Conheça o perfil da jogadora portuguesa

Seleção Nacional continua a conseguir resultados muito positivos

• Foto: Ricardo Nascimento

A Seleção Nacional de futebol feminino voltou a surpreender pela positiva. As portuguesas conseguiram um lugar no pódio da Algarve Cup, terminando em 3º depois de uma vitória (2-0) histórica frente à Noruega, e falhando a presença na final por diferença de golos. Depois da estreia numa fase final de um Europeu, em 2017, é fácil concluir que a Seleção está no bom caminho, mas isso não significa que o futebol feminino em Portugal siga pela mesma estrada. Vai por uma paralela e algo lentamente.

Esta é a principal conclusão de um inquérito realizado no início da época por toda a Europa e apresentado ontem pelo Sindicado de Jogadores. No caso de Portugal, o resultado é surpreendente, revelando que ainda falta muito para o nosso futebol feminino estar ao nível das maiores potências.

Das 297 jogadoras da Liga Allianz que foram inquiridas só 140 deram respostas validadas e o resultado revela que mesmo numa Liga com equipas profissionais, casos do Sporting e o Sp. Braga, o nosso futebol é quase amador.

Começa pela diferença entre esses dois clubes e as restantes equipas pois 66% das jogadoras responderam que não recebem salário. Ou seja, continuam a estar no futebol pela paixão pelo jogo e algumas, além de não ganharem, ainda acabam por gastar dinheiro em transportes e equipamentos.

Apenas um terço das jogadoras que responderam recebem um salário, mas quando se olha para os valores é fácil perceber que mais de metade não poderia viver apenas do futebol. Quase 50% recebe menos de 100 euros por mês para representar o seu clube. Pode receber mais alguns extras, como um valor fixo para despesas de deslocação, mas até nos benefícios sociais 45% responderam que não têm nenhum.

Futebol para doutoras

Perante este cenário, é fácil compreender os resultados que levam ao abandono da carreira. Os principais motivos invocados são a oportunidade de trabalhar noutra área (43,8%), a vontade de constituírem família (37,2%) e as razões financeiras (24%). A justificação natural pois ter rendimento só em campo não chega...

Mónica Jorge traça um objetivo: «Equipas femininas em todos os clubes»

Para a dirigente e antiga selecionadora nacional, o importante nesta fase é a as portuguesas terem cada vez mais e melhores condições para jogar futebol. "O nosso maior foco na Federação neste momento é o número de praticantes, que está a aumentar, e queremos que assim continue, isso mostra o que é o futebol feminino em Portugal. Acredito que no futuro possamos ter muito mais jogadoras profissionais", antecipou.

O processo pode ser lento para pode tornar-se realidade. "O objetivo é ver equipas femininas em todos os clubes. Não digo que sejam todas profissionais, mas será um primeiro passo", rematou.

Carla Couto e o profissionalismo: «Ainda há um longo caminho a percorrer»

"Na próxima época, a entrada do Benfica vai proporcionar a mais jogadoras serem profissionais, mas é um caso isolado. Infelizmente, não vejo clubes como o Futebol Benfica ou o Estoril, que apostam no futebol feminino, com capacidade para formarem um plantel profissional", explicou.

A antiga avançada, recordista de presenças na Seleção Nacional, com 146 internacionalizações, elogia a vontade das jogadoras: "Vejo com muito agrado os bons resultados da Seleção. É tudo fruto de muito mérito, de trabalho e de dedicação. A Seleção melhorou muito porque, nos últimos anos, muitas portuguesas foram jogar para o estrangeiro, precisamente para terem o treino profissional que cá não era possível. Quando eu jogava, treinávamos três vezes por semana, havia muita dedicação, mas contra as outras seleções notava-se a diferença da preparação física."

Carla Couto acredita que o futebol feminino nacional vai continuar a evoluir: "As portuguesas têm talento, faltava a parte física, mas nos últimos anos encurtámos essa distância e a tendência será continuar."

Federação aponta número recorde

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) também não deixou passar em claro o Dia Mundial da Mulher, associando à data os recentes bons desempenhos das Seleções Nacionais de futebol feminino, designadamente o inédito 3º lugar alcançado, na quarta-feira, na Algarve Cup. A entidade federativa faz ainda uma referência ao número recorde de praticantes femininas de futebol e futsal inscritas na FPF (8.721), comparando este registo aos números de 1997 (2.407) e 2007 (5.911).

Por Miguel Amaro
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