Sporting-FC Porto 1-1: Tradição cumprida em jogo emocionante e tira-teimas adiado para a finalíssima

FC Porto e Sporting cumpriram a tradição e mais uma vez haverá prolongamento nesta terceira vez em que ambas as equipas se encontram na final da Taça de Portugal. Um desgaste suplementar para os jogadores, mas uma boa notícia para os cofres da FPF e dos clubes que assim vão poder encaixar cada qual mais um terço de uma boa receita em que a venda de bilhetes se somará aos direitos de transmissão e à publicidade estática.

O resultado dos 120 minutos acaba por se adequar, embora tivesse sido o Sporting a equipa que mais procurou vencer o encontro. O FC Porto, que entrou bem e marcou o seu golo logo muito cedo (3), tentou actuar em contra-ataque e a verdade é que ambas as equipas se equivaleram em oportunidades de marcar.

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O jogo foi emocionante, sem ser de grande qualidade. Em especial depois do intervalo, e no prolongamento, as duas equipas jogaram um futebol aberto e ofensivo, proporcionando bastantes lances de perigo junto a cada uma das balizas, nas quais os guarda-redes estiveram bem, em especial Hilário, embora marcado pelo lance do qual resultou o golo leonino.

As duas equipas mostraram de novo as respectivas características. O Sporting tem um futebol de garra, muito lutador e massacrante, que melhora à medida que o relógio avança e o desgaste físico ataca o adversário; o FC Porto pratica um jogo de maior qualidade ofensiva e possui mais talento no apoio ao ponta-de-lança (Jardel). O duelo do Jamor deu ainda para ver que a equipa das Antas fez uma boa recuperação psicológica depois da desilusão do Campeonato, para o que também contou muito o madrugador golo de Jardel, sempre frio no momento de escolher o local para onde vai enviar a bola.

Para quinta-feira as duas equipas têm de recuperar algumas sequelas. O Sporting perde Acosta, que viu um cartão amarelo, e pode ter problemas para recuperar Rui Jorge e André Cruz, o primeiro substituído e o segundo com um prolongamento penoso no qual até deixou de tratar dos lances de cobranças de falta e cantos. O FC Porto já vai poder contar com Jorge Costa mas estará sem Paulinho Santos e... Jardel! Vão faltar os “matadores” na decisão! E, afinal, apesar da salva de prata recebida das mãos de Pedro Barbosa, Rui Barros ainda poderá fazer mais um jogo para, então sim, colocar um ponto final numa carreira bonita e valiosa para o FC Porto, seu clube de sempre.

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As opções de Augusto Inácio e Fernando Santos não surpreenderam tacticamente, embora a nível individual haja a salientar o regresso de Secretário (ai a selecção!...) à banda direita do FC Porto - o que levou Nélson a ser até preterido dos dezasseis, lote em que também não coube Deco, porventura por problemas físicos. No Sporting mais uma vez Edmilson não conseguiu chegar sequer ao banco.

O FC Porto entrou em 4x1x2x3. Paulinho Santos a “trinco”. Drulovic recuado para o miolo e Rubens Júnior como esquerdino mais adiantado (Capucho na direita) no apoio a Jardel. Ricardo Silva, como esperado, preencheu o habitual lugar de Jorge Costa.

O Sporting optou pelo 4x4x2. A dupla de trincos habitual (Duscher e Vidigal) esteve enquadrada por Pedro Barbosa e De Franceschi, tendo Inácio assumido jogar com dois pontas-de-lança: Ayew e Acosta.

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A equipa das Antas era teoricamente mais ofensiva, mas foi o Sporting a tomar logo conta do jogo, domínio territorial exercido a partir do meio-campo, zona do terreno em que Duscher e Vidigal estiveram de novo em grande plano. O FC Porto teve a infelicidade da saída de Paulinho Santos, lesionado num lance com Acosta em que o argentino terá respondido com uma agressão a idêntica atitude do portista um minuto antes. Sem o temperamental jogador, Chainho recuou e Rui Barros ocupou o vértice direito do habitual triângulo do centro do terreno. Essa substituição tirou poder de combate à equipa de Fernando Santos.

O golo de Jardel condicionou o jogo e temperou a euforia leonina, apoiada por mais de 2/3 da lotação de um estádio onde se viveu uma bonita tarde de festa. Esse golo voltou a provar a importância de Jardel e contou com uma certa colaboração dos centrais leoninos, que deixaram o goleador portista aparecer completamente solto em terrenos em que ele raramente falha.

