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13 setembro

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Toñito: «Esperava ser titular»

Toñito não está satisfeito com a condição de suplente. Respeita a opção do treinador, mas não desiste de lutar por um lugar na equipa, até porque afiança estar a atravessar "um bom momento de forma", e recorda que não lhe podem exigir muito "em dez/quinze minutos". Depois de uma pré-época em que prometeu muito, foi relegado para segundo plano. Tem alinhado aos fogachos e continua sem se afirmar no plantel de Alvalade. Num misto de tristeza, mas com confiança no futuro, confessa-se

Toñito: «Esperava ser titular»
Toñito: «Esperava ser titular»

"Por que não jogo com mais regularidade?" Toñito faz a pergunta vezes sem conta e ainda não encontrou resposta. O avançado espanhol respeita as opções do treinador Augusto Inácio, mas não se conforma com a situação. Referenciado no início da época como estando a atravessar um bom momento de forma, a verdade é que o jogador que desencadeou uma guerra entre o FC Porto e o Sporting ainda não se conseguiu impor na equipa inicial. Acreditava, e ainda acredita, que esta época poderá ser a da sua afirmação. Mas a realidade, para já, é diferente. Autodefine-se como um lutador, e fazendo profissão de fé nas suas qualidades garante que não desiste enquanto não for titular, de preferência atrás do ponta-de-lança, onde diz que rende mais.

– Depois de ter feito uma boa pré-época esperava nesta altura ser titular?

– Sim, de facto, esperava. A minha intenção desde o início da temporada foi sempre a de assegurar um lugar no onze. Mas a verdade é que isso ainda não aconteceu. E até comecei bem. Fiz três/quatro jogos consecutivos durante a pré-época, tinha o que qualquer jogador procura: continuidade na equipa. Confesso que andei um pouco triste. Encontrava-me, e encontro-me, em boa forma. Do ponto de vista profissional, foi um duro golpe não ter começado o campeonato como primeira escolha. Estava com enorme confiança e muito bem fisicamente. Sentia que este ano iria ser o meu ano. Mas ainda pode ser.

– Que razão encontra para não ser titular?

– Para lhe dizer a verdade, não sei. Pergunto muitas vezes a mim próprio por que não jogo com mais frequência e não obtenho resposta. Tento estar durante a semana melhor que ninguém. Tento fazer bem o meu trabalho. A cem por cento. Mas quem decide é o treinador. Ele tem as suas ideias, cabe-lhe a ele tomar as decisões. Se entende que deve jogar outro, respeito a sua decisão. Só tenho de continuar a trabalhar para que ele veja que eu não desisto. Mas é difícil exprimir todas as minhas qualidades em tão pouco tempo. Todos os jogadores só encontram a sua grande forma jogando com regularidade. É difícil um jogador valorizar-se em dez, quinze minutos.

– Tem o lugar tapado por João Pinto, atrás do ponta-de-lança [Acosta] ou reclama outra posição no terreno, pelas bandas?

– Sempre disse que o lugar onde gosto mais de actuar, onde posso dar tudo de mim, onde as minhas qualidades podem sobressair, é atrás do ponta-de-lança. Mas já actuei nas bandas. E, quer à direita quer à esquerda, tento sempre fazer o melhor possível. Mas nunca irei render ao melhor nível se não actuar na minha posição. Continuo a acreditar, se trabalhar como até aqui, que irei realizar o meu grande desejo. Não posso é desanimar.

– Reconhece que não é fácil tirar o lugar a João Pinto, ainda para mais se ele estiver a render...

– O ano passado, também era difícil entrar no onze inicial. Tudo depende como se encontra cada um. Por muito bom que um jogador seja, ao longo de uma temporada conhece sempre fases boas e outras menos boas. Tenho uma força de vontade muito forte para tentar conseguir jogar com regularidade. Sei que é difícil, mas na vida a única coisa que não tem solução é a morte. João Pinto é um jogador com muita qualidade e tem muita experiência. Mas o campeonato é muito longo, todos teremos oportunidades.

– Inácio falou consigo? Deu-lhe alguma explicação?

– Não, não tive nenhuma conversa com o “mister”, mas também acho que a minha única conversa tem de ser dentro de campo.

