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13 setembro

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Dias Ferreira: o veterano que ficou com a batata quente

Ligação ao clube de Alvalade remonta ao tempo do recordado presidente João Rocha...

Dias Ferreira: o veterano que ficou com a batata quente
Dias Ferreira: o veterano que ficou com a batata quente • Foto: PEDRO SIMÕES

A participação continuada em programas televisivos onde assume a visão leonina dos temas em discussão fazem de Dias Ferreira o candidato mais conhecido e mais exposto dos que se apresentarão às eleições do Sporting no próximo sábado.

Além disso, a ligação do advogado – irmão da antiga líder do PSD e ministra da Educação e também das Finanças, Manuela Ferreira Leite – ao clube de Alvalade como dirigente (e não só) é a mais antiga e difícil de resumir, remontando ao tempo do recordado presidente João Rocha, o tempo ao qual diz agora querer regressar, convidando “simbolicamente” João Rocha Jr. para o acompanhar. Em agosto de 1980, depois de ter sido membro do gabinete jurídico, Dias Ferreira assumiu a vice-presidência com o pelouro secretariado-geral antes de integrar, também como vice-presidente, a direção de Amado de Freitas, após a demissão de Rocha, em 1986.

Rijkaard

Foi nesta altura em que o até há dias presidente da mesa da assembleia geral assumiu protagonismo, liderando a pasta do futebol. Conviveu com Jorge Gonçalves, o homem que trouxe Frank Rijkaard (então craque do Ajax, pretendido pelo Milan) para o Sporting. O mesmo Rijkaard que agora apresenta como grande trunfo, para o cargo de treinador. Na altura, vibrou com o negócio mas assustou-se com a iminência de o “Bigodes” assumir a presidência quando Amado de Freitas concluiu não ter condições para continuar. “Será o maior desastre da história do Sporting”, previu Dias Ferreira na conferência de imprensa em que a direção apresentou coletivamente a demissão, em 1988.

Já em meados dos anos 90, foi assessor de José Roquette mas saiu “por recusar ser remunerado”, como “impunha” o paradigma do “Projeto” que reorientou a gestão do clube até hoje.

Televisão

Foi então (1995) que começou a marcar presença nos ecrãs da TV e se tornou crítico de Pedro Santana Lopes (sucessor de Roquette na presidência), a quem acusou posteriormente (no programa “O Dia Seguinte”, da SIC) de ter sido responsável pelo seu afastamento do “Jogo Falado” da RTP, em 2004, altura em que Santana foi primeiro-ministro. Curiosamente, Santana Lopes veio a integrar o painel do “Jogo Falado”.

Só um quarto de século depois da primeira ligação ao Sporting como dirigente, Dias Ferreira equacionou candidatar-se a presidente. Anunciou a intenção de suceder a Dias da Cunha, nas eleições de 2006, mas a demissão deste e a “cooptação” de Filipe Soares Franco modificaram o cenário.

Campeão

Orgulha-se do curto período em que, pelo meio, voltou a ter responsabilidade executiva, quando, na passagem pela SAD (1999), com Paulo Abreu, foi preparada a equipa que pôs fim ao jejum de 18 anos no campeonato nacional de futebol.

Em 2009, voltou a posicionar-se na corrida eleitoral de maio. Após um sinistro episódio de agressão à porta do seu escritório, em Lisboa, Dias Ferreira aceitou o convite de José Eduardo Bettencourt para liderar a AG, cargo para o qual estava escolhido Rogério Alves.

Depois de ter fixado (em conjunto com o presidente do conselho fiscal, Agostinho Abade) o rendimento anual do presidente do conselho diretivo em 200 mil euros – mas se for eleito recusará remuneração –, é nesta condição de 1.ª figura da hierarquia leonina que Dias Ferreira fica com a “batata quente” nas mãos, surpreendido pela demissão de Bettencourt. “Por diversas circunstâncias entendo que o melhor para a vida do Sporting Clube de Portugal é que deixe de ser presidente deste grande clube. Acabei de comunicar essa minha decisão a José Dias Ferreira, presidente da mesa da assembleia geral. Não tenho mais nada a dizer”, ouviu-se após a derrota por 3-2 com o P. Ferreira, em Alvalade (15 de janeiro).

Compreensão

“É uma questão de caráter mais pessoal e eu, que o conheço bem, julgo que não terá sido tomada a quente, depois do resultado de ontem. Sei que José Eduardo Bettencourt atingiu o seu limite pessoal. A partir de certa altura as pessoas não têm a obrigação de suportar certas coisas. Não tem sido um mandato fácil...”, analisou o candidato à sucessão, na SIC.

