André Bernardo e a aposta na Academia Cristiano Ronaldo: «Há jogadores mais poderosos do que algumas marcas»

André Bernardo discursa sobre futebol no Portugal Football Summit
• Foto: Paulo Cunha

André Bernardo, vice-presidente do Sporting, participou este sábado num debate no Portugal Football Summit, discutindo vários temas num painel denominado 'Crescer com Alma: Como os Clubes se Expandem Sem Perder a Sua Herança'. À margem do evento, o dirigente dos bicampeões nacionais abordou a estratégia aplicada no clube de Alvalade, lembrando, desde logo, o trabalho feito em torno da Academia Cristiano Ronaldo.

"Temos de respeitar, faz parte do nosso legado. O nosso core business é o desporto e jogadores são uma componente fundamental. Os heróis são os atletas. Os jogadores são heróis, mas também são pessoas e há pessoas que por vezes descuram este aspeto, tentam copiar. Na era digital, estes jogadores são muito mais poderosos do que algumas marcas. Cristiano Ronaldo é a maior marca do mundo e é uma pessoa única. Naturalmente tem uma equipa que o apoia, mas é um ‘one man show’. E há muitos outros exemplos na indústria musical. São pessoas que se tornam bastante influentes e têm mais poder, em termos de notoriedade, do que muitas marcas. É algo que é transformador, mas temos um centro de talento. Na equipa de Portugal campeã da Europa, em 2016, 80 por cento eram jovens formados no Sporting. Naturalmente que temos de alavancar isso, a maior parte deles orgulha-se de ter sido formado na academia, o Cristiano é bom exemplo mas há outros, que vieram de origens humildes e difíceis. Todos sabem a história do Cristiano, da mãe do Cristiano, uma grande fã do Sporting, foi ela que o trouxe quando era menino para a academia. Ele fala disto, que estava longe de casa, ligava, tinha saudades... Temos a academia, os miúdos, vejam o Quenda, as suas origens, é bom que tenham esta ligação emocional ao clube. Ultrapassa o mundo do futebol. Muitos vivem na academia desde os 12, 13 anos. De mil jovens só 0,1% é que têm sucesso", assumiu o 'vice' leonino, lembrando ainda projetos delineados pelos verdes e brancos, com recurso também à marca de CR7.

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"Lançamos plano estratégico que materializa uma matriz identitária. Finalidade e premissa que respeita o nosso legado, a nossa historia. Só a tornamos mais clara, a finalidade já existia. Há 22 anos criei uma marca, não tive muito sucesso, se não não estaria aqui. Não havia e-comércio, agora sim, basta um telemóvel, internet e perfil nas redes sociais para distribuir, em poucos segundos podemos chegar a um publico global. Queremos ter um crescimento estribado em engagement dos adeptos. Lançamos uma colaboração com Cristiano Ronaldo e a Nike, 80% do tráfego veio da internet", apontou André Bernardo, revelando ainda projetos que o clube terá pela frente.

"Agora vamos mudar plataforma de comércio eletrónico, vamos lançar o My Way. É a canção, o hino do clube. Estamos a apostar na personalização, cabe às pessoas escolher a sua própria coleção, combinar várias peças. Trata-se de nos aproximarmos do publico. Com as ferramentas que temos podemos fazê-lo a nível internacional. Esperamos que estas e outras ferramentas nos ajudem a chegar a publico mais internacional. Somos um país pequeno. Teremos sucesso ou não? Os concorrentes têm muito mais dinheiro do que nós", confessou.

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Além disso, o dirigente explicou o sucesso em torno da política das redes sociais e interação com o universo sportinguista. "Estamos muito focado em melhorar o engagement com os adeptos. Somos um país pequeno, mas há um paradoxo de escala, diria eu. Se conseguirmos captar o interesse de um por cento de uma maior geografia, em volume, porventura, teríamos mais adeptos do que temos em Portugal. Segundo, a nível local há pouca apetência para mudar de clube. Há uma relação familiar, o amor pelo clube passa de pai para filho, etc. Lá fora têm um clube principal e outros complementares, podem ter interesse em outros não só por questões desportivas", vincou.

De resto, numa temporada em que a equipa de Alvalade volta a marcar presença na Liga dos Campeões, André Bernardo analisou o impacto da caminhada europeia. "Em primeiro há o retorno financeiro, mas em termos de reputação - e há estudos - tudo muda se temos historial na Champions. Quando se começa a entrar, a publicidade e atenção que a marca recebe é enorme. Também há impacto direto nos jogadores, aumenta o seu valor, e diminuem-se as duvidas que jogadores podem ter sobre vir jogar para Portugal. Há efeitos diretos e indiretos. É uma passagem para o palco global. Selecionamos jogadores porque achamos que são os melhores para a equipa. Se os tivermos, tentamos ter alvos específicos. Nas redes sociais, muito do impacto vem dos jogadores que temos e do seu perfil, o que se tornam em termos de popularidade. Ainda não somos tão eficientes como podemos, é algo que temos de melhorar e estamos a otimizar", reiterou, num painel partilhado com Mirwan Suwarso (Como) e Stacy Johns (Los Angeles FC).

Por André Antunes Pereira
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