– Esperava ser titular em Moscovo? Antes do jogo, Inácio disse que o Sporting teria de ser mais rápido a sair para o ataque. Ora, velocidade é o que não lhe falta....

– Estava mentalizado para isso. O treinador fez a sua eleição. Tenho de aceitar.

– No jogo com o Salgueiros, ficou no banco e não chegou a entrar. Pela primeira vez esta época...

– Fiquei, sobretudo, contente por a equipa ter ganho. A nível pessoal, porém, não posso esconder que fiquei triste. Tinha a ilusão de que ia entrar nesse jogo, o que acabou por não acontecer. Há que respeitar as decisões do “mister”. Resta-me continuar a trabalhar.

– Sente-se um jogador adiado em Alvalade?

– Sinto-me essencialmente muito orgulhoso de estar neste clube tão grande. Até agora não pude render mais porque, repito, não tive oportunidade de jogar com regularidade. Tudo se resume a isso. Fui titular no jogo com o Alverca, em que infelizmente empatámos em casa, com um golo sofrido no último minuto, e no jogo seguinte voltei ao banco. Mas não vou desanimar. Há que ter paciência. Sou jovem, não quero ter tanta pressa em explodir. O meu primeiro ano no Sporting, a nível pessoal, quiçá não foi tudo o que eu desejaria, mas fui campeão. Actuei em muitos jogos – pouco tempo, mas muitas partidas. Gostaria, no entanto, que esta época pudesse ainda dar mais de mim à equipa.

– Recusa, então, a ideia de que é um jogador para apenas entrar ao longo de uma partida?

– Absolutamente. Um jogador que só é utilizado durante quinze/vinte minutos é pouco reconhecido. E eu acho que tenho valor, caso contrário não estaria numa equipa tão grande como o Sporting. Estaria numa equipa de menor dimensão, mais pequena. Tenho a minha consciência tranquila. Já demonstrei na pré-época que se for utilizado com continuidade posso ser útil à equipa. Não podem é pedir muito de mim em quinze minutos.

INÍCIO ATRIBULADO

– O Sporting teve um início de época difícil. Em seis-jogos-seis não conseguiu segurar um resultado. Que se passou com a equipa?

– Essa situação fez-nos lembrar o sucedido o ano passado. Também sofremos uma pequena queda no início do campeonato. Começou-se a gerar um clima de desconfiança, e isso acabou por afectar o nosso trabalho dia-a-dia. O futebol é inexplicável. Este ano, as coisas correram-nos mal em alguns jogos, e voltaram as críticas. Mas, mais do que ninguém, nós, jogadores, queremos vencer os jogos. Somos nós que mais sentimos as derrotas. As vitórias são celebradas por todo o mundo. As derrotas vivemo-las sozinhos, temos de as assumir. Este ano, foi complicado, mas vamos ultrapassar a situação – se não estamos já a ultrapassá-la –, temos um conjunto espectacular, um grupo muito unido. Daqui a pouco tempo, o tema de conversa será outro: que o Sporting se encontra numa fase muito boa. Está muito bem.

– Falou-se de má preparação física...

– Isso é ridículo. Não sei por que se disse isso. Tanto falaram que passou a ser aceite como um facto. Mas a verdade é que, nós, jogadores, nunca nos sentimos mal fisicamente. Deixámos fugir algumas vitórias, é verdade, mas foi porque cometemos erros, não foi pela condição física. Que não estamos no “top”, é verdade, nem podíamos estar nesta altura. A época é como subir uma escada. Degrau a degrau. E de certeza que estaremos mais tarde num nível físico muito melhor.

– Mas a saída do preparador físico Manuel Terrão não contribuiu para essa ideia, de que o Sporting estava sem força?

– Para mim, a saída de Manuel Terrão foi um equívoco. O preparador físico era uma pessoa com carácter, com um bom nível de conhecimentos. Pessoalmente, fez um bom trabalho. O grupo estava com ele.

– Não é normal uma equipa como o Sporting, campeã nacional, em seis jogos estar a vencer e depois deixar-se "apanhar" pelo adversário. Não pode ser só coincidência...

