Neste último período de preparação antes do apuramento para o Campeonato Mundial de futebol feminino, Portugal escolheu defrontar Holanda e Brasil. A opção foi óbvia para Francisco Neto, o selecionador, que na antevisão da partida frente às canarinhas, que se joga esta terça-feira, às 19h45, no Estádio Municipal de Aveiro, assumiu que é muito mais fácil “crescer na adversidade”.

“É na adversidade que se cresce. É precisamente isso a que nos propomos diariamente e foi isso que fizemos com estes jogos, acreditando sempre no talento e na coragem deste grupo de trabalho, com jogadoras que nos passam essa mensagem, que se sentem confortáveis no desconforto, e que percebem que assim têm mais possibilidades de melhorar para estar daqui a um ano a festejar o apuramento para o Mundial”.

Falando em adversidade, a lesão de Kika Nazareth foi, como não podia deixar de ser, tema de conversa. Francisco Neto lamenta a lesão da jogadora do Barcelona, assim como a “de outras que não puderam estar no estágio pelos mesmos motivos”, mas que Portugal “encontrará as melhores soluções” para defrontar o Brasil, uma das “melhores seleções do mundo”. “Não jogando a Kika, Portugal será naturalmente diferente. Podemos jogar ou com a Telma ou com a Jéssica, ou até com as duas ao mesmo tempo. O que importa, é que ninguém é réplica de ninguém, cada uma delas aporta coisas diferentes ao jogo”.

Quanto ao Brasil, o responsável técnico chama a atenção para a forma “distinta” como joga, com “marcação individual em todo o campo”, o que traz a Portugal – e ao selecionador – “desafios novos”, com aprendizagens diferentes: “vai ser um jogo de muitos duelos, e elas, apesar de terem perdido o último jogo contra a Noruega, têm sido dominadoras mesmo contra o adversárias fortes. Será um jogo de muito desgaste, porque terá muitos duelos individuais, a campo inteiro, que tornam o desafio muito interessante também para nós, para percebermos a melhor forma de conseguirmos contornar as dificuldades. E depois, sim, temos de capitalizar as oportunidades que criamos, porque equipas deste nível, permitem poucas possibilidades de sucesso”.

A felicidade de jogar em casa

Jéssica Silva foi a escolhida para falar em representação das jogadoras, o que não se estranha, uma vez que joga em casa. “Aqui estudei e vivi, aqui tenho um grupo de pessoas muito importantes na minha vida, que me ensinaram muito. Mas aqui, também, todo o grupo foi bem recebido, e certamente que se sente todo em casa. Vamos tentar aproveitar esse apoio para responder em campo”, explica.

A derrota, por 1-2, frente à Holanda não deixou “marca” no grupo, apenas a ambição de fazer mais e melhor, até porque, segundo Jéssica, o resultado podia e devia ter sido outro: “Criámos oportunidades mais do que suficientes para, pelo menos, termos conseguido o empate. Mas não fomos competentes na finalização."

Segue-se, então, o confronto com o Brasil, que mantém o grupo expectante e “muito entusiasmado”, não só pela “mais-valia do adversário”, mas sobretudo pela “forma como joga”. “É uma oportunidade única defrontar equipas com esta qualidade. Mas nós queremos mostrar o valor de Portugal, e vamos, com os nossos pontos fortes, tentar surpreender e contrariar o adversário, com o objetivo de termos o sucesso que desejamos e ganhar o jogo."

O apelo de Francisco Neto

“Espero que os adeptos venham desfrutar de um jogo único. Não temos muitas oportunidades de jogar contra equipas como o Brasil, que aportam sempre muita expetativa, e será um dia bonito para quem gosta de futebol feminino, ver um conjunto ótimo de jogadoras, e entre adeptos dos dois países, será, de certeza, uma boa festa.”