A luta a meio-campo foi sempre dura e recheada de duelos individuais. Paulinho, encarregado de Pedro Barbosa, entrou com bastante impetuosidade no jogo. Chainho/Vidigal e Drulovic/Duscher eram os outros pares do “miolo”.

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O Sporting reagiu mas teve pela frente a classe fora-de-série do veterano Aloísio, um “monstro” ainda precioso. E o FC Porto poderia ter chegado ao 2-0 ainda antes dos 20 minutos, num lance em que Capucho se isolou e rematou por cima da barra.

A insistência leonina conseguiu criar um momento muito delicado aos 38 minutos. A cruzamento de De Franceschi, Duscher cabeceou à barra e a bola bateu muito perto da linha de golo mas claramente fora, apesar dos protestos gerais dos adeptos verdes. A partir daí a falta de Ayew sobre Hilário na tentativa de conseguir empurrar a bola para dentro da baliza foi clara.

E ainda antes do intervalo foi o FC Porto, apesar do maior domínio territorial do Sporting, a estar perto do golo com um remate perigoso de Esquerdinha, depois de excelente iniciativa individual.

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Rubens Júnior apareceu “tocado” à beira do intervalo e Fernando Santos aproveitou o descanso para uma rectificação que melhorou a equipa: a entrada de Clayton. Os primeiros momentos do FC Porto foram de bom nível e Rui Jorge cometeu uma falta sobre Capucho (49) nos limites da grande área - faltou pouco para grande penalidade!

Duscher já estava a jogar muito bem, mas foi então que surgiu a empurrar em grande nível, com a ajuda do infatigável Vidigal e de André Cruz, a equipa para a frente. O Sporting pressionou a defesa do FC Porto com o habitual futebol feito de lançamentos e acabou por ver o voluntarismo recompensado com um empate numa jogada infeliz da defesa contrária, após um canto. André Cruz cobrou tenso, Pedro Barbosa entrou decidido de cabeça e Secretário e Hilário foram infelizes nas tabelas, cabendo ao guarda-redes o último toque a introduzir a bola na baliza.

A partir daí (56) o jogo tornou-se ainda mais aberto. Ataques alternados, a bola a passar por cima de ambos os sectores intermediários. O Sporting construiu mais lances de perigo - remate de Acosta (59), cabeça de Mpenza (75), remates de Ayew (87) e Duscher (88) e, sobretudo, um último de Mpenza a escassos segundos do termo dos 90 minutos habituais, ao qual Hilário respondeu com categoria; mas o FC Porto também teve iniciativas que intranquilizaram Schmeichel - remate de Clayton (81), uma ofensiva de 3x3 em que a defesa leonina foi apanhada em contrapé (85) e também uma jogada arquitectada por Capucho, a partir da direita (89), que foi desfeita por Schmeichel e Beto depois de uma enorme confusão.

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No aspecto puramente atacante, as substituições de Inácio, sempre previsíveis, melhoraram o Sporting e deram-lhe balanço para o prolongamento, durante o qual Fernando Santos teve a coragem de tirar Jardel (apagado, apesar do golo) e meter Alessandro, o que valeu manifestações de desagrado dos adeptos portistas.

O prolongamento foi jogado muitas vezes no fio da navalha e o FC Porto começou por ser infeliz. Vidigal evitou o golo de Drulovic com um salto para trás que permitiu o desvio de cabeça com Schmeichel apanhado a meio da viagem (94) e logo a seguir desesperou Clayton com outro bom corte. Este Vidigal com certeza não vai faltar na lista de Humberto Coelho para o Europeu!

As oportunidades de golo para ambas as equipas sucederam-se e o Sporting de novo poderia ter marcado à beira do fim, após outro canto tenso cobrado por André Cruz. Valeu ao FC Porto que Ayew não conseguiu o remate e Alessandro estava em cima da linha de golo a evitar que a bola a transpusesse.

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Tudo somado, o empate foi o resultado mais justo. Ao predomínio territorial do Sporting, o FC Porto respondeu sempre com um contra-ataque muito perigoso.

Arbitragem deficiente de António Costa. Teve alguns erros de julgamento, mas sobretudo esteve muito mal disciplinarmente. Não ajuizou correctamente os “mimos” Paulinho Santos-Acosta. E no prolongamento foi contemporizador para duas faltas que dariam segundo cartão amarelo e expulsão a dois jogadores do FC Porto: Clayton (101) e Ricardo Silva (116).

JOÃO MARCELINO

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