Diminuição de receitas antecipadas, o "problema de 90 M€" e ameaça de "um Textor": Varandas, Oliveira e Nuno Sousa sobre as finanças do Sporting

• Foto: Sporting CP

Frederico Varandas não tem dúvidas de que a situação financeira do Sporting "está muito melhor" do que aquela que encontrou quando assumiu o comando da direção do clube. Ainda assim, o candidato da Lista A assumiu que o momento "não deixa de preocupar".

"Estamos numa situação muito melhor, mas não deixa de preocupar. O candidato Ricardo disse que os dois primeiros anos financeiros foram desastrosos e já lá vou; disse que temos receitas antecipadas e está errado, ou seja, quando entrei tínhamos dois anos de receita antecipadas e temos agora menos de dois; Sobre as receitas em fevereiro já batemos o recorde de receitas operacionais sem contar com a venda de jogadores; depois falou do Rúben Amorim como se tivesse sido ele a ligar a dizer que queria ser treinador; Sobre os jogadores caros sei que fracassámos em alguns jogadores e vamos voltar a fracassar mas a taxa de acerto melhorou como vemos no Matheus Nunes, o Nuno Santos, o Pote… discordo de si", começou por dizer Frederico Varandas, em declarações no debate realizado esta quarta-feira na Sporting TV.

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E prosseguiu: "Sobre os dois anos desastrosos digo-lhe que tínhamos 120 milhões de necessidade de tesouraria, tínhamos impostos do primeiro semestre em atraso e uma estrutura de custos altíssima só com 75 milhões e reduzimos para 60. O défice estrutural era de 30 milhões de euros e está nos 10 milhões de euros. Quando se fala de gestão digo que fizemos um financiamento de 65 milhões, cumprimos o fairplay financeiro a 31 de março. Reduzimos custos, aumentámos receitas e tivemos sucesso desportivo. Tínhamos um buraco de mais de 100 milhões de euros todos os trimestres, abatemos passivo até 2021, onde surgiu a Covid-19 e a maior crise económica que há memória. Aí há origem um custo de 30 milhões de euros, e não é só no Sporting, foram em todos os clubes."

Já Ricardo Oliveira, candidato da Lista B, fala que o Sporting tem neste momento "um problema de 90 milhões" entre mãos devido ao contrato de direitos televisivos que termina em 2028, considerando ainda que as contratações de Doumbia, Tiago Ilori, Borja, Renan, Luiz Phellype, Sporar, Rosier, Camacho e Eduardo Henrique geraram uma perda de 30 milhões de euros ao clube. O candidato fala mesmo em "milhões atirados ao ar".

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"Os números que Frederico Varandas aponta não estão refletidos nos relatórios e contas, enganou-se aí em diversas coisas, não tomou bem as suas notas, de certeza. Eu não falei dos últimos dois anos de mandato, falei dos dois primeiros, em que esta direção falhou muitas vezes. Falo de um Doumbia, Tiago Ilori, Borja, Renan, Luiz Phellype, Sporar, Rosier, Camacho, Eduardo Henrique… Em contas redondas são 30 milhões de euros atirados ao ar. Achei graça à aula de moral que me deu. Na última assembleia geral da SAD perguntei ao diretor financeiro quantos anos de antecipação de receitas levávamos e ele disse-me 2 anos, mas creio que será muito mais que isso. É um dos defeitos que imputo neste Conselho Diretivo, a falta de informação que os sócios e os acionistas tem. Não somos obrigados a adivinhar. O Sporting não está bem. Está-me a dizer que o Sporting está a fazer uma grande gestão financeira e não está. O seu financiamento de 65 milhões de euros, sabe ao juro que o pagou, não sabe? [Varandas responde que sim, mas que Ricardo Oliveira é que não sabe] Pois, o Ricardo é acionista e devia saber, mas você não informa. É uma falta de transparência. No seu anterior programa dizia que teria transparência para informar os sócios, agora acusa-me de não saber. Pois claro, se não diz eu não posso saber…", atirou.

