Rui Borges: «Agarrei a oportunidade. Merecemos isto enquanto equipa técnica»
Rui Borges analisa, na conferência de imprensa, a vitória frente ao Benfica na final da Taça de Portugal:
O que foi mais difícil neste trajeto no Sporting?
"As dificuldades existem, só não me agarro a elas. Acontecem em todo o lado. É a forma como olhamos para elas e as aproveitamos para as transformar em oportunidades. E foi o que fiz desde o dia em que aqui cheguei. Agarrei a oportunidade. Merecemos isto enquanto equipa técnica. E depois foi fazer acreditar os jogadores. Não perderam qualidade, não deixaram de ser os melhores, porque assim o símbolo de campeão indica. É fazê-los acreditar. Foi isso que demonstraram desde sempre. Não jogava um, jogava outro. Faz parte. É a forma como olhamos para a nossa vida. E eu olho para a minha com muita felicidade e gratidão. Às vezes há coisas que não queremos, mas temos de viver na mesma e agradecer da mesma forma. É um bocado isso que faço e que carreguei para a equipa. O acreditar e transformar tudo de menos bom em coisas boas".
Análise à exibição do Sporting e à entrada na 2.ª parte. Sofre dois golos, mas só um conta. Que notícia boa o Paulinho falou há uns dias?
"Isso tem de perguntar ao Paulinho... Foi um jogo competitivo dentro do que foram todos contra este adversária. Em momento estivemos melhores, noutros estiveram eles. Depois do lance do VAR ficámos intranquilos e deixámos o Benfica crescer, houve dois ou três lances perto da nossa baliza e o Rui faz uma grande defesa. Uma 2.ª parte onde queríamos ser mais fortes nos duelos, na 1.ª parte fomos algo fofinhos em alguns momentos competitivos. O jogo estava muito de referências. O Benfica veio com uma estratégia diferente do habitual. Bateu com o nosso sistema inicial também. Estávamos a perder duelos e segundas bolas. Uma 2.ª parte onde não entrámos assim tão bem e ficámos ali 5 minutos meio perdidos. Mas o golo aparece numa falta, portanto nada a dizer. E mesmo no primeiro há um lance idêntico... Depois disso, o Benfica agarrou-se ao resultado. Não acredito que o mister Lage quisesse baixar, mas é natural os jogadores agarrarem-se a isso. É uma final. Deram-nos mais bola. Depois faltou-nos mais qualidade no último terço, em alguns momentos faltou sermos mais inteligentes. Por vezes abusámos do Viktor, mas é algo que já está neles por tudo o que nos dá. Mas por vezes acabamos por desgastá-lo. A equipa acreditou que podia chegar ao empate e chegou com todo o mérito, pela alma que demonstram desde sempre. Depois fomos melhores na 1.ª parte do prolongamento e, na 2.ª , talvez tenha havido menos qualidade de parte a parte. Agarrámo-nos ao 2-1 e depois acaba por aparecer o Trincão a resolver o jogo".
Pode analisar a exibição do Gyökeres? Considera o resultado justo depois do que se passou nos 120 minutos? Bruno Lage esteve aqui e queixou-se da arbitragem...
"O queixar é subjetivo e faz parte, não vou entrar por esses caminhos. O resultado fala por si e é justíssimo. O Viktor? Quem está de fora, tem de perceber que ele não vai aparecer bem em todos os momentos. Precisava de não perder o equilíbrio, ser mais paciente para ter menos ações, mas melhores ações. E depois é isto. A qualquer momento, resolve o jogo. E acabou por resolver aos 90'+9. É o Viktor. Temos de perceber que não vai ter só ações muito boas. E quando perceber que não tem tantas, terá de fazer a diferença quando tem oportunidade. E ele merece todo esse crédito e reconhecimento. Tem dado muito à equipa e deu hoje outra vez, mas a equipa também lhe dá muito. Hoje ganhou o Sporting com a ajuda do Viktor, do Pote, do Trincão, também do Moreira. Entrou muito bem, minutos fantásticos e merece muito pelo trabalho todo".
Extremos do Benfica apareceram muito entrelinhas. Como analisou a exibição da linha defensiva do Sporting? Colocou dois laterais a centrais exteriores...
"A linha defensiva esteve muito bem. Podia ter sido mais proativa, o Inácio teve de ir buscar o Bruma algumas vezes e isso criou alguns problemas. Era preciso encurtar o espaço, para que o Inácio fosse mais rápido. A estratégia do adversário tem de perguntar ao adversário. Mas depois as coisas entraram num jogo em que gostamos, de olhar muito a referências, mas onde tivemos de ser competitivos. Houve alguma hesitação na 1.ª parte. Deixámos o Carreras conduzir duas vezes pelo espaço interior... Fresneda e Matheus? Têm treinado ali. Torna o jogo diferente. Estávamos a perder e, em vez de criarmos só desequilíbrios com o Maxi e o Quenda, tínhamos dois centrais que também são de corredor e podíamos criar superioridade. O Matheus e o Iván passaram mais vezes no corredor. Arriscámos um bocadinho mais".
O Sporting consegue a dobradinha. O que será preciso fazer para voltar a estar aqui nesta situação no próximo ano? Fez algo este ano que faria de forma diferente no próximo?
"No próximo é igual, fazê-los acreditar que são bicampeões. Vem aí uma época difícil, mas agora é aproveitar para descansar. Estes quatro meses foram bravos mentalmente, fisicamente também. É aproveitar o descanso. Na próxima época, assim pensaremos. Vai ser muito difícil, mas estamos num grande clube e da exigência todos sabemos. Mas, acima de tudo, existe um espírito de família. E deixar aqui uma palavra aos nossos adeptos, que foram mais uma vez incríveis. Têm a mesma alma que nós, a mesma confiança, o mesmo acreditar. Se calhar, há uns anos, éramos um grande clube mas os adeptos eram algo desacreditados em momentos como este, de finais. E hoje não. Vemos os adeptos a acreditar que vamos vencer, acreditam muito. E isso sente-se e passa para os jogadores, para nós. E nós passamos para eles. É um mérito de todos. Essa parte de falar da família Sporting, somos todos. Esse espírito está cimentado no clube cada vez mais e isso sente-se. E que assim continue. Não vamos ganhar sempre. Mas vamos ganhar muitas vezes".