ODAÍR protagonizou uma carreira excepcional na época passada. Quando a equipa passou por momentos difíceis, o seu oportunismo permitiu disfarçar a ausência de um ponta-de-lança. A dezena de golos que apontou garantiu a estabilidade na tabela classificativa.

Esta época, porém, o filão parece esgotado. O brasileiro ainda não se estreou na lista de marcadores, mas o Sp. Braga está a realizar um campeonato excepcional. Para Odaír, isso é mesmo o mais importante. Assevera que sempre deu "prioridade à defesa", aspecto no qual considera ter "melhorado". Uma certeza que nem alguns erros em jogos recentes conseguem abalar. A lesão com o Estoril valeu-lhe algumas semanas de afastamento, mas agora garante estar preparado para entrar nas opções de Manuel Cajuda para o embate com o Farense.

"Ao comparar os jogos que fiz esta época com os do ano passado considero que até aconteceu uma subida de forma. O problema reside somente nos golos, mas isso é fácil de explicar. Quando alguém marca tantos golos numa só época, as coisas complicam-se. Agora, quando vou à área tenho uma marcação muito, mas muito mais cerrada", justifica Odaír, garantindo que "no momento certo os tentos vão aparecer".

Para o defesa-central, tanto o seu rendimento como o do colectivo está a ser "muito superior" ao da época transacta. No entanto, os últimos jogos ficaram marcados por alguns deslizes defensivos que tiveram custos. Odaír foi um dos visados pelas críticas, pelo que garante "assumir" tudo o que faz em campo. "No jogo com o Estoril cometi um erro e sofremos um golo. São coisas que acontecem. Esta é a minha terceira temporada em Braga e sabia que algum dia isso podia suceder. Só tenho de levantar a cabeça, ficar tranquilo e dar continuidade ao meu trabalho."

Grande desafio

O grande desafio do Sp. Braga em 2001 será o de manter o ritmo que pautou os seus desempenhos na recta final do ano que findou. Odaír reconhece que "vai ser difícil". Na sua perspectiva, "nestes últimos dois jogos já não estivemos ao nível habitual. Por isso não podemos continuar assim. Temos de aproveitar esta paragem no campeonato para melhorar. Entendo que chegou em boa altura para fazermos uma reflexão, tomando consciência de que temos de melhorar para praticarmos um futebol de alegria. Entrando nos jogos com vontade de vencer. Temos de reconquistar esse espírito. Só assim poderemos manter-nos entre os primeiros da tabela".

«Inácio gostava de mim»

A fase menos positiva de Odaír teve um início coincidente com notícias que o colocavam na agenda do Sporting. Não faltou entre os responsáveis do Sp. Braga quem encontrasse aí a justificação para falhas cometidas em campo. Uma circunstância que Odaír desmente com veemência.

"Não, nem pensar. Até porque, na época passada houve o interesse do Benfica e continuei a fazer golos e bons jogos. Quando soube do possível interesse do Sporting continuei tranquilo e a trabalhar da mesma forma. Aliás, só tomei conhecimento desta notícia através dos jornais e ninguém do Sporting ou até do Sp. Braga me contactou a esse respeito", asseverou o jogador.

Para o defesa-central, nem sequer fazia muito sentido deixar o seu rendimento em campo ser afectado pelos rumores. "Não posso colocar em causa o meu trabalho só por causa de uma notícia. Ninguém vai querer um jogador só porque ele, num ano, fez uma boa época. Havendo interesse, os dirigentes querem acompanhar com cuidado as exibições. Para além disso, tenho de dar sempre o melhor pelo Sp. Braga. É esse o meu primeiro objectivo."

Quanto à eventual saída para um "grande", Odaír não esconde o desejo de ter essa oportunidade, mas também a fidelidade ao Sp. Braga. "Devo muito a este clube e sei que posso confiar plenamente no presidente. Ele prometeu-me que, se surgir algo de concreto, vamos conversar", salientou, apesar de não ter dado resposta definitiva à proposta de renovação por duas temporadas já formulada pelo grémio arsenalista.

E sobre o Sporting? "Só sei que o Inácio era um treinador que gostava muito de mim. Admirava o meu futebol e creio que as coisas poderiam ter-se tornado mais fáceis."

Industrial da panificação

Odaír D’arc Borges é oriundo de uma família de seis irmãos, cinco homens e uma mulher. Todos estão no Brasil e só o mais velho optou acompanhar o irmão na carreira futebolística. Enquanto Odaír sonha com voos mais altos no território português, o seu irmão decidiu abandonar o futebol e fez-se sócio do jogador do Sp. Braga num negócio de panificação. A empresa existe há dois anos, vende e fabrica pão e derivados. Com o nome “Shalom” (termo hebraico que significa paz) a empresa vai de vento em popa e o central minhoto já tem o futuro assegurado.

Jesus Cristo curou-me

“Jesus te Ama” foi a mensagem que por dez vezes Odaír mostrou na época passada. Membro dos Atletas de Cristo, o central do Sp. Braga nunca se esquece de passar a mensagem daquele que diz ser o seu salvador. “Estava no Cruzeiro quando conheci os Atletas de Cristo e isso mudou radicalmente a minha vida. Na altura, estava lesionado, sofri uma contusão muito grave e cheguei mesmo a sofrer de febre reumática. Podia ter acabado para o futebol, mas recorri a Jesus Cristo e ele curou-me. Nunca mais tive nada e nesse momento, Jesus provou que gosta de mim. Por isso este é o momento para passar essa mensagem de amor para o Mundo.”

Ricardo Rocha dará que falar

“O Ricardo Rocha é um grande jogador. Quando cheguei a Braga ele estava a subir para os profissionais e tive oportunidade de treinar ao lado dele desde essa altura. Notava que era um grande jogador. É novo e, embora sendo um grande talento, ainda tem muito a aprender. Mesmo assim tem capacidade para ser titular no Braga. Ainda vamos ouvir falar muito nele. Em grandes clubes portugueses e tenho a certeza também na selecção."