"Em termos pessoais, a época correu-me lindamente (...), talvez por me ter conseguido libertar mais que os colegas nos momentos maus", explica o futuro lateral-direito do V. Guimarães, grato ao presidente gilista "por ter facilitado a vida"
NO MEIO da "tormenta" que atingiu a turma gilista, o "pulmão" de Bessa na ala direita fê-lo destacar-se ao ponto de considerar este "o melhor ano de sempre". Como lateral-direito mais pontuado do nosso jornal (86 pontos), acabou inserido no "onze" ideal de Record e justificou a cobiça de vários clubes, com o V. Guimarães a ganhar a corrida. O balanço do ano é francamente positivo:
- Em termos pessoais, a época correu-me lindamente. Penso que foi o meu melhor ano desde que jogo à bola. Talvez por me conseguir libertar mais que os meus colegas nos momentos maus E o resultado disso foram os bons jogos que realizei.
- Qual a explicação para a época atribulada do Gil Vicente?
- Quando se começa mal é sempre difícil dar a volta por cima. Vínhamos de uma época excelente e toda a gente exigiu que fizéssemos a mesma coisa. Só que a renovação do plantel complicou tudo...
- ... Porque saíram jogadores preponderantes na manobra da equipa?
- Isso foi bem visível nos clubes que os acolheram: deram cartas, jogando a grande nível todo o ano. Os que entraram também são bons... mas vieram de escalões inferiores e tardaram um pouco a adaptar-se. Foi notório no início da época e depois as coisas tardaram a encarreirar. Na segunda volta foi o que se viu: uma excelente recuperação, com 27 pontos que garantiram a manutenção.
- Até que ponto os afectou militarem nos últimos lugares a partir da 5ª jornada?
- Psicologicamente afecta sempre. Não é fácil entrar em campo com a necessidade de pontuar. Por muito que fizéssemos, as coisas não corriam bem. A tendência da Comunicação Social e das pessoas de Barcelos para comparar esta equipa com a do ano passado também não ajudou... começou-se logo a dizer que estes jogadores não tinham valor para a I Liga, comparando situações distintas. Os que entraram também eram bons e felizmente demos uma boa resposta.
Luís Campos decisivo
- A entrada de Luís Campos foi um marco importante nessa reviravolta?
- Pode-se dizer que foi decisivo, já que a equipa estava muito afectada. A maneira de Luís Campos lidar com os jogadores alterou o panorama. Não quero dizer que não tivéssemos uma boa relação com Álvaro Magalhães, mas já estava cá há bastante tempo... e desta vez as coisas não correram bem. Luís Campos trouxe novos métodos e terá sido esse o segredo para a equipa reagir pela positiva.
- A vitória concludente da 21ª jornada (4-1) sobre o V. Guimarães, orientado pelo ex-treinador, foi decisiva?
- Todas as vitórias são importantes, mas essa veio numa altura crucial. A situação não era nada boa e qualquer vitória era sempre uma lufada de ar fresco.
- A hipótese de renovar em Barcelos esteve sempre em cima da mesa. Foi determinante a diferença de verbas entre as outras propostas?
- Verbas e não só. Logo na pré-época foi-me proposta a renovação. Respondi que o mais importante era estar concentrado na equipa, porque ainda era muito cedo. Voltaram a falar comigo a meio da época, quando estávamos em risco de descida. Disse que esperava pela proposta, mas que só resolveria a minha vida quando o Gil Vicente clarificasse a sua situação na I Liga. Isso só aconteceu no último jogo e, entretanto, surgiram outros clubes. Como sou ambicioso...
Presidente compreendeu
- O presidente João Magalhães compreendeu essa sua opção?
- Foi espectacular. Disse que queria o melhor para mim e que nunca me iriam esquecer. Eu digo o mesmo do Gil e agradeço que me tenham facilitado a vida.
- Se o V. Guimarães tivesse descido, a opção seria a mesma?
- Tinha um compromisso verbal, mas só assinei depois de acabada a época. Se descessem, teríamos de conversar. Porque seria um passo atrás voltar à II Liga.
