Duarte Gomes defende criação de entidade externa para arbitragem: «Vai dar às pessoas sensação de maior transparência»

No Portugal Football Summit, Artur Soares Dias também defendeu a mesma ideia

Duarte Gomes
Duarte Gomes • Foto: FPF

Os antigos árbitros internacionais Duarte Gomes e Artur Soares Dias defenderam esta sexta-feira a criação de uma entidade externa para a gestão profissional da arbitragem, que consideram um setor "mal pago" em Portugal.

"Acho que a criação desta entidade externa vai dar às pessoas uma sensação de maior transparência, porque vai retirá-la da Federação e logo da ideia de que a FPF, as associações e os clubes influenciam negativamente [a arbitragem]. É um caminho inevitável, portanto a questão agora é como é que vamos lá chegar", refletiu Duarte Gomes, durante o evento Portugal Football Summit, na Cidade do Futebol, em Oeiras.

Artur Soares Dias considera que a implementação desta entidade para a arbitragem é "seguramente o caminho", justificando que esse setor, como qualquer outro, deve ser gerido de uma forma "empresarial".

"Estou em crer que nas organizações existe um conjunto de direitos e obrigações dos seus colaboradores e das suas entidades e departamentos que fazem com que essa organização seja mais bem-sucedida. Não quero mais dizer que no Conselho de Arbitragem não haja essa organização, mas acredito que uma visão melhor e mais empresarial numa perspetiva de criação de procedimentos, de clareza do que deve ser feito e quais são as responsabilidades de cada um dos players", argumentou.

O antigo árbitro, de 46 anos e que concluiu a sua carreira em 2024, transmitiu ainda a sua visão de que os árbitros portugueses são "mal pagos", tendo em conta a incerteza na sua carreira e o risco de descer de escalão.

"Há quem ganhe 1.500 euros por jogo e digo: é bem pago. No entanto, no final de uma época, se eu fizer 10 ou 20 jogos o que, neste caso, serão 30.000 euros/ano, acho mal pago, ainda para mais se no ano seguinte descer de divisão, fruto de uma decisão menos bem conseguida, e depois não tenho o que fazer", analisou Soares Dias, atualmente diretor para as relações externas da FPF.

Duarte Gomes, de 52 anos e hoje Diretor Técnico Nacional para a arbitragem na FPF, afirmou perentoriamente que "a arbitragem profissional em Portugal não existe" e reconheceu que os árbitros de primeira categoria auferem mais que uma parte significativa dos jogadores das ligas profissionais portuguesa, o que não significa que sejam bem pagos.

"Estamos a falar de valores diferentes. Os árbitros de primeira divisão ganham mais que metade dos jogadores da I Liga e que 85% de todos os jogadores da II Liga, é preciso ser claro nisto. Agora, isto não quer dizer que sejam bem pagos e concordo com o Artur, porque se formos equiparar o que é exigido em termos pessoais e sobretudo em termos de consequência posterior, exposição, desgaste, mediatismo e até nas próprias famílias, a importância do que está em jogo e do que estes homens decidem, a exigência é muito grande", sustentou o antigo árbitro.

O Portugal Football Summit, organizado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), teve início na quarta-feira e decorrerá até sábado na Cidade do Futebol, em Oeiras, com o objetivo de discutir o futuro do desporto a nível nacional e mundial.

Por Lusa
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