– Acho que essa situação se tornou mais visível com a participação na Champions League. Estamos a viver uma realidade nova, a jogar com equipas de nível europeu muito grande. Não temos muita experiência nesta prova, mas mesmo assim acho que temos dado uma boa imagem. Estivemos sempre em vantagem, jogámos sempre o jogo pelo jogo, na procura do golo e isso ninguém pode colocar em dúvida. Podemos queixar-nos de alguma falta de sorte. Mas também temos de aprender, por exemplo, com a experiência do Real Madrid, que consegue virar resultados. Mas isso não se faz de um momento para o outro. Mesmo assim, ainda vamos tentar algo que sentimos que ainda podemos conseguir: a passagem à segunda fase.

– As saídas de Vidigal e Duscher não enfraqueceram o meio-campo?

– Eram jogadores importantes. Tiveram um bom desempenho ao longo da época, tal como Quiroga e Saber, que também foram importantes. Mas isso não nos pode servir de desculpa para quando as coisas nos correm menos bem. Temos um plantel valioso, com excelentes jogadores. Neste plantel há qualidade suficiente para substituir qualquer jogador.

LIGA DOS CAMPEÕES

– Que hipóteses ainda tem o Sporting na Liga dos Campeões?

– O melhor que tem este balneário, como o ano passado já tinha, é que pensa jogo a jogo. Se ganhamos, queremos ganhar a seguir. Se perdemos, só pensamos em vencer a partida seguinte. Não fazemos contas à distância. Como podemos atacar a recta se primeiro temos de dar a curva para ficar a conhecê-la? Temos de caminhar passo a passo. Está difícil o apuramento? Está tudo difícil. Ser campeão em Portugal, também. As equipas já não são como antes. No balneário, a única coisa de que falamos em relação à Liga dos Campeões é que temos de continuar a dar uma boa imagem do Sporting na Europa e, sobretudo, tentar ganhar os três jogos que faltam. Sobretudo, os dois em casa. Vamos fazer os possíveis para agarrar a possibilidade de passar ou pelo menos dar uma imagem de que fizemos tudo para tentar seguir em frente. Temos de demonstrar isso nos próximos três jogos.

– Como analisa os três resultados até aqui obtidos pelo Sporting na liga milionária?

– A derrota na Alemanha e na Rússia custou-nos muito. Trabalhámos muito nesses jogos, demos a cara, e ficámos muito tristes por termos deixado escapar a possibilidade de vencer. Com o Real Madrid foi pena, mas tivemos uma grande equipa europeia pela frente que já provou que recupera resultados com frequência...

– O Sporting deve ter como prioridade a conquista do campeonato ou lutar nas duas frentes (campeonato e passagem à segunda fase da Liga dos Campeões)?

– A prioridade é o campeonato, embora também tenhamos de fazer bons jogos na Champions. Ganhar algumas partidas e tentar o que parece impossível. O futebol está tão estranho que hoje em dia pode-se dar a volta rapidamente a situações adversas. Veja o que se passou na final do Torneio Olímpico. Os Camarões estavam a perder 0-2, empataram e acabaram por vencer nos “penalties”.

– Schmeichel disse em recente entrevista que o Sporting tem primeiro de se afirmar a nível nacional, antes de pensar em altos voos na Europa...

– Concordo com ele. É muito importante que o Sporting seja campeão. São os títulos que dão mais tranquilidade e poder às equipas. Temos o exemplo do FC Porto, cinco vezes campeão nacional. Tem sido uma experiência maravilhosa estar na Champions, ambiente extraordinário, estamos a ganhar experiência, ainda vamos tentar seguir em frente, mas o nosso objectivo deve ser, é, o campeonato. Temos de cimentar a nossa posição a nível nacional. Para então, sim, jogar uma cartada fora, na Europa.

– Como tem sido a experiência de jogar quarta/domingo?

– Para muitos de nós é uma experiência nova jogar de quatro em quatro dias. É natural que nos tenhamos ressentido um pouco. Somos seres humanos. Temos de procurar estar sempre a cem por cento, mentalizarmo-nos que temos de estar bem na quarta, bem no domingo.

OS OUTROS CANDIDATOS

– Como analisa os outros candidatos ao título? FC Porto, Benfica... o Sp. Braga vai à frente...

