um guarda-redes e, portanto, isto é um paradigma excelente", apontou.

Por João Albuquerque
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