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13 setembro

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Torcida Verde volta a colocar em causa as ZCEAP e questiona multas aplicadas pela Liga

Claque do Sporting lamenta os castigos relativos à utilização de tarjas e fala em censura

Torcida Verde lamenta a segregação das claques
Torcida Verde lamenta a segregação das claques • Foto: Luís Manuel Neves

A claque do Sporting, Torcida Verde, voltou a colocar em causa as Zonas com Condições Especiais de Acesso e Permanência de Adeptos (ZCEAP), considerando que esta medida origina a segregação dos grupos organizados de adeptos em relação aos outros espectadores. Num artigo publicado no site deste grupo de adeptos é denunciada a falta de condições em alguns estádios nas ZCEAP, criticada "a censura" relativa às mensagens das tarjas várias vezes confiscadas à entrada dos estádios, e a política de multas da Liga onde é apontado o exemplo de Jorge Costa, em que o FC Porto foi alvo de uma punição por uma homenagem ao seu malogrado diretor desportivo.

Leia aqui o texto intitulado «Basta ZCEAP, «Presumivelmente culpados até prova em contrário!» na íntegra:

"Esta foi uma das dezenas de coreografias interditadas no EJA na época 2022/23 de denuncia das ZCEAP. Com essa faixa interdita, pretendíamos evidenciar os preconceitos existentes sobre os Grupos Organizados de Adeptos que a criação das ZCEAP acentuava ainda mais.

Desde 2019, ainda antes da sua implementação (Portaria 159/2020) a Torcida Verde está em luta contra o Cartão do Adepto e as ZCEP (sectores gueto onde são enjaulados os adeptos munidos de bilhetes nominais e intransmissíveis, autorizados a usar bandeiras, tambores, faixas, coreografias, devidamente sancionadas pelo promotor de jogo). 
A nossa indignação pela implementação dessas medidas passa pelo seu caracter segregativo, contribuindo para aumentar os estigmas já existentes que catalogam os adeptos dos GOA(Grupos Organizados de Adeptos) no campo da delinquência e da criminalidade.
Por outro lado, na Torcida Verde denunciámos também que a emissão dos bilhetes nominais para as ZCEAP, como uma medida discriminatória, uma vez que se destinava apenas para os adeptos desses sectores Gueto, e não para TODOS os sectores dos estádios.

A luta da Torcida Verde contra o CA e as ZCEAP, não se ficou pela retórica.

A recusa em entrar nos estádios na época pós conquista do titulo 2021, abdicando do melhor protocolo até então proposto pelo SCP/SAD foi a melhor demonstração. O mesmo aconteceu a partir de 2023/24, após uma época em que acedemos ao pedido da administração leonina, formalizando um protocolo armadilhado, largamente e conscientemente incumprido pelo seu principal signatário e único ideólogo.

De facto, a Torcida Verde recusou assinar vários protocolos, sob pena de sermos cúmplices de um modelo que estigmatiza e divide adeptos, apenas para termos acesso a bilhetes e demais benesses. Como sempre afirmámos publicamente, nunca considerámos os protocolo como “um acordo comercial”. Porque nesse contexto, ganhava realidade a retórica que assegura que as claques como "bandos de idiotas úteis, fáceis de comprar e ainda mais baratos de descartar”. Não pode valer tudo em nome de falsas noções de fidelidade, especialmente quando está em causa a nossa identidade.

Foi neste contexto que idealizamos a faixa a apresentar no EJA no final dessa famigerada época 2022/23, "ZCEAP...Decorar a a jaula, não te torna livre!", prontamente censurada pelos notabilíssimos inquisidores- mor. Desde há muito que temos a consciência que os modernos donos da bola e a entourage de administradores; dividem os adeptos em instrumentos e inimigos, o que nunca nos impediu de intervir na defesa da identidade do SCP e dos direitos dos adeptos do desporto, como um fenómeno popular e interclassista. Porque o silêncio nunca foi o nosso idioma.

Com as ZCEAP, as interdições e restrições, a situação melhorou?

Especialistas relacionam o actual regime de interdições dos tradicionais materiais de apoio (bandeiras, faixas, tambores, megafones, frases, coreografias) com a desregulação nas Curvas e com a proliferação e descontrolo do uso de artigos de pirotecnia, por serem de fácil dissimulação. Acrescentam também que, as interdições dos materiais e a quebra da comunicação institucional, esvazia o tradicional mecanismo de autocontrolo interno, caractristica do movimento Ultras, mantendo-se contudo presente a territorialidade.

Multas, o grande negócio da LPFP

A mediatização das multas pela crescente disseminação de artigos de pirotecnia, retira o foco da questão central que passa pela interdição dos direitos mais elementares dos adeptos, impedidos de exercer um direito constitucional como a liberdade de expressão nos “seus” estádios(“territórios”).

A final da Taça de Portugal 1969

Na final da Taça Portugal 1969 (AACoimbra- SLB) os estudantes de Coimbra, rumaram ao Jamor expondo dezenas de faixas onde expressavam suas reivindicações. Portugal vivia sob uma assumida ditadura. Numa lamentável ironia, volvidos mais de 50 anos do derrube desse regime, no Portugal de 2025, o exercício dessa liberdade de expressão está condicionado de forma infame, nos recintos desportivos.

