É com certeza uma casa vitoriana

Cervejaria Martins, no coração de Guimarães, conta 70 anos, sempre a respirar Vitória

É com certeza uma casa vitoriana. Há pão e cerveja sobre a mesa, mas o prato principal é mesmo o amor incondicional pelo clube da cidade. Na Cervejaria Martins, no coração de Guimarães, há já 70 anos que se respira Vitória. A fim de conhecer melhor este espaço característico, Record chegou à fala com Damião Martins, um dos donos, que abriu o livro de histórias de um ponto emblemático.

“O meu pai adorava o Vitória, sempre fez tudo pelo clube. Chegou a diretor. Nunca foi um dos mais importantes, mas ajudava muito os jogadores. Tínhamos uma mercearia, os jogadores vinham aqui buscar coisas, tomar o leite, alguns beber bagaço... Como o Caiçara [médio do Vitória na década de 1960], que bebia sempre antes dos jogos. Dava-lhe força”, explica.

A casa já não enche como antigamente em dias de jogo, mas a verdade é que não faltam histórias de noites memoráveis. “No tempo do Dr. Pimenta Machado, quando o Vitória ia às competições europeias, a praça enchia. As quartas-feiras eram do outro Mundo. E só havia a cervejaria”, lembra, revelando que nesses tempos chegou a vender 75 barris de 50 litros de cerveja... numa noite: “Não digo mais, senão as Finanças...”, diz, entre risos.

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Adepto do V. Guimarães confiante contra os grandes: «O que desejo? 5-0 ao Benfica, com o FC Porto… 6 e com o Sporting… 7»

Os tempos são outros, mas um aspeto segue inegociável: quando o Vitória joga, mais ninguém interessa. “A casa é do Vitória, os donos são do Vitória. Quando há jogo, não me vai pedir para pôr o Benfica”, aponta. E de olhos postos no Benfica, precisamente, Damião deixa o seu pedido: “O meu desejo? Contra o Benfica? 5-0. Contra o FC Porto? Seis. Contra o Sporting? Sete!”.


Os ouvidos de Pimenta Machado

Damião Martins, de 61 anos, viveu várias décadas de Vitória, mas há um período da história que lembra com especial carinho: o da presidência de Pimenta Machado, com quem guardou histórias infindáveis. “Ele, para contratar um treinador, mandava pessoas do ‘staff’ vir aqui. Aqui dizia-se que tal treinador era bom, que o outro era mau. Tinha aqui não os olheiros, mas sim os ‘ouvideiros’”, atira, entre risos. As palavras de Damião sobre o antigo presidente são, de resto, todas de elogio. Segundo o dono do estabelecimento, consigo no poder, o Vitória não teria descido em 2005/06. “Ele não teria deixado”, garante, antes de deixar uma adenda. “Ao contrário do que ele pensa, sempre fui muito amigo dele. Disseram que falei mal dele, mas é mentira”, conclui.


Símbolo do Sp. Braga intocável

Damião Martins é vitoriano de coração, um assumido apaixonado pelo Vitória, mas há algo a que não foge: ao desportivismo. Por essa razão, tem um galhardete do Sp. Braga exposto no seu restaurante do qual não deixa ninguém chegar perto. “Já me tentaram tirar o galhardete, os vitorianos mais ferrenhos. Mas eu nunca deixei. O Sp. Braga é um clube da 1ª Liga e merece estar aqui, independentemente da rivalidade. Por que não hei de ter o Sp. Braga? Daqui ninguém tira isto. Rivalidade, sim, mas saudável”, refere.

Por Pedro Morais
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