- Que será do Gil sem Bessa, Nuno Assis, Vítor Vieira, André...? A sina é ter de refazer todos os anos a equipa?
- Nos últimos anos tem sido assim. Mas isso também tem o lado bom: se saem jogadores para outros clubes, é sinal que fizeram bom trabalho em Barcelos. Só espero que consigam recompor a equipa. Luís Campos é bom treinador e saberá, melhor do que ninguém, escolher jogadores que permitam fazer uma boa época.
"Um orgulho ser treinado pelo Inácio"
- Por que optou, entre outras ofertas, pela do V. Guimarães?
- Pelas condições que me oferece e por ser um clube com outras ambições...
- Apesar de ter ficado, nos seus dois anos na I Liga, atrás do Gil Vicente?
- Isso é verdade. Mas ninguém põe em dúvida o valor e o potencial do Guimarães, que luta sempre pelos lugares europeus. É um grande clube, fico perto de casa, da família e da minha namorada, o que é muito importante nesta fase da minha vida.
- A equipa em formação dá mais garantias que o Vitória da época finda?
- Sim. Pelas contratações que tenho visto, o V. Guimarães está a construir uma boa equipa. Com este ritmo poderá fazer uma época em grande. Para mim, é um orgulho ser treinado pelo Inácio, que foi campeão nacional. Isso diz tudo.
- Que perspectivas leva para discutir o lugar com o Abel?
- Defrontei-o na II Liga e, pelos jogos que vi este ano, não tenho dúvidas de que é um bom jogador. Vai ser uma luta muito grande para conquistar o lugar.
- Que promessa deixa aos exigentes sócios vitorianos?
- A única coisa que posso prometer é muito trabalho. E tentar, juntamente com os meus colegas, ajudar o Vitória a atingir os seus objectivos.
"Passei com Álvaro as maiores alegrias"
Iniciado no Ermesinde, Bessa saiu para o FC Porto como juvenil. Na transição para sénior esteve emprestado dois anos ao U. Lamas, até cortar o vínculo às Antas. "Com tristeza, por não terem dito nada quando acabou o contrato" e "por não ter chegado à primeira equipa", saiu "sem guardar rancor" por ter sido ali que deu "os primeiros passos como jogador".
A curta passagem pelo Nacional não deixou saudades: o serviço militar limitou-o durante seis meses ("apesar das facilidades dadas no quartel para treinar") e os madeirenses desceram à II B. Viu-se então sem clube, mas a sorte inverteu-se na ida para Barcelos: "O 'mister' Álvaro Magalhães pegou em mim e com ele tive as maiores alegrias da carreira: fomos campeões da II Liga e logo a seguir fizemos a melhor classificação de sempre - quinto lugar na I Liga - a lutar com o Boavista até à última jornada. Penso que fui para lá no momento certo. Passei momentos maravilhosos que ficarão no meu coração para sempre."
"Vibrei com os jogos de Petit na selecção"
"Muito contente" pelos ex-colegas que foram campeões na equipa mais regular da I Liga", Bessa ficou "extremamente orgulhoso por ver o Petit fazer uma excelente época no Boavista" e chegar a titular na selecção nacional. "Vibrei com os jogos que ele fez na Irlanda e com o Chipre. Fiquei muito feliz por ele: já merecia esta oportunidade."
"Tive pena que Moreira não fosse campeão"
A situação de Petit contrasta com a de Moreira, que teve papel preponderante na subida do Gil Vicente à I Liga em 98/99, mas passou a última época "encostado" por não renovar com o Boavista. "Tive pena que o Moreira não fosse campeão", diz Bessa, que "não soube o que se passou", mas está certo que "é um excelente jogador e tem valor para fazer uma grande carreira".
Só guardião P. Jorge teve maior utilização
Bessa tem boas razões para dizer que cumpriu a sua época mais produtiva de sempre, já que foi o segundo atleta mais utilizado do plantel, logo depois de Paulo Jorge. Só falhou dois dos 34 jogos e apenas quatro vezes foi rendido, somando um total de 2820'. Com 56 presenças no escalão principal, apresta-se para superar em Guimarães os 75 jogos cumpridos na II Liga.
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