A interdição de faixas nos sectores fora das ZCEAP afirma-se de grande conveniência para quem pretende censurar intervenções de denúncia dos fenómenos que orbitam no futebol moderno (agentes e comissionistas jogadores, fundos de Investimento, off shores, lavagem e branqueamento capitais, tráfico menores, venda de clubes). Esses são os mesmos protagonistas incomodados com as intervenções da Torcida Verde sobre os preços dos bilhetes, os horários dos jogos, a defesa da identidade, do ecletismo e do modelo de clube-associativo de utilidade publica vocacionado para a prática desportiva dos seus... adeptos! A aposta no modelo da interdições, punições conduz á militarização dos estádios, outro lucrativo filão que emerge nesta conjuntura.

De Vítor Damas, J. Agostinho a Jorge Costa!

A actual conjuntura, presente nas últimas épocas tem originado episódios tão infames quão grotescos! Foram os casos das multas pela exposição de faixas de tributo a Vítor Damas, Joaquim Agostinho, e a interdição de outras faixas de evocação de Peyroteo, Vasques ou Carlos Lopes, entre outras. Já na presente época 2025/26, emergiu a ancestral hipocrisia dos geniais administradores do futebol negócio: Após o falecimento do futebolista Jorge Costa, a liga decretou um minuto de silêncio em todos os jogos das competições por si organizadas.  Poucos dias depois, a mesma liga imputou uma multa ao FCPorto, motivada por uma homenagem ao malogrado Jorge Costa!

O negócio das multas da LPFP, em todo o seu esplendor, despudor e impunidade.

A maior ironia é que são os administradores das SAD que sancionam estas actuações despóticas, reveladoras de uma sensibilidade própria dos adoradores das eficientes folhas Excell

Como um estado dentro do estado

Os legisladores colocaram a gestão das ZCEAP nas mãos das SAD e da LPFP, demitindo-se de intervir no caso desses impolutos protagonistas violarem ou incumprirem o próprio regulamento das ZCEAP, como tivemos oportunidade de experienciar na época 2022/23.

ZCEAP: BARES, WC, BILHETEIRA ELECTRÓNICA…

O regulamento das ZCEAP, exige a criação de WC, Bar de apoio, o acesso a bilheteira electrónica para compra de bilhetes.Em 2025, como em 2021, 2022, 2023 e 2024, inúmeros “estádios” desprezam essas “exigências” regulamentares.

Experienciar as ZCEAP dos recintos do Nacional da Madeira, do Rio Ave, Moreirense, Famalicão, Arouca entre muitos outros são exercícios que deveriam exigir a vivencia dos dirigentes institucionais e dos geniais administradores das SAD e da LPFP, habituais frequentadores dos camarotes VIP dos estádios 5 estrelas.Sobre estas deploráveis condições dos frequentadores das ZCEAP, continua o mesmo silêncio dos dirigentes dos clubes e ...das instituições!

Não se trata do direito de sermos todos iguais, mas do direito de sermos igualmente diferentes! Perante o imobilismo, o conformismo da generalidade do Mainsteam que nos resta? Conformarmo-nos em sermos como os espectadores de um cineteatro ou no máximo, reproduzir a perfomance das focas amestradas para bater palmas, de um qualquer espectaculo circense? Que nenhum adepto se iluda: este processo de militarização dos estádios visa silenciar-nos, porque estamos na vanguarda da defesa da IDENTIDADE, mas é o mesmo processo que visa transformar TODOS os adeptos, em clientes de uma marca.

Será um modelo que privilegia adeptos em função da sua capacidade económica, visando a elitização dos estádios, onde a participação, e a intervenção dos adeptos não terão lugar! Na retórica dos defensores do futebol moderno, parece uma inevitabilidade o triunfo do modelo de elitização dos estádios, com a proliferação de uma vasta panóplia lugares VIP. Tal poderá significar a erradicação da ancestral vivencia da atmosfera dos estádios de forma festiva, participativa, incondicional, inclusiva. Essa perspetiva exige-nos lutar por um modelo inclusivo e interclassista. Porque nem se trata de reivindicar o direito dos adeptos serem todos iguais na maneira de vivenciarem o seu clube , mas do igual direito de podermos ser diferentes nessas formas de expressão.

Aos adeptos de todas as cores, resta-nos encontrar formas de luta convergentes, agregativas para enfrentar os interesses predatórios que capturaram nossos clubes, transformando-os numa plataforma de negócios. Não tenhamos ilusões: Os agentes desses interesses preferem que lutemos uns contra os outros, para que não lutemos contra os interesses que representam.

O conformismo e a indiferença são os grandes aliados dos ideólogos desse processo de transformação, em marcha desde há muito. Porque nesta opereta em formato de tragicomédia, que se transformou o futebol moderno, a culpa nunca é dos que recitam, mas dos que aplaudem."

Por Record
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