Em contagem decrescente para duas Assembleias Gerais – a da SAD, esta sexta-feira, dia 3, a partir das 18 horas, no Auditório Artur Agostinho; e a do clube, domingo, dia 5, a partir das 13h30, no Pavilhão João Rocha – o Movimento Hoje e Sempre Sporting emitiu um comunicado no qual lamenta a forma como a direção de Frederico Varandas constituiu a nova Sporting Entertainment, empresa que passa a ter o direito de superfície do estádio.

“O Movimento Hoje e Sempre Sporting lamenta a forma como foi conduzido o projeto de cisão-fusão que culminou com a constituição da Sporting Entertainment S.A. sem qualquer envolvimento dos sócios no processo de decisão em sede de Assembleia Geral, independentemente das questões jurídicas associadas ao processo”, pode ler-se no documento enviado hoje para as redações e assinado pelos sócios Afonso Pinto Coelho, João Trindade, Jorge Lopes, Roberto Carvalho e Vitor Afonso.

“Mais, entendemos que o processo, em termos de legitimidade democrática e de calendarização, devia ter sido devidamente enquadrado e contextualizado na Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral do passado mês de junho (aprovação do projeto de cisão-fusão) e da Assembleia Geral do próximo dia 5 de outubro (aprovação da criação da Sporting Entertainment S.A.)”, prosseguem os associados, lembrando que qualquer futura eventual alienação de capital da referida empresa terá de passar por uma consulta prévia em AG.

“Em função do cenário atual, o Movimento Hoje e Sempre Sporting alerta os sócios do Sporting Clube de Portugal que qualquer decisão sobre a alienação parcial ou total do capital social da Sporting Entertainment S.A. (onde consta o direito de superfície do Estádio e do Edifício Multideportivo) deverá ser sufragada em sede de Assembleia Geral da Sporting Futebol SAD e após consulta prévia aos sócios do Sporting Clube de Portugal, considerando que o clube é o acionista maioritário da Sporting Futebol SAD, assim acarretando a esta matéria a necessária transparência”, concluem, em nome do Movimento Hoje e Sempre Sporting.

Cumpridos requisitos legais sem debate em AG

A criação da Sporting Entertainment, recorde-se, implicou a transferência de ativos da SAD avaliados em cerca de 147 milhões de euros. A administração de Frederico Varandas pretende desta forma potenciar as receitas na área do entretenimento, nomeadamente as resultantes da exploração comercial do estádio e de todo o seu ecossistema, incluindo o museu.

Embora não tenha sido inserido na ordem de trabalhos, como descreve o movimento no seu comunicado, o tema da Sporting Entertainment acabou por ser comentado na AG de 29 de junho. Na circunstância, fonte oficial do Sporting disse a Record que, “por ser uma reestruturação interna de natureza societária sem qualquer impacto patrimonial direto para os sócios, acionistas ou credores, não se exige, nem se justifica uma intervenção prévia" dos mesmos.

“Esta operação foi definida e concretizada nos exatos e precisos termos exigidos pela lei, tendo a Sporting SAD assegurado o cumprimento de todos os critérios e requisitos legais. Importa referir que não altera a leitura nem a análise consolidada da Sporting SAD ou do Grupo Sporting. Não há qualquer impacto direto sobre a cotação das ações, nem sobre os direitos ou interesses dos atuais acionistas e credores”, acrescentou então a mesma fonte, sublinhando que a estrutura acionista “não será alterada” nem haverá redução do património das sociedades envolvidas.

A transferência de ativos da SAD para a Sporting Entertainment foi concluída no início de setembro. O assunto não faz parte da ordem de trabalhos oficial de nenhuma das duas próximas Assembleias Gerais do Sporting. A da SAD, esta sexta-feira, compreende cinco pontos (entre os quais o relatório e contas de 2024/25 e a proposta de remuneração variável a atribuir aos administradores executivos); a do clube, no domingo, será dedicada exclusivamente à apreciação e votação do relatório e contas de 2024/25.