Luciano Gonçalves: «Não faz sentido um árbitro ter de percorrer 10 anos de carreira para chegar à 1.ª Liga»

Presidente do Conselho de Arbitragem revelou alguns pontos do Plano Nacional para o setor, que será apresentado “dentro de 30 ou 60 dias”

Luciano Gonçalves em painel sobre arbitragem no Portugal Football Summit
Luciano Gonçalves em painel sobre arbitragem no Portugal Football Summit • Foto: FPF

O presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Luciano Gonçalves, revelou, esta quinta-feira, alguns pontos que vão integrar o Plano Nacional de Arbitragem (PNA), documento que está a ser preparado e será apresentado “dentro de 30 ou 60 dias”

“Infelizmente temos muita falta de árbitros para as nossas realidades. Há muito menos árbitros do que há 8 anos e número de jogos aumentou; a participação da arbitragem feminina ainda é muito baixa, tendo em conta a sua potencialidade; e o principal problema é taxa de abandono”, disse Luciano Gonçalves, numa apresentação durante um dos painéis sobre arbitragem do Portugal Football Summit 2025, evento promovido pela FPF que decorre até sábado na Cidade do Futebol e do qual Record é media partner.

“Todos os anos, mil a mil e duzentos jovens querem tirar curso todos os anos, mas taxa de retenção é muito curta e temos de tentar encontrar solução; outro é a violência, física e perceção errada da arbitragem. Queremos dar ferramentas e estruturar a arbitragem. Temos dos melhores agentes desportivos nas mais diversas áreas e na arbitragem não é diferente. Queremos que o PNA sirva para todos perceberem e saberem sobre arbitragem. Tudo de forma holística, com colaboração e envolvimento de todos”, acrescentou o responsável, enumerando em seguida alguns pontos em foco no PNA.

“Queremos focar na base e no profissionalismo. Quanto mais árbitros existem, melhores serão. Se alargarmos a base estarão mais bem preparados. Queremos também aumentar significativamente a participação feminina, pois há potencial e grandes árbitras. Se detetarmos um jovem com potencial nas categorias mais baixas, temos de potenciá-lo e haver uma progressão de carreira. Não faz sentido ter de percorrer 10 anos de carreira para chegar à 1ª Liga, enquanto uma licenciatura ou mestrado pode dar para chegar e ocupar cargos em grandes empresas. Queremos criar formas de não ter árbitros a fazer 6, 7 ou 8 jogos por fim de semana. Fazer o contrário, que quem seja arbitro, possa tirar uma licenciatura e fazer outras coisas. Estamos a perder pessoas que andam na arbitragem e chegam aos 45 anos e abandonam, não temos atividade nenhuma para eles. Investimos neles e são necessários. Depois, a excelência. Há que definir um programa de profissionalização de carreiras, temos de criar condições. Temos árbitros do futebol profissional, onde são todos, mas os assistentes têm de sair de manhã para ir para os jogos à tarde. A criação de uma entidade externa é objetivo. E queremos acompanhar a evolução tecnológica, no VAR e noutras áreas”, analisou Luciano Gonçalves.

“Os árbitros fazem parte do jogo. Queremos que as pessoas reconheçam a competência deles e este plano vai da base ao topo, chegando aos árbitros profissionais”, finalizou, numa intervenção realizada após o debate "O Futuro da Arbitragem: Perspetivas Nacionais e Internacionais", moderado por Duarte Gomes, diretor técnico nacional de arbitragem, com participação de Nathan Magill (FA, Inglaterra) e Fran Soto (RFEF, Espanha)

Por André Antunes Pereira
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