Duas semanas antes, Dias Ferreira assistiu na tribuna de honra de Alvalade ao triunfo sobre a Naval (2-0) sentado à esquerda do presidente. À direita esteve, pela primeira vez, José Couceiro, o diretor-geral cuja contratação espantou o líder da AG: “Já lhe disse que é uma surpresa e não tenho mais nada a dizer”, comentou em vésperas do Natal, recusando classificar se se tratava ou não de um bom reforço.

Em outubro, após AG muito conturbada, Dias Ferreira elogiou o então diretor do futebol, Francisco Costinha: “As pessoas disseram na frente dele o que tinham a dizer. Enfrentou e portou-se como um sportinguista. Quando o vi na sala fiquei muito satisfeito.”

Dia seguinte

Naturalmente, foi em “O Dia Seguinte” que Dias Ferreira revelou ser candidato. Convicto do triunfo eleitoral, anunciou o afastamento do programa da SIC Notícias. “Tenciono seguir a minha cabeça, os meus projetos. Todos sabem o que penso e a minha forma de ver o clube. Na situação que o Sporting está, não chega avançar, mas sim pensar em todas as coisas que vão estar em jogo”, acrescentou, em direto.

Amigo pessoal de Carlos Queiroz, defendeu o ex-selecionador no primeiro conflito que este teve com a FPF e irrita-se quando o acusam de ter patrocinado a causa Queiroz quando foi despedido do Sporting: “Nunca fui, não sou, nem serei nunca advogado contra o Sporting.”

Barbeiro já famoso assinou-lhe a ficha

Na casa de Mem Martins, em agosto de 1954, com apenas 7 anos, José Eugénio aparece ao colo do homem que o propôs para sócio do Sporting: Jaime Barbosa Monteiro, barbeiro do avô, do pai, do próprio candidato Dias Ferreira e, ainda, também do filho mais velho. “Era praticamente da família. Já o tenho citado bastantes vezes, inclusive na televisão, porque era fervoroso adepto do Sporting. Era mesmo muito, muito sportinguista. O meu pai, um dia, perguntou-lhe: ‘Ó Monteiro, se não fosse do Sporting que clube gostaria de ser?’ Ele respondeu prontamente: ‘Se não fosse do Sporting gostaria de ser do Sporting’.

O prazer de viajar com a família e de advogar

Um dia muito bem passado, para Dias Ferreira, é um dia com a família. Tem dois filhos do primeiro casamento, com uma colega de faculdade: um economista e outro também advogado, ambos sportinguistas e com mais de 25 anos de filiação. Maria João, que se tornou a segunda e atual mulher, conheceu-a no trabalho, muitos anos depois. O que lhe dá mais prazer fazer fora do futebol é advogar e viajar. O melhor amigo é o colega e compadre José Manuel Simões de Oliveira que “foi um grande advogado e, depois, juiz-conselheiro do Supremo Tribunal Administrativo”.

LEÃO AO RAIO-X

Idade: José Eugénio Dias Ferreira
Idade: 63 anos (17/04/1947)
Profissão: Advogado
Número de associado: 2.481
Anos de filiação: 48

Melhor recordação: Vitória sobre o Man. United (5-0), quando até invadi o campo; vitória na Taça das Taças, que acompanhei pela rádio e pela TV, sobretudo o célebre golo do Morais; Taça de Portugal de 1995, quando soltei umas lágrimas (pelo Sporting chorei sempre de alegria, nunca de tristeza) ao ver a minha irmã, como ministra da Educação, entregar a taça ao Oceano; e a qualificação para a final da Taça UEFA.

Pior recordação: Gosto de esquecer os maus momentos mas há um que não esquecerei: 3 de agosto de 1987, dia em que contratei Paulinho Cascavel e, ainda antes de o apresentar, soube da morte de Emídio Pinheiro, duas ou três horas depois de ter falado com ele. Recentemente também fiquei bastante afetado com a doença de Artur Agostinho, depois de 8 dias a tentar contactá-lo para ser meu mandatário. É das pessoas que mais adorei conhecer no Sporting, um ídolo de menino. Deliciava-me com as suas histórias nos jantares do Grupo Stromp. O falecimento de Mário da Cunha Rosa perto de completar 100 anos também me entristeceu. Como é que, com 90 e 99 anos, respetivamente, se pode ser e pensar tão jovem? Gostava de imitá-los. Jorge Fagundes, que me levou para o Sporting, também faleceu recentemente. Foi uma época de profundas tristezas.

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