A surpresa já deixou de o ser, mas Leonardo Jardim não deverá abdicar hoje da aposta em Heldon para o onze do Sporting. O atacante ex-Marítimo rompe com uma lógica mais conservadora no que diz respeito à integração de jogadores recém-chegados (um reforço, por regra, não é titular na primeira oportunidade), mas a verdade é que o técnico tem muitas e boas razões para acreditar que o cabo-verdiano pode fazer a diferença no dérbi se jogar de início.

Desde logo porque, ao longo da semana, mostrou estar preparado para o desafio: integrou-se no plantel sem qualquer dificuldade; conhece bem a realidade do futebol português; e, como estava a competir com regularidade no Marítimo, apresentou-se em perfeitas condições físicas. Finalmente, dentro das opções disponíveis, seria o menos previsível para o(s) marcador(es) direto(s)...

Dito isto, faltava perceber a resposta do novo camisola 20 à exigência tática. E foi após esta avaliação que Leonardo Jardim entendeu que Heldon poderia entrar no onze. Afinal, o jogador contratado na reabertura do mercado personifica, como poucos, a estratégia anunciada de “entrar por cima do adversário”.

Ofensivo

Privado de William Carvalho (e da liberdade de movimentos que este confere à equipa do meio-campo para a frente) e obrigado a baixar um pouco Adrien (para o apoio a Dier), Jardim vê em Heldon o balanço ideal de ataque, pela diversidade de soluções que oferece e que pode acrescentar: mais velocidade, mais capacidade nas transições, maior verticalidade na abordagem à baliza e maior poder de finalização a partir das alas (conta 11 golos em 21 jogos, superior a Capel, Carrillo ou Wilson, neste particular). Não menos importante, com Heldon no onze, será a intenção de Jardim em controlar as subidas do Benfica no terreno. Ideias para pôr em prática hoje...

Promoção direta ao onze incluiu "terapia de grupo"

• Não é comum ver um jogador recentemente contratado entrar no onze ao final de apenas uma semana de trabalho. E tal só não aconteceu com Heldon porque o temporal impediu a realização do dérbi na data prevista. A medida radical foi tomada por Jardim a meio da semana, mas o plantel já estava preparado para a acolher, sobretudo os concorrentes do cabo-verdiano. Record sabe que a estrutura leonina geriu o caso com pinças. Ou seja, foi preparando o grupo para a possibilidade de Heldon ser titular, de forma a que esta entrada direta no onze não perturbasse a harmonia de um grupo reconhecido pelo forte espírito de união.