O mentor de uma temporada projectada para ter sucesso aceitou, finalmente, falar da sua saída. Não se alongou nas considerações, mas desafiou alguém a provar ter afirmado que o clube lutaria para conquistar o título
FEZ quinta-feira precisamente cinco meses que Paulo Autuori deixou o V. Guimarães. Foi a 19 de Novembro de 2000, após uma goleada (0-4), em casa, frente ao Benfica, clube que os minhotos defrontam no domingo à tarde. Nessa noite tão fria e cruel, o treinador decidiu que o seu trabalho, em Guimarães, tinha terminado sem que o projecto fosse concluído. Demitiu-se e resistiu a todas as pressões para continuar a exercer funções. Despediu-se sem declarações e com vontade de apenas dizer, "um abraço...". O Vitória está-lhe no pensamento e não o nega. Afirmou oportunamente que se trata de um clube que o "marcou como treinador", pelo que jamais será apagado da sua memória. "O Vitória e a cidade de Guimarães estarão sempre comigo no coração", sublinhou.
A convite de Record, Paulo Autuori falou, recentemente, sobre algumas questões que objectivamente estão ligadas à sua saída. O Benfica-V. Guimarães resume os dois clubes onde fracassou em Portugal. A ideia de esgrimir alguns argumentos não lhe agradou de todo. "Vocês sabem que gosto de sair com a máxima elevação. Foi assim que aconteceu em todos os clubes que trabalhei", garantiu. Mas a insistência da nossa reportagem permitiu, ainda assim, a obtenção de algumas respostas para questões pertinentes. Cibernauta confesso, o técnico brasileiro consulta vários "sites" desportivos portugueses e sabe, perfeitamente, como está a decorrer a presente edição da I Liga. Evita comparações para não ferir susceptibilidades mas confessa-se muito agradado com o "equilíbrio" que se verifica na luta pelo título luso.
"Tenho quase a certeza que a luta vai durar até ao fim. Mas quem tem pontos de vantagem, no caso o Boavista, está obviamente sempre mais bem colocado para se sagrar vencedor", reconheceu.
Sem humilhação
O ex-treinador do Vitória deixou o clube pela porta pequena. Vaiado pelos adeptos que no início da época lhe reconheceram méritos de inegável qualidade, conforme Pedro Xavier fez ver aos associados após a derrota com o Benfica. Autuori desvaloriza o ambiente que na noite de 19 de Novembro envolveu o seu abandono do estádio e garante que saiu com a máxima dignidade. "Debaixo de humilhação? Não. De maneira alguma. No futebol não há humilhação. As pessoas esquecem-se facilmente do passado", opinou.
O cenário dessa noite, que não sendo original também não é muito frequente, envolveu escolta policial para evitar agressões. Mas nem isto altera em nada a análise de Autuori. "O futebol é isto. Eu dou a cara e não tenho problemas. Agressões? Nem pensar. Não queriam que eu saísse por causa dos problemas, mas saí a pé e passei pelos sócios. Ninguém me quis agredir", recorda, sugerindo um exemplo que lhe serve de lição. "Com o Maracanã completamente cheio fui vibrantemente aplaudido e vaiado. Acabei por ser campeão..."
Razão sobre o título
Paulo Autuori guarda na memória tudo o que disse após a sua saída. Haveria muito para rebater, mas recusa fazê-lo em profundidade. "É contra os meus princípios e, desculpem, não adianta lembrar essas coisas", escusa-se. Só através de sucessivas de insistências é que foi abordando alguns temas, mas sem nunca entrar em polémicas. A principal crítica partiu de Pimenta Machado, dizendo que o ex-treinador cometeu um "excesso ao dizer que o Vitória lutava pelo título". Autuori não focaliza a sua reacção às declarações do presidente e aproveita até para dizer que sentiu sempre um "grande apoio" da direcção do clube.
"Desafio qualquer responsável do clube, jogadores, jornalistas e outros agentes desportivos a demonstrarem-me que afirmei isso. Eu assumo tudo o que digo sem medo. Sei perfeitamente o que disse, o que, aliás, até se está a confirmar", começou por afirmar. "Recordo-me que citei alguns exemplos europeus, entre os quais o D. Corunha e o Bayer Leverkusen, para dizer que em Portugal também se estava a encurtar a distância entre os que lutavam todos os anos pelo título e aqueles que se assumiam pela UEFA. Foi exactamente isto e não inventem mais nada. Por isso disse que o Vitória tinha condições para se intrometer na luta. Aliás, parece-me que tenho razão. Ou não? Quem está em primeiro lugar? Não é o Boavista, habitual candidato à UEFA e que há dois anos atingiu a Liga dos Campeões? E em que lugar está o Sp. Braga, matematicamente com possibilidades de lutar pelo título?", questionou para sustentar a sua defesa.
Sugeriu Álvaro Magalhães?
A dispensa de alguns jogadores também não agradou a Pimenta Machado. "Eu não dispensava o Riva nem o Tito", afirmou após a apresentação de Augusto Inácio. Paulo Autuori tinha poderes e sobre esta questão reafirma apenas que "assume as suas responsabilidades" relativamente às várias mexidas que se verificaram no plantel. Ficou ainda a ideia que foi o próprio quem sugeriu a contratação de Álvaro Magalhães como seu substituto. Existe, porém, uma imprecisão.
"Do lote de treinadores que me apresentaram, é verdade que disse do Álvaro Magalhães, pelo excelente trabalho que estava a fazer no Gil Vicente, que era uma boa solução", explicou. Mas os resultados provaram que não foi. A equipa está a ser comandada pelo terceiro treinador em apenas uma época. "Onde está o problema? Por favor, isso agora não é comigo. Jamais falaria sobre essas questões. Desejo as maiores felicidades ao Vitória e espero muito sinceramente que saia rapidamente da situação em que se encontra. A sua tradição e prestígios justificam um lugar completamente diferente e espero que se reabilite", desejou.
«Quero ser campeão pelo Alianza de Lima»
Paulo Autuori assegura que nunca temeu um desafio em toda a sua vida e a propósito das críticas que lhe teceram após a saída do Vitória afirma o seguinte: "Vim para o Peru e assumi que estava cá para ser campeão pelo Alianza de Lima. É uma meta assumida por mim e que não me mete medo."
Um dos «grandes» do Peru comemora centenário
O Alianza de Lima foi fundado em 1901 e está a comemorar o seu centenário. "Espero dar-lhes uma grande alegria", desejou o técnico. Uma tragédia marca a história do clube. Em Dezembro de 1987, depois de um jogo no norte do país, o avião que transportava a equipa despenhou-se no mar.
Cubillas é um dos craques do azul-branco peruano
Cubillas começou a sua carreira no popular Alianza, saiu para a Suíça e chegou ao FC Porto talvez o melhor jogador que já actuou no nosso país. Foi um dos seus principais craques, juntamente com Benítez, Perico León e Cueto.
O plantel desta época conta com quatro brasileiros, todos com experiência no futebol peruano: Palhinha, Esidio, Groto e Edu. Autuori garante: "Tenho visto jogadores brilhantes..."
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