Orlando Duarte: «Este foi o título mais saboroso»

O técnico prepara-se para trabalhar em exclusivo como seleccionador nacional, deixando de acumular as duas funções; na hora da despedida, admite que gostaria de voltar a trabalhar no clube de Alvalade

Orlando Duarte: «Este foi o título mais saboroso»
Orlando Duarte: «Este foi o título mais saboroso» • Foto: Fernando Ferreira

ORLANDO Duarte vai encerrar da melhor maneira um ciclo de nove anos como treinador do Sporting, em futsal. Quando ainda falta uma jornada para o campeonato terminar, o título de campeão já está conquistado, tendo, actualmente, nove pontos de vantagem sobre o Miramar, numa competição que lidera isolado desde a sétima jornada. Este foi o quinto campeonato nacional conseguido no reinado de Orlando Duarte.

– Que significado tem este triunfo na principal prova do calendário nacional?

– Tivemos muitos jogos em que ganhámos por um golo de diferença. Foram encontros equilibrados, ultrapassados com dificuldade, mérito e toda a justiça. Eu dizia, no início da época, que iria ser o campeonato mais equilibrado de sempre...

– E isso foi o que aconteceu nesta época?

– Mais equilibrado acabou por não ser, porque deixaram-nos ”fugir”. Mas mais competitivo foi, sem dúvida. Só que tivemos uma equipa a sério, que ultrapassou obstáculo após obstáculo. Agora, olhando para o calendário parece que foi fácil, mas isso não é verdade.

– O Sporting e o Miramar continuam a ser as principais potências do futsal, difíceis de contrariar?

– Talvez consigam, ao longo de trinta jornadas, ser os mais fortes. Mas há aí plantéis extremamente bons, só que não conseguem ser regulares; são capazes do melhor e do pior. Nós conseguimos andar numa bitola sempre elevada, e, não esquecendo a qualidade que temos, devemos correr mais e sermos agressivos.

– No futuro, podem aparecer outras ”forças” que lutem pelo título de campeão, como o Sporting e o Miramar?

– Se voltasse ao início do campeonato, não estava a dizer o mesmo. Havia cinco candidatos ao título de campeão nacional, nesta época.

– Não foi esta a primeira vez que se sagrou campeão nacional como treinador do Sporting. O êxito alcançado, nesta temporada, foi mais fácil do que os outros?

– Se calhar, foi o mais saboroso, porque já sabia, antecipadamente, que me ia embora. Ainda por cima – e não estou a dizer isto contra ninguém –, não éramos considerados favoritos. Diziam que tínhamos ficado mais fracos. Isso, se calhar, até foi bom. Apesar de entrarem uns e saído outros, temos um núcleo duro que joga junto há quase três anos.

– Por que razão abandona o Sporting?

– Ou optava pela Federação, ou pelo Sporting. Tinha que haver exclusividade, numa parte ou noutra, obviamente. O Sporting nem me pressionou assim tanto...

– Essa pressão é feita pela Federação Portuguesa de Futebol?

– Não. Essa intenção vem da parte dos clubes, dizendo que o seleccionador nacional deveria estar a tempo inteiro na Federação. A partir daí, a FPF decidiu este caminho.

– O que sente nesta hora de despedida do Sporting?

– Disse, num dia destes, que quando sair do emprego, o carro vem aqui ter. Foram nove anos, muitos dias e muitas horas. Saio com vontade de voltar. É um clube em que toda a gente gosta de estar.

"Benfica vai ser uma potência"

Orlando Duarte considera que o aparecimento do Benfica no futsal permite que nasça mais uma equipa a lutar pelo título de campeão nacional, na próxima temporada.

”Com o plantel que tem, vai ser uma potência e um dos candidatos a ganhar o título na próxima temporada, se for devidamente apoiado. Quando houver um encontro entre o Sporting e o Benfica, existirá sempre uma enorme rivalidade.”

O ex-técnico do Sporting admite que o Benfica contribuirá para a atracção de mais público aos recintos desportivos nacionais. ”Vamos ter mais espectadores nos jogos e ainda bem para a modalidade, apesar de vivermos numa cultura desportiva em que o mais importante é que o nosso clube ganhe, mesmo que jogue mal.”

Outra situação que Orlando Duarte defende, para o progresso da modalidade, é a redução de número de clubes, passando dos actuais dezasseis para doze, na I Divisão. No entanto, e depois de uma reunião dos clubes com o actual coordenador técnico nacional, o seleccionador indica que catorze deve ser a quantidade de equipas a participar naquela prova.

Nova missão na FPF

Orlando Duarte vai deixar de acumular os cargos de treinador do Sporting e de seleccionador nacional, mantendo-se, agora, nesta última função, que ocupa desde o ano passado. Antes, e a partir de 1994, era técnico nacional da Federação Portuguesa de Futebol, sendo Fernando Lopes, actual treinador do Portela, na II Divisão, o seleccionador nacional.

Luís Almeida, adjunto no Coimbrões, continua como principal auxiliar de Orlando Duarte, mas em ’part-time’.

”No próximo ano, não vamos ter competições oficiais na UEFA e na FIFA. Será um ano de transição. A partir do próximo dia 26, há um torneio, no Fundão, com o Brasil, Espanha, Portugal e a selecção nacional sub-23, onde estarão 28 jogadores em observação. Existirá, na próxima semana, um torneio de sub-14, na Covilhã. Vamos ver todos os jogos deste torneio, criando um grupo de mais de vinte jogadores que para o ano serão sub-15. Depois, na época seguinte, há as fases de qualificação para o Europeu e para o Mundial.”

O seleccionador mostra-se ambicioso, no início desta nova etapa. ”Não tenho espírito para perder. Quero sempre ganhar. Temos que criar condições para que os atletas disponham de uma carga de trabalho maior, de modo a que possam ombrear com os melhores.

Quem é quem

Nome: Orlando Francisco Alves Duarte.

Nascimento: 05/04/1957

Clubes como treinador: Atlético (88/89 a 91/92) e Sporting (92/93 a 2000/2001).

Outros cargos: seleccionador Nacional Universitário, desde 1992; Técnico Nacional da FPF, desde 1994 até 2000; Seleccionador nacional, desde 2000.

Principais títulos: Campeão da I Divisão da AF Lisboa (90/ 91 e 91/92); Campeão Nacional (92/93, 93/94, 94/95, 98/99 e 2000/2001.

Palmarés na FPF: selecção A – 6º no Campeonato da Europa, em 99, 3º no Mundial, em 2000; selecção universitária: 7º no Mundial, em 94; 4º nos Mundiais de 98 e 2000.

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