Ricardo Oliveira não esqueceu ainda a questão das VMOCs (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis), assumindo a necessidade de o Sporting arranjar "um financiamento e reestruturar a dívida". "O contrato [de direitos televisivos] acaba em 2028. Quer dizer que em 2027/2028 e 2026/2027, se seguirmos neste percurso, já não teremos essas receita. A última vez que o Sporting iria receber dinheiro seria no dia 1 de julho de 2025. As VMOCs convertem em dezembro de 2026. Ao deixar de receber receitas financeiras no ano de 2026, o Sporting, em dezembro, tem de fazer face à recompra das VCMOs, são 40 milhões e 50 milhões de receitas que não vai receber. Temos um problema de 90 milhões. Se o Sporting já não é lucrativo agora… Temos de comprar as VMOCs obrigatoriamente, é preciso um financiamento e reestruturar a dívida. Investidores? Claro que os vou apresentar ,antes da eleições serão apresentados.

É preciso essa injeção de capital. São entidades e agentes que se queixam de não pagar, comunicados da UEFA a dizer que nos vão suspender… O Sporting passa para fora uma imagem financeira má."

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Nuno Sousa falou "nos Vinagres desta vida", que fazem com que o clube deva "cerca de 90M€ a fornecedores", sublinhando ainda a falta de coerência no discurso de Varandas: "diz uma coisa num dia, na televisão outra e no programa o que não tinha dito", atirou.

"Em primeiro lugar, o Ricardo confundiu a SAD com o cube. Não é a SAD que tem de comprar as VMOC, é o clube. É um erro básico que cometeu aqui. Estar a misturar a antecipação de receitas – e ainda gostava de saber o número do défice de tesouraria que existe. Devemos cerca de 90M€ a fornecedores, a curto e longo prazo. Se somarmos os Vinagres desta vida, até serão mais. Se somarmos os tais 2 anos de antecipação, podemos estar nos 200M€ ou muito perto disso. Se pensarmos na teoria do caos, pela dívida a fornecedores, agora temos o dobro. Parece que para Frederico Varandas não é. Era muito bom sabermos qual o défice de tesouraria neste momento, a situação não parece ter melhorado. Vamos ser claros: a outra proposta de 2018 de Varandas é reafirmada em 2020. Num canal privado, diz que a app é uma coisa cara. Está curiosamente de novo neste seu programa. Deve ter deixado de ser caro ou percebeu a coisa errada que disse. Num mundo em mudança, pôr de parte a revolução digital e confundir o que é caro com o que deve ser um investimento, é um disparate. O aumento das receitas só pode vir com a digitalização. O aumento que surgiu na Loja Verde foi natural por sermos campeões. Esta mudança constante de opinião do que deve ser a visão de um conselho diretivo diz uma coisa num dia, na televisão outra e no programa o que não tinha dito."

Aumento dos preços da Gamebox

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"Houve um erro grave: o enorme aumento dos preços das Gamebox. Completamente errado que leva a uma elitização do Sporting. Quer fazer ostracização de algum tipo de adeptos. Temos de multiplicar o preço pela quantidade. Aumentou o preço e baixou a qualidade, por isso é que as receitas de bilhética não aumentam."

Solução das VMOC para Nuno Sousa

"Tem de se encontrar um parceiro internacional e os parceiros que o Sporting sempre teve estão descontentes. E porquê? No prospeto do empréstimo obrigacionista, passa pelos pingos da chuva que o Sporting estava em incumprimento em 17M€. Quando fala que aumentou algumas coisas, também tem de falar no que falhou. Senão não está a ser verdadeiro. Iremos à procura desse parceiro da reestruturação. Quando chegou, Varandas deitou fora todo o trabalho que estava preparado. Podia melhorar o que estava, mas decidiu deitar fora. Iremos pegar nesse caminho e tentar melhorar. Não vamos estar à espera de 2026 e queremos resolver o mais rápido a reestruturação financeira. O Sporting está em incumprimento. Pode vir um Textor e fazer a compra, porque o Sporting está em incumprimento", terminou.

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Por Record
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