– As equipas mais pequenas estão a demonstrar que se encontram mais fortes, que é preciso contar com elas. Estão a jogar bom futebol. É melhor para o espectáculo. Ontem, por acaso, vi o Benfica na televisão, com o Sp. Braga e parece-me que o Benfica fez uma boa segunda parte. Têm um novo treinador, há que lhe dar tempo para implementar os seus novos métodos. Tudo se faz com tempo. Veja-se o caso do FC Porto, que começou mal e agora está mais forte. As equipas de futebol são como uma bola de neve.

– Vem um ciclo quase decisivo, quer para a Liga quer para o campeonato. Daqui a duas jornadas, o Sporting recebe em Alvalade o FC Porto...

– Decisivo, não, importante. Daqui a duas jornadas recebemos o FC Porto em casa e podemos passar para a frente. Dar-nos-ia uma força ainda maior. Mais confiança. O FC Porto parece-me estar a atravessar um bom momento, mas com um bom resultado ficaremos uma equipa ainda mais forte do que já somos.

– Terminemos como começámos: qual o seu principal objectivo esta época?

– É ser titular do Sporting. Também tenho a ilusão de ser campeão e de fazer uma boa prestação na Liga dos Campeões, mas o grande objectivo, pessoal, é ser titular do Sporting. Terei de continuar a trabalhar como até aqui. Sei que vai ser complicado, não é nada fácil, mas penso que se estiver na forma que estou agora vou acabar por chegar lá.

– E se isso acabar por não acontecer?

– Se isso não acontecer... então é porque não há um Deus lá em cima. Mas vai acontecer. Confio em mim, nas minhas qualidades. Sou um lutador. Nunca desisto. Não gosto de perder, nem nos treinos. A derrota magoa-me. Para mim, não ser titular, a nível pessoal, é algo que não esperava. Mas não posso deixar-me afectar por isso e tenho de continuar a lutar. A minha hora há-de chegar.

DUPLA COM ACOSTA

Toñito admira Beto Acosta, seu amigo particular, de quem fala com entusiasmo. Elogia o carácter e a forte personalidade do ponta-de-lança argentino. E sonha ainda um dia fazer dupla com o "matador". Quem sabe?

– Acosta é para mim como um professor. Aprendo muito com ele. Algo que me deixa assombrado é a sua forma de actuar. Quando aconteceram certas declarações, como aquela que se seguiu ao jogo na Alemanha, ou outras em que disseram que ele só servia para bater os “penalties”, que não está num grande momento de forma, a verdadeira resposta dele a todas essas pessoas deu-a no último domingo ao marcar dois golos. Espantoso. Aguentou as declarações menos boas, nunca demonstrou a tristeza interior que sentia pelas mesmas, e deu uma bofetada de luva branca em toda essa gente com os dois golos que deram a vitória ao Sporting. Acosta tem dado muito por este clube, e só por estar três jogos sem marcar não se pode logo dizer que já não vale nada.

– Uma dupla Toñito-Acosta funcionava?

– Sim, sem dúvida. Ele tem uma forma de jogar espectacular. É um jogador com muita experiência. Gosta de ter apoio e fazer tabelas. Sonho um dia ainda fazer dupla com Acosta.

QUEM É QUEM

Nome: António Jesus Gonzalez "Toñito"

Idade: 23 anos (24-02-77)

Naturalidade: Tenerife

Altura: 1,70 m. Peso: 65 kg

Posição: médio-avançado

Estreia na I Divisão: Boavista-V. Setúbal, 2-1 (24-08-97, 45 minutos)

Treinador que o lançou: Manuel Fernandes

Estreia no Sporting: Santa Clara-Sporting, 2-2 (20-08-99, titular, 45 minutos)

Treinador que o lançou: Giuseppe Materazzi

Clubes: Tenerife (96/97), V. Setúbal (97/98: 22 jogos, 2 golos; 98/99: 22 jogos, 4 golos) e Sporting (99/00: 22 jogos).

Sporting 2000/2001: I Liga: 5 jogos (102 minutos); Liga Campeões: 3 jogos (45 minutos)

Internacionalizações: não tem

Títulos: campeão português em 1999/2000 (Sporting)

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