Têm o FC Porto como origem comum e o Sporting como saída para dimensionarem carreiras brilhantes; pelo caminho viveram jornadas inesquecíveis ao serviço da selecção nacional e tornaram-se cúmplices de uma certa forma de estar no futebol e na vida; Rui Jorge e Pedro Barbosa estão unidos pela força da personalidade vincada, pela sábia gestão do silêncio e pela inteligência que transparece do discurso e dos actos.
São figuras maiores da SuperLiga, por qualidade futebolística e pela referência em que se tornaram nas funções que desempenham; mas são-no igualmente pela coerência do discurso, pela firmeza das ideias, pelo acerto das palavras e pela forma criteriosa como sempre se posicionam perante todo e qualquer facto.
Rui Jorge tem o dom da ironia, Pedro Barbosa fala curto e claro; um aceita com prazer o desafio de enfrentar os jornalistas (faz de cada conferência de imprensa uma peça do manual de comunicação para figuras públicas), o outro não se sente tão confortável mas, apesar da demora em dominar a relação com as câmaras, tornou-se um entrevistado apetecível (ouvi-lo nunca é uma perda de tempo).
Na última jornada da SuperLiga, um Sporting com a infelicidade estampada no rosto despede-se de 2002/03 nas Antas. Rui Jorge e Pedro Barbosa, ambos castigados, vão estar ausentes num palco que os une e os separa também: serviu de glória a um (que jamais esquecerá) e de tormento a outro (que nunca perdoou). É essa história que, de forma sucinta e nalguns casos surpreendente, se procura contar nas linhas que se seguem.
PEDRO BARBOSA - O fim por um fio
Era um menino carregado de talento e ilusão, que representava o modesto Atlético de Rio Tinto, da sua terra natal; deu nas vistas, tentou a sorte no FC Porto e por lá ficou. O último ano de júnior foi uma catástrofe: mal avaliado pelo responsável técnico Custódio Pinto, um magriço que fez história como jogador, Pedro Barbosa viveu um ano tormentoso.
Não era titular e apesar de já possuir as características de hoje, chegou a ser utilizado como lateral-esquerdo numa equipa da qual chegaram a fazer parte jogadores conhecidos como Vítor Baía, Fernando Couto, Jorge Costa, Secretário, Paulo Alves, Jorge Couto e Folha.
Bancário
Mas foi no fim da temporada que a relação difícil com o clube atingiu o ponto mais alto: no termo do contrato, mostraram-lhe a porta da rua sem lhe dizerem uma palavra. Nem contrato baixo, nem opção, nem empréstimo. Nada.
Era um jogador sem futuro, que não interessava manter sob vigilância e ponto final. Pedro Barbosa pensou então em acabar a carreira antes mesmo de a começar. Admitiu então seguir a profissão de bancário, à semelhança dos pais, mas o futebol teve ainda uma última e decisiva palavra.
Freamunde
Tiago, ex-companheiro do FC Porto, falou ao irmão Jorge Regadas, então treinador do Freamunde, na possibilidade de aceitar Barbosa para uns treinos experimentais. Estávamos no ano de 1989. Foi, ficou e fez duas épocas espectaculares, que despertaram a cobiça de muita gente a quem não passou despercebida a sua qualidade.
Assim foi com Aníbal Oliveira, amante do jogo e conselheiro pessoal de alguns treinadores, que logo o aconselhou ao amigo João Alves, então de passagem pelo Boavista. O luvas pretas, perante o entusiasmo de quem lhe falava numa estrela com lugar em qualquer equipa da I Divisão, decidiu tomar o assunto em mãos. E marcaram-se dois jogos-treino: um no Bessa e outro em Freamunde.
Guimarães
João Alves ficou encantado e expressou a vontade de o ter na sua equipa o mais depressa possível. Ao fim de 12 jornadas no comando técnico axadrezado, na época 1990/91, saiu para o V. Guimarães. Em Fevereiro de 1991, Pedro Barbosa comprometeu-se com os vimaranenses. De imediato, e porque a relação entre Pimenta Machado e Pinto de Costa, na altura, era marcada pelo conflito aberto, o FC Porto entrou na corrida.
Barbosa chegou a ter, depois de chegar a acordo com o Vitória, uma conversa com o presidente portista, que lhe apresentou argumentos suficientemente fortes para convencer muitos outros. Mas não a ele. Primeiro porque dera a sua palavra aos minhotos e depois porque estava de tal forma sentido com o FC Porto que não queria regressar. Nunca mais.
Nunca mais
Ao longo da carreira, Pedro Barbosa foi solicitado para regressar às Antas por mais de uma vez, normalmente no fim dos contratos. Após quatro épocas em Guimarães, assinou pelo Sporting, com o peso acrescido de ser apresentado aos adeptos, natural mas precipitadamente, como substituto de Luís Figo, que em 1995 saiu para Barcelona.
Em Alvalade cedo criou uma relação de amor e ódio, de veneração e irritação. Refugiou-se na personalidade forte, na convicção das ideias, na influência cada vez maior sobre o grupo, no amor pelo Sporting e no talento dos predestinados. Manteve-se fiel ao leão e assim entrou na veterania. Fez toda a carreira sem empresário para lhe tratar da vida e o máximo que aceitou repartir em mais de dez anos foi a confiança de um advogado amigo - cunhado de Jorge Regadas. Um dia, se quiser, terá muitas histórias para contar.
Nome: PEDRO Alexandre dos Santos BARBOSA
Data de nascimento: 6 de Agosto de 1970
Naturalidade: Gondomar
Posição: Médio
Estreia na I Divisão: Benfica - V. Guimarães, 2-0 (01-09-1991)
Treinador que o lançou: João Alves
1989/90 - Freamunde (II) 24 4
1990/91 - Freamunde (II) 28 5
1991/92 - V. Guimarães 17 2
1992/93 - V. Guimarães 29 8
1993/94 - V. Guimarães 31 4
1994/95 - V. Guimarães 31 6
1995/96 - Sporting 22 8
1996/97 - Sporting 30 5
1997/98 - Sporting 27 1
1998/99 - Sporting 18 2
1999/00 - Sporting 31 2
2000/01 - Sporting 23 7
2001/02 - Sporting 27 3
2002/03 - Sporting 24 2
TOTAL I DIVISÃO: 310 JOGOS/50 GOLOS
RUI JORGE - em nome da carreira
Tinha 9 anos quando foi aos treinos de captação do FC Porto, levado pelo pai. Nas Antas fez todo o percurso nas camadas jovens, até ser emprestado ao Rio Ave, no primeiro ano de júnior, por indicação de Augusto Inácio, seu treinador nos juniores.
Regressou logo a seguir ao clube de origem, onde prosseguiu a carreira até 1997. Viveu um total de15 anos no FC Porto e nunca escondeu as marcas de tão intensa relação, geradora de afectos e cumplicidades eternas.
Uma pubalgia, detectada a seguir à presença nos Jogos Olímpicos de Atlanta, afectou o seu normal desenvolvimento. Demorou a recuperar, jogou pouco e recebeu o convite do Sporting.
Em nome da carreira aceitou o desafio de mudar de cidade e de clube. Correu riscos mas sabe hoje que valeu a pena: cimentou o estatuto de melhor lateral-esquerdo do futebol português e enriqueceu um dos currículos mais brilhantes da sua geração.
RUI JORGE
Nome: RUI JORGE de Sousa Dias Macedo de Oliveira
Data de nascimento: 27 de Março de 1973
Naturalidade: Vila Nova de Gaia
Posição: Defesa
Estreia na I Divisão: FC Porto - Tirsense, 3-1 (14-02-1993)
Treinador que o lançou: Carlos Alberto Silva
1991/92 - Rio Ave (II) 31 2
1992/93 - FC Porto 8 0
1993/94 - FC Porto 23 0
1994/95 - FC Porto 15 0
1995/96 - FC Porto 22 3
1996/97 - FC Porto 11 0
1997/98 - FC Porto 6 0
1998/99 - Sporting 26 2
1999/00 - Sporting 34 2
2000/01 - Sporting 32 0
2001/02 - Sporting 30 0
2002/03 - Sporting 22 1
TOTAL I DIVISÃO: 229 JOGOS/8